Cresce a pressão internacional pelo cessar-fogo em Gaza

Israel passará a ser responsabilizado por crimes de guerra, mas não deve aderir à trégua proposta pela ONU
Por João Mendes


Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, em ligação por telefone nesta quinta-feira (4) com Benjamin Netanyahu, premiê israelense, cobrou a adesão imediata de Israel à resolução da ONU de cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, aprovada em 25 de março. A ligação marca a subida no tom das cobranças por paz da comunidade internacional.

Nesta sexta-feira (5), as Nações Unidas também aumentaram a pressão, ao aprovarem, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, uma resolução que responsabilizará Israel por crimes de guerra e crimes contra a humanidade no conflito. A decisão veio após o assassinato de sete membros da ONG World Central Kitchen (WCK), que distribui ajuda alimentar em Gaza.

Apesar do cessar-fogo já ter sido aprovado, Israel não planeja aderir à proposta da ONU. Israel Katz, ministro das relações exteriores israelenses, disse, no mesmo dia da aprovação, que não interromperia a guerra. “Nós vamos destruir o Hamas e continuar a lutar até que o último dos reféns volte para casa”, declarou no X (antigo Twitter).

REPERCUSSÃO INTERNACIONAL

Nesta sexta-feira (5), em discurso que marca seis meses do início da guerra, António Guterres, secretário-geral da ONU, disse que a campanha militar de Israel trouxe “morte e destruições implacáveis” para os palestinos.

“Vidas estão destruídas. Respeito pelo direito internacional humanitário está em pedaços”, ele acrescentou.

Para Guterres, as mortes de civis são “incompreensíveis e completamente evitáveis”. Segundo ele, “nada pode justificar a punição coletiva sofrida pelo povo palestino”. Punição coletiva é considerada um crime de guerra, de acordo com a Convenção de Genebra de 1949.

CRISE HUMANITÁRIA

Em comunicado por vídeo, Netanyahu reconheceu que o exército de Israel foi o responsável pelo assassinato dos sete membros da ONG World Central Kitchen, ocorrida na última segunda-feira (1º). Segundo ele, “isso acontece em tempos de guerra”.

Os assassinados se juntam à extensa lista de vítimas civis do conflito na Faixa de Gaza, que já conta com mais de 33 mil palestinos, incluindo, no mínimo, 13 mil crianças e 1,1 mil israelenses. Os dados são da Al Jazeera, que atualiza os números de mortes ao vivo em seu site. Além destes, 196 agentes humanitários morreram.

Segundo relatório feito em conjunto pelo Banco Mundial e ONU, mais da metade dos habitantes da Faixa de Gaza está à beira da fome e toda a população sofre de insegurança alimentar e desnutrição.

Ainda de acordo com o relatório, o prejuízo causado pela destruição de infraestrutura é estimado em $ 18,5 bilhões, o equivalente a 97% do PIB combinado de Gaza e Cisjordânia em 2022.



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