Ortiz diz que Taubaté foi 'maltratada' e busca voltar à prefeitura para 'reestruturar' a cidade

Ex-prefeito faz duras críticas ao governo Saud e diz que garante que sua experiência é “a chave para reconstrução do município”

Por Miguel Santos e Nicollas Rufino (*)

Candidato do Rebublicanos à prefeitura de Taubaté, Ortiz Junior (Foto: Divulgação)


Candidato do Republicanos à prefeitura de Taubaté, Ortiz Júnior governou a cidade de 2013 a 2020 e agora tenta retornar ao palácio do Bom Conselho nestas eleições municipais. Em entrevista exclusiva a Agência JO Digital, da Unitau (Universidade de Taubaté), o ex-prefeito afirma que o povo taubateano viveu quatro anos de “desgoverno” com a atual gestão José Saud (PP) e que sua volta seria “a melhor opção para a população”, prometendo priorizar a saúde pública e reequilibrar a economia de Taubaté. Buscando chegar ao que seria seu terceiro mandato, Ortiz criticou o atual prefeito e afirmou a “má gestão financeira” do atual governante impactou a cidade. “Infelizmente, Taubaté foi muito maltratada nos últimos quatro anos. Veja que o atual prefeito tinha condições econômicas muito positivas para fazer um bom governo, mas não conseguiu fazer”. O candidato ressalta, ainda, a necessidade de ajustar as finanças e cortar gastos “supérfluos”, além de revisar contratos e contratações para tornar a gestão de Taubaté mais eficiente. Essas medidas, segundo ele, poderão otimizar os recursos, além de garantir uma administração mais enxuta e focada nos serviços essenciais para a população de Taubaté. Segundo pesquisa do IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) contratada pela TV Vanguarda e divulgada em setembro, o candidato liderava as pesquisas das intenções de voto com 41%. A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral sob NºSP-07559/2024 e divulgada depois desta entrevista. Novo mandato, novo partido e novas parcerias Ortiz viveu toda a sua carreira política até agora como filiado ao PSDB (Partido Social Democrata Brasileira), partido pelo qual foi eleito prefeito duas vezes. No entanto, em 2024, o candidato representa pela primeira vez o Republicanos, o que, segundo o próprio, aconteceu por meio de um convite do atual governador, Tarcísio de Freitas. Mesmo com Tarcísio se declarando neutro em eleições municipais que tiverem candidatos do PL (Partido Liberal) e Republicanos, caso de Taubaté, Ortiz afirma que terá todo o auxílio do governador para seu possível mandato. “A população sabe que, conosco, vai poder contar com o governador Tarcísio ajudando Taubaté”. O ex-prefeito também aponta que sua vice, Nina de Sá, é filiada ao PSD (Partido Social Democrata), mesmo partido do vice-governador, Felicio Ramuth, o que fortaleceria ainda mais a relação dos candidatos com a gestão estadual. Além disso, ele diz que sua relação com Nina na política é antiga e que ela soma à campanha com sua experiência enquanto apresentadora de rádio e, portanto, que conviveu de maneira próxima com as mazelas do povo taubateano. “Uma mulher que ouve, aprende e ensina.” Caso seja eleito, Ortiz iniciaria seu terceiro mandato, marca que somente seu pai, Bernardo Ortiz, alcançou na cidade – o ex-prefeito faleceu durante a reta final das eleições deste ano. Trazendo um discurso de direita, conservador e regionalista ao longo de toda a entrevista, o candidato sempre coloca em evidência que seus oito anos de governo caracterizam o seu diferencial diante dos demais concorrentes, além de enfatizar que voltou por “[...] amor por Taubaté. Minha vida inteira eu passei aqui. Nasci aqui, cresci aqui”. Prioridade: a saúde pública Ortiz afirma que “saúde é cuidar e salvar vidas”, e que, por isso, a maior prioridade de seu governo. Ele coloca o sistema de saúde municipal como um dos pontos mais importantes de sua campanha, afirmando que “Taubaté já teve um dos melhores sistemas do Brasil, mas que hoje está totalmente desestruturado”. O ex-prefeito ressalta que, se retornar ao cargo, tem planos de construir um novo hospital e uma nova UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Além disso, Ortiz destaca que o HMUT (Hospital Municipal Universitário de Taubaté), que foi municipalizado durante sua administração e é alvo de crítiacs dos adversários, desempenhou um “papel crucial” no combate à Covid-19 e que precisa se tornar mais inclusivo e colocar as necessidades da população como prioridade. A economia taubateana Em relação à economia da cidade, o candidato aponta que o problema da atual gestão foi ter “inchado a prefeitura com aliados”, pagando compromissos de campanha que esgotaram os cofres públicos e investindo menos do que poderia para os projetos de educação, segurança, meio ambiente e outas áreas. Para resolver os pontos que aponta como críticos, Ortiz diz que terá que “passar a prefeitura a limpo” a partir do primeiro dia de mandato. “Isso passa por diminuir a máquina pública, concentrando esforços nos serviços mais essenciais para a população”, diz. Lembrando de sua gestão, o ex-prefeito ressalta os números de aprovação em pesquisas. “Enfrentamos anos dificílimos, com crise econômica, sanitária e também moral no país. Mesmo assim, fizemos muito, tanto que terminei meu governo com mais de 70% de aprovação”. Trajetória profissional Ortiz Júnior busca retornar à prefeitura após quatro anos, embora sua carreira tenha começado bem antes de seu primeiro mandato como prefeito de Taubaté. O ex-prefeito é formado em Ciências Jurídicas e Sociais e detém o título de licenciatura plena em História e Geografia pela Unitau (Universidade de Taubaté), a qual afirma que pretende fortalecer em seu eventual novo mandato. Impulsionado pelo pai, em 2001 iniciou sua trajetória no serviço público como assessor jurídico na Prefeitura de Taubaté. Desde então, ocupou cargos políticos comissionados em outros municípios, até que, em 2013, foi eleito pela primeira vez para o cargo de prefeito da cidade – ele já havia sido candidato em 2008, sendo derrotado pelo ex-prefeito Roberto Peixoto. Após concluir dois mandatos como prefeito, Ortiz volta para a política em 2021 como Subsecretário de Assuntos Metropolitanos da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Governo do Estado de São Paulo, e, 2022, concorreu para a vaga de deputado estadual de São Paulo, obtendo mais de 65 mil votos e ficando como primeiro suplente do seu partido.


O ex-prefeito Ortiz durante sabatina na Universidade de Taubaté (Foto: Caíque Toledo)


Confira a entrevista completa e exclusiva com Ortiz Júnior:  

- Quais são suas prioridades no plano de governo?

“Saúde é cuidar e salvar vidas. Por isso, é a nossa maior prioridade. Tínhamos um dos melhores sistemas do Brasil, tanto que Taubaté foi a segunda cidade brasileira com menos mortes por Covid, e hoje ele está totalmente desestruturado. Esperas por atendimento que antes não excediam 30 dias hoje chegam a 4 meses. Vamos ter um novo hospital municipal. Além disso, vamos reforçar a segurança, já que nos últimos anos o taubateano voltou a viver com medo. Mais guardas municipais, armados, equipados e bem treinados, atuando em conjunto com a Polícia Militar. Temos o apoio do governador Tarcísio de Freitas para fazer e vamos fazer.”


- Qual é a sua avaliação sobre a atual gestão da prefeitura e o atual cenário da cidade?

“Infelizmente, Taubaté foi muito maltratada nos últimos quatro anos. Veja que o atual prefeito tinha condições econômicas muito positivas para fazer um bom governo, mas não conseguiu fazer. As condições atuais eram muito diferentes das que eu enfrentei nos meus 8 anos de mandato, quando houve a maior crise econômica da história da humanidade em um século, com a pandemia de Covid-19 em 2020, e a maior recessão da história do Brasil, em 2015 e 2016. Foram anos duríssimos.”

- Como foi o processo de escolha do vice?

“Eu e a Nina temos uma relação política antiga, desde quando disputei a prefeitura pela primeira vez, em 2008, pouco depois de ela ter escolhido Taubaté como lugar para viver. Ela soma à chapa a experiência de quem, como apresentadora de rádio, há 20 anos convive com os problemas do povo taubateano. Uma mulher que ouve, aprende e ensina. É esta sensibilidade que ela levará para nosso governo, se os eleitores nos derem seu voto e a chance de recuperar nossa cidade mais uma vez.”

- A saúde é uma das maiores necessidades da população e em Taubaté há questões a serem resolvidas também no HMUT, por exemplo. Quais são as prioridades do seu plano de governo para essa área?

“Como disse na primeira resposta, esta é hoje a maior reclamação do taubateano, expressa em seguidas pesquisas de opinião. Nossa missão será recuperar o sistema bastante bem estruturado que tínhamos na cidade até 2020 e que foi destroçado pela atual gestão. No meu governo, fizemos 4 UPAs, a municipalização do HMUT, que foi fundamental para salvar vidas na pandemia, e trouxemos o AME e o Lucy Montoro. Agora, vamos construir o novo hospital, uma nova UPA na parte alta e reduzir as filas por consultas e exames. Doença não tem hora. Então, temos que ter saúde funcionando bem todos os dias, 24h por dia.”

 

- Como avalia a importância da Universidade de Taubaté para o desenvolvimento do município e qual o papel pretende que ela tenha em sua eventual gestão?

“A Unitau é um dos maiores orgulhos da cidade. Ela atrai e forma talentos que vão servir a comunidade taubateana. A Unitau tornou-se praticamente uma grife da nossa cidade, que agora está presente também em Caraguá. Sou totalmente contrário a federalizar a nossa universidade, como alguns propõem. Quero a Unitau ainda mais forte, por exemplo trazendo uma residência médica para atrairmos ainda mais médicos para nossa cidade e para servir a nossa população.

- O senhor foi prefeito de Taubaté entre 2013 e 2020, e agora tenta voltar ao cargo. Quais você considera que foram os principais erros e acertos em suas gestões?

“Governar não depende apenas das nossas intenções, por melhores que sejam. Depende, como tudo na vida, das circunstâncias. Enfrentamos anos dificílimos, com crise econômica, sanitária e também moral no país. Mesmo assim, fizemos muito, tanto que terminei meu governo com mais de 70% de aprovação. Considero que meus maiores acertos foram preparar Taubaté para dar um salto adiante, com o maior conjunto de obras da história da nossa cidade. Demos a Taubaté tratamento à altura do que Taubaté merecia, e não vinha fazia tempo. E um erro da nossa gestão foi não ter conseguido fazer tudo o que gostaríamos. É por isso que quero ser prefeito novamente: para completar o que não deu tempo de fazer naqueles 8 anos.”

- Após deixar a prefeitura, o senhor foi candidato a deputado estadual e também atuou no governo do Estado, na secretaria de Desenvolvimento Regional. Agora, tenta retornar para um terceiro mandato, o que significaria alcançar a mesma marca do seu pai. Qual sua motivação para tentar voltar à prefeitura e como essas demais experiências podem contribuir para um eventual novo mandato?

“Amor por Taubaté. Minha vida inteira eu passei aqui. Nasci aqui, cresci aqui, me formei em Ciências Jurídicas e Sociais e fiz licenciatura plena em História e Geografia, ambos pela nossa Unitau . Casei e tive duas filhas. Tudo aqui. Tenho um caso de amor por esta cidade. Depois dos oito anos na prefeitura, fui subsecretário da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Regional, lá em São Paulo. Cuidava da área de assuntos metropolitanos, ou seja, dos grandes problemas que afetam as metrópoles, as maiores cidades. Considero que essa experiência é o que Taubaté precisa agora para reconstruirmos a nossa cidade e tirá-la da triste condição em que se encontra, depois de quatro anos de abandono e desgoverno.”

- Taubaté é uma cidade tradicionalmente conservadora e temos, contando com o senhor, quatro candidatos mais alinhados à direita. Que estratégias você planeja usar para se destacar entre eles e conquistar os eleitores?

“Minha trajetória de vida, minhas realizações na vida pública, sobretudo nos meus oito anos de governo, e os princípios e valores que eu e minha família sempre defendemos. De todos os seis candidatos, só eu tenho isso a mostrar. Só eu tenho o que Taubaté realmente precisa neste momento tão difícil. O amor por Taubaté está no nosso sangue, com a fé de que, num novo mandato, poderemos fazer ainda mais por nossa cidade. Eu aprendi isso com meu pai, que também governou a cidade e dedicou toda a sua vida a Taubaté.”

- Para a atual eleição o senhor deixou o PSDB, partido em que o senhor foi eleito duas vezes prefeito, e rumou para o Republicanos, dizendo, inclusive, que filiou-se a pedido do governador Tarcísio. Ele, porém, já afirmou que se manterá neutro nas eleições em cidades que possuem candidatos do Republicanos e do PL, partido de Bolsonaro, como é o caso de Taubaté. Como são os diálogos com o governador? O senhor realmente não terá a figura dele nesse momento, e qual acredita ser o impacto dessa decisão na campanha?

“Eu e o governador Tarcísio de Freitas somos filiados ao mesmo partido, o Republicanos. Somos aliados na política e parceiros no amor por nossa cidade. Minha vice, a Nina, é do mesmo partido do vice-governador, o Felicio Ramuth, um grande amigo de Taubaté. São condições importantes para quem quer fazer um bom governo e promover benefícios para a população. Teremos do governador o auxílio necessário para fazer o que Taubaté mais precisa neste momento: nosso novo hospital, a fábrica de cultura e economia criativa para os jovens, mais moradias para baixa renda e mais policiais para dar mais segurança nas ruas. É fundamental ter a experiência para fazer acontecer e nós temos. A população sabe que, conosco, vai poder contar com o governador Tarcísio ajudando Taubaté.”

- Um dos temas do seu plano de governo é reequilibrar as contas do município, cortando gastos desnecessários e diminuindo a máquina pública. Caso seja eleito, você acredita que encontrará o orçamento público empenhado de maneira muito diferente do que deixou quatro anos atrás? Quais seriam suas primeiras medidas práticas nesse sentido?

“O grande equívoco da atual gestão foi ter inchado a prefeitura com aliados. Pagaram compromissos de campanha nomeando quase 500 pessoas que custam R$ 200 milhões por ano a mais para os cofres públicos. Resultado: não sobrou dinheiro para a saúde, para a segurança, para educação, para o meio ambiente. Então, vamos ter que passar a prefeitura a limpo a partir do primeiro dia de mandato. Isso passa por diminuir a máquina pública, concentrando esforços nos serviços mais essenciais para a população; reequilibrar as contas do município, reduzindo o endividamento e ampliando a capacidade de investimento; acabar com desperdícios e cortar gastos supérfluos e desnecessários; revisar e renegociar contratos e convênios vigentes, repactuando termos e/ou buscando fornecedores mais competitivos; e rever as contratações de comissionados feitas desde 2021, de forma a desinchar a máquina da prefeitura de Taubaté.”


(*) Sob supervisão e edição do prof. es. Caíque Toledo