Quatro anos após chegar no segundo turno da eleição para prefeita, candidata do Solidariedade vê cidade com necessidades em temas como saúde, economia, educação e segurança
Por Aline Monte Sião e Mayara Abreu (*)
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A candidata à prefeitura de Taubaté pelo Solidariedade, Loreny (Foto: Caíque Toledo) |
Em sua segunda tentativa seguida de se eleger como prefeita de Taubaté, Loreny (Solidariedade) promete trazer novas perspectivas para a administração municipal, que, segundo ela “precisa com urgência de uma gestão profissional e capacitada” para “arrumar a casa” e retomar os investimentos, principalmente, na área da saúde”.
Por Taubaté nunca ter sido governado por uma mulher, a candidata afirma que um dos seus maiores desafios se tornou não poder errar em sua campanha. “Qualquer erro toma uma proporção desigual, se comparado aos erros que meus colegas homens cometem”, afirma. Com experiência na política como vereadora e tendo assumido este ano como deputada federal, Loreny afirma estar preparada para governar a cidade. “Eu sei muito bem como a gestão pública funciona, o que funciona e o que podemos replicar em Taubaté”.
Se posicionando como uma política de centro, “nem de esquerda e nem de direita”, Loreny ressalta seus planos para revitalização urbana, inovação tecnológica, sustentabilidade e melhorias na saúde da cidade. Durante a a corrida eleitoral, um conjunto de propostas que objetivam revitalizar Taubaté tomou forma nos posicionamentos midiáticos da política. “Nossa meta é fazer com que Taubaté dê um salto de desenvolvimento, usando o planejamento e o olhar para o futuro”, ressalta a candidata.
O panorama das eleições à prefeitura de Taubaté, de acordo com resultados de uma pesquisa realizada nos dias 24 a 26 de agosto pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), contratada pela TV Vanguarda, mostra que Loreny possui 17% das intenções de votos dos taubateanos, menos da metade que o candidato Ortiz Junior, com 41%, e empatada dentro da margem de erro com a candidata Márcia do PL, que obteve 14%, em briga direta pelo segundo turno. A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral sob NºSP-07559/2024 e divulgada depois das respostas da candidata nesta entrevista.
A saúde pública em Taubaté
O plano de governo da candidata tenta equacionar os problemas financeiros do município com a saúde dos taubateanos. Loreny afirma que a falta de planejamento e de gestão nos últimos tempos afetaram a população de forma significativa, e que a solução seria unir a área pública e privada da saúde. “Queremos ter novamente um hospital universitário forte, recuperando sua capacidade de atendimento, além de parcerias com clínicas particulares, com o objetivo de zerar a fila da saúde em Taubaté.”
A candidata ainda propõe ofertar um atendimento humanizado, com programas focados na área. “Teremos programas como ‘Médico em Casa’, o qual objetiva fortalecer o acompanhamento clínico por um médico da família, além do ‘Remédio em Casa’ para pessoas que sofrem de doenças crônicas e do ‘Poupatempo da Saúde da Mulher’, para exames e resultados rápidos”.
Educação e Segurança Pública
Os setores educacionais e culturais também fazem parte das propostas. No discurso documentado no plano de governo, Loreny se compromete a envolver um orçamento de R$ 2,6 bilhões na área, dispondo-se a dividir essa verba em diversos segmentos.
A candidata acredita na importância das universidades taubateanas e na permanência dos profissionais formados no município. “Ter uma universidade de qualidade é um recurso importantíssimo, pois gera profissionais qualificados que fazem a nossa economia prosperar. É importante que o município se torne atraente o suficiente para que esses profissionais possam ficar na cidade”, afirma.
Ela ainda acredita que a segurança dos cidadãos é fundamental para a construção e manutenção da paz em uma sociedade e promete que seu foco será em “preservar a integridade física das pessoas e do patrimônio que elas construíram”. A proposta também abrange a atuação no combate às drogas nos espaços públicos.
Experiências profissionais
Formada em Gestão de Políticas Públicas pela USP (Universidade de São Paulo) e pós-graduada em Controle da Gestão Pública Municipal pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Loreny, aos 33 anos, também foi vereadora de Taubaté entre 2017 e 2020, e ficou em segundo lugar na disputa pelo Poder Executivo da cidade em 2020, sendo superada pelo atual prefeito José Saud (PP) no segundo turno.
Nas eleições de 2022 foi eleita suplente de deputada federal, tendo assumido o cargo em meados de 2024. A candidata é embaixadora do Politize e líder do Vamos Juntas, instituto que objetiva incluir mais mulheres na política. Na eleição deste ano, seu vice é o médico Dr Oscar.
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A candidata Loreny durante campanha para a prefeitura (Foto: Divulgação) |
Confira a entrevista completa e exclusiva com Loreny:
- Quais são suas prioridades no plano de governo?
“Nosso plano de governo foi construído ouvindo e participando ativamente das necessidades, conhecendo e sentindo na pele os problemas apresentados pelos taubateanos e taubateanas todos os dias, na rua, porque vivemos nessa cidade de verdade.
Com foco nas pessoas, trazemos propostas para um futuro sustentável para Taubaté se desenvolver e manter o orgulho que a cidade tem do seu passado, mas evoluindo, para não ficar só com sua grandeza nos livros de história. Precisamos com urgência de uma gestão profissional e capacitada para ‘arrumar a casa’ e retomar os investimentos, principalmente, na área da saúde, que é uma de nossas prioridades: saúde mais que tudo! E falamos nisso tanto no sentido da saúde financeira do município, equilibrando as contas e as dívidas deixadas pelo ex-prefeito, quanto para o serviço de saúde disponível para o cidadão.
Temos um plano que irá zerar as filas de espera e vamos usar a tecnologia para modernizar e facilitar o acesso a consultas e exames. Nossa meta é fazer com que Taubaté dê um salto de desenvolvimento, usando o planejamento e o olhar para o futuro.
Para melhorar a vida da população, vamos fomentar a cultura e lazer, incentivando a economia local e gerando riqueza para o município. Iremos garantir a segurança da população taubateana e uma educação de qualidade para nossas crianças e jovens. Nós temos um plano para gerar uma transformação eficiente e duradoura em Taubaté.”
- Qual sua avaliação sobre a atual gestão da prefeitura e o atual cenário da cidade?
“O atual prefeito assumiu a cidade já com uma condição financeira muito prejudicada pela dívida deixada pela gestão do Ortiz Junior. Isso, junto com o desconhecimento sobre gestão pública do atual prefeito, foi a combinação que fez chegarmos nesse ponto em que estamos: uma cidade que está parada no tempo, sem os mínimos cuidados de zeladoria, com pessoas ficando anos em fila de espera para uma consulta. Temos hoje um êxodo dos jovens de Taubaté e isso é um sintoma muito grave de como a cidade deixou de ter perspectiva de futuro.”
- Como foi o processo de escolha do vice?
“Como disse, nossa prioridade é a saúde do povo de Taubaté e, quem melhor do que um médico competente e respeitado para me acompanhar nessa missão? O Dr. Oscar é uma pessoa muito querida que aceitou embarcar com a gente nessa eleição e ele tem contribuído muito para nossa proposta de fazer mais pela saúde de Taubaté.”
- A saúde é uma das maiores necessidades da população e em Taubaté há questões a serem resolvidas também no HMUT, por exemplo. Quais são as prioridades do seu plano de governo para essa área?
“Queremos fortalecer o pilar da prevenção em saúde, reduzindo a pressão nas emergências de saúde. Teremos programas como ‘Médico em casa’, fortalecendo o acompanhamento por um médico da família; ‘Remédio em casa’ para pessoas que sofrem de doenças crônicas; além do Poupatempo da Saúde da Mulher, para exames e resultados rápidos.
Também temos como prioridade a modernização do nosso sistema de saúde, facilitando os agendamentos, uso da telemedicina em retornos, por exemplo, que são ações relativamente simples que podem melhorar muito a situação atual. Queremos ter novamente um hospital universitário forte, recuperando sua capacidade de atendimento, além de parcerias com clínicas particulares, com o objetivo de zerar a fila da saúde em Taubaté.
- Como avalia a importância da Universidade de Taubaté para o desenvolvimento do município e qual o papel pretende que ela tenha em sua eventual gestão?
“A Unitau é de extrema importância para toda a nossa região do Vale do Paraíba. Ter uma universidade de qualidade é um recurso importantíssimo, pois gera profissionais qualificados que fazem a nossa economia prosperar. É importante que o município se torne atraente o suficiente para que esses profissionais queiram ficar na cidade. Nos meus meses como deputada federal, fiz a proposta para federalização da Unitau, com o objetivo de recuperar a força da nossa universidade, ampliando a oferta de cursos e sendo mais acessível para as pessoas. Durante minha gestão quero dar continuidade e trabalhar para fortalecer novamente nossa Universidade de Taubaté.”
- A senhora foi vereadora, candidata à prefeitura, e, mais recentemente, assumiu como deputada federal. Como essas experiências contribuem para seu atual momento em relação à política?
“Eu sei muito bem como a gestão pública funciona! Eu sei o que funciona e o que podemos replicar em Taubaté. Me formei e me especializei nisso e, ao atuar no setor público durante minha carreira, pude também construir uma rede de parceiros que podem ajudar a tornar Taubaté melhor.”
- Quatro anos atrás, a senhora chegou ao segundo turno da eleição municipal. Quais acertos e erros enxerga na última campanha para manter/corrigir no atual pleito?
“Olhando para trás, eu diria para a Loreny de 2020 falar um pouco menos: escutar mais e saber identificar melhor os momentos em que devo me posicionar e os momentos em que devo me preservar. O amadurecimento que passei nesses quatro anos se reflete na forma como tenho me posicionado nessa campanha.
Sobre acertos, acho que o principal é ouvir as pessoas e conhecer profundamente os problemas e as riquezas dessa cidade, vivendo na pele a realidade. Minha vida política sempre foi muito ancorada em estar próxima da população e dar voz para suas demandas, como fiz no meu mandato de vereadora, por exemplo, com meu gabinete itinerante. Nessa campanha criamos o nosso comitê itinerante porque nada é mais valioso do que entender em primeira mão o que a população quer para Taubaté.”
- Taubaté nunca foi governada por uma mulher, nesse pleito são somente duas mulheres na disputa, e a senhora inclusive, logo no início da campanha, foi vítima de uma ação criminosa machista, recebendo apoio dos outros candidatos. Quais são os maiores desafios que a senhora enfrenta como mulher na política, como essas experiências moldaram sua abordagem atual e como pretende trabalhar em prol da igualdade de gênero?
“Para além do número absurdo de mentiras que espalham sobre mim, envolvendo inclusive imagens manipuladas digitalmente, o nível de análise e escrutínio público em tudo que eu faço é muito maior do que para qualquer oponente homem. E isso faz com que um dos meus maiores desafios seja não poder errar, pois qualquer erro meu toma uma proporção desigual, se comparado aos erros que meus colegas homens cometem.
Eu aprendi muito e amadureci nos últimos anos, sendo mais centrada nas discussões e não caindo em armadilhas que faziam para que eu falasse algo que, posteriormente, seria tirado de contexto e fariam montagem para me difamar. Hoje sei muito melhor o que falar, como falar e quando falar.
No meu plano de governo temos algumas propostas que irão impactar diretamente a vida da mulher e mãe taubateana: como ‘Creche para todos’, possibilitando que essa mulher possa retornar ao mercado de trabalho, se esse for seu desejo. Iremos ter um foco bem grande na saúde da mulher, como nosso Poupatempo da Saúde da Mulher, focado em prevenção.
O empreendedorismo feminino, tão importante, terá apoio qualificado da prefeitura, inclusive favorecendo a exportação de produtos artesanais, por exemplo, trazendo mais prosperidade e independência financeira para essas mulheres.”
- A senhora emergiu em sua primeira eleição destacando pautas mais voltadas ao campo progressista, e com o tempo se declara como uma política "nem de esquerda e nem de direita, mas de centro". Qual o desafio de convencer o eleitorado de direita sem perder o apoio da esquerda e, ao mesmo tempo, mantendo seus compromissos com seus ideais?
“Se você analisar meus feitos ao longo da minha vida política, verá que eu sempre fui uma política de centro. Hoje temos uma visão distorcida do espectro político, em que qualquer visão um pouco mais progressista já te coloca como um político de esquerda. Porém, isso não é a realidade. Eu sempre fui a favor da liberdade econômica, mas com ações que garantam a justiça social.”
- Outros candidatos que se identificam como políticos de esquerda ou direita utilizam figuras políticas de peso no cenário nacional para suas campanhas. Em um momento tão polarizado no país, acredita que isso pode influenciar na corrida eleitoral? Caso eleita, como pretende que seja seu diálogo com os governos estadual e federal?
“Acho que figuras de peso podem sim influenciar a corrida eleitoral, mas quando falamos de municípios, acredito que a influência é mais limitada. Eu tenho um bom relacionamento com nosso vice-presidente, o Dr. Geraldo Alckmin, além do nosso ministro [do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte] Márcio França, facilitando meu diálogo com a esfera federal para trazer soluções para Taubaté.
Enquanto deputada federal, inclusive, tive reuniões com a ministra [do Planejamento e Orçamento] Simone Tebet sobre a dívida milionária que Taubaté tem hoje. Na esfera estadual também tenho um bom relacionamento com o governador Tarcísio e isso mostra muito a política que eu acredito, que é a política do diálogo, do respeito. Eu vou atuar sempre para o melhor de Taubaté, e vou buscar no governo estadual e federal, soluções para melhorar a vida das pessoas aqui.”
- Em seu plano de governo, a senhora fala bastante sobre os gastos do município. Como planeja colocar em prática suas propostas ao mesmo tempo em que equilibra as contas públicas sem comprometer os serviços essenciais, e evitar um déficit fiscal?
“Na última década a falta de planejamento e gestão das finanças do município adoeceram não apenas os cofres da nossa cidade, mas também a nossa gente. Ano após ano o orçamento foi superestimado, para maquiar as promessas que nunca foram cumpridas, levando a um descontrole das contas públicas e, consequentemente, o comprometimento dos serviços públicos ofertados para os munícipes, em especial, os atendimentos na área da saúde.
Minha especialização em gestão pública é justamente o orçamento público. Eu analiso as contas de Taubaté detalhadamente há anos e vejo muitos espaços para ganhar eficiência, como a melhor gestão de contratos e contrapartidas. Além disso, temos um plano para aumentar a receita do município, a partir da geração de emprego e riqueza em Taubaté. Assim, podemos liberar oportunidades de investimento com responsabilidade fiscal. Inclusive, no meu plano de governo eu já coloco uma estimativa de orçamento para cada um dos eixos prioritários. Proposta só é cumprida se tiver orçamento atrelado a ela!”.
(*) Sob supervisão e edição do prof. es. Caíque Toledo