Eleito prefeito de Taubaté em 2020, candidato diz que dívida atrapalhou andamento do governo e relativiza índices de rejeição: 'falhamos em não comunicar às pessoas tudo o que estávamos fazendo'
Por Isabella Bilard e Rafa Bitencourt (*)
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O prefeito de Taubaté, José Saud, candidato à reeleição pelo PP (Foto: Caíque Toledo) |
Em busca da reeleição, o atual prefeito de Taubaté, José Saud (PP), afirma que seu maior erro no primeiro mandato foi a falta de clareza sobre a situação da prefeitura ao assumir o cargo. O chefe do Executivo também diz ter cumprido mais de 90% do seu plano de governo durante seu primeiro mandato, índice que causou polêmica e é criticado por adversários políticos.
Na eleição de 2020, o prefeito definiu suas metas em quatro eixos: crescimento econômico, progresso social, sustentabilidade e incentivo à participação democrática. Para sua tentativa de reeleição, Saud planeja adotar novas estratégias, com foco no desenvolvimento econômico, social, urbano e institucional de Taubaté. “Em resumo, nosso governo foi de reconstrução. Hoje, com a casa em ordem, podemos fazer e vamos fazer muito mais”, afirma.
Anteriormente à divulgação de pesquisa feita pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) e publicada pela TV Vanguarda (o levantamento indicava o prefeito com rejeição de 56% e que 82% da população desaprovava sua administração), Saud já havia relacionado a alta taxa de desaprovação à falta de clareza na comunicação com a população sobre os desafios enfrentados, especialmente durante a pandemia, em entrevista ao jornal OVALE no ano passado.
O levantamento divulgado pela Vanguarda atual ouviu 800 eleitores em Taubaté, entre os dias 24 e 26 de agosto, e mostrou a avaliação da população sobre a administração do atual representante do município: 12% dos entrevistados disseram ser favoráveis à gestão atual, 82% contrários a ela e 6% não souberam responder. A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral sob NºSP-07559/2024 e divulgada depois das respostas do candidato a esta entrevista.
“Nós assumimos [a gestão da cidade] numa crise imensa: com pandemia, fábricas fechando, desemprego, e a Prefeitura praticamente falida em razão de todas as dívidas deixadas pelo meu antecessor [o ex-prefeito Ortiz Junior]. Trabalhamos muito para colocar a casa em ordem. Infelizmente, falhamos em não comunicar às pessoas tudo o que estávamos fazendo. Isso se reflete nos números”, ressalta o político, em entrevista exclusiva à Agência JO Digital, da Unitau (Universidade de Taubaté).
Propostas e plano de governo
O atual prefeito acredita que, por estar no cargo, possui hoje mais experiência do que em 2016 e 2020, anos em que concorreu à administração do município. Ele considera que o conhecimento adquirido sobre o funcionamento da Prefeitura - como ela impacta a vida da comunidade e se mostra necessária - contribui e pode influenciar uma possível reeleição.
Além disso, Saud afirma que grande parte do seu plano de governo registrado em 2020, indicando um índice de mais de 90%. O candidato também destaca que atuou em diversas frentes e projetos que não estavam inicialmente previstos e que surgiram em resposta à dinâmica da cidade.
“Conseguimos cumprir cerca de 93% do nosso plano de governo, registrado em 2020 junto à Justiça Eleitoral. E olha que, além do Plano, atuamos em diversas frentes e projetos que não estavam nele. Acho que avançamos muito. Mas, exigente que sou, sei que podemos e vamos avançar muito mais”, afirma o chefe do Executivo de Taubaté.
Contudo, o político apresentou dados polêmicos diante do tema. Segundo uma matéria publicada pelo jornal OVALE, o plano de governo do José Saud em 2020 , registrado em 2020, possui propostas genéricas e não inclui promessas de campanhas relevantes feitas durante propaganda política, como a implantação da segunda unidade do Centro de Controle de Zoonoses e a construção do Hospital da Criança. Além disso, ao alegar que 93% do plano foi cumprido, muitos compromissos teriam sido avaliados pelo governo como concluídos, mesmo que não tenham sido realizados ou executados parcialmente. Em resposta, o prefeito afirma que se baseia no plano de governo publicado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Saúde e educação
Um dos tópicos mais relevantes de seu governo foi a interrupção parcial dos atendimentos do HMUT (Hospital Municipal Universitário de Taubaté), devido à falta de repasse financeiro da prefeitura para a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), antiga administradora do Hospital. As dívidas acumuladas pela gestão chegaram a R$ 30 milhões, forçando a Prefeitura a buscar ajuda financeira dos governos estadual e federal. O tema é alvo de polêmica, já que, durante a gestão de Ortiz, em 2017, o hospital foi municipalizado.
Ao responder sobre o tema, José Saud afirma que a crise foi, em parte, resolvida. “A curto prazo, substituímos a OS [Organização Social] que administrava o hospital e que não atendia às exigências e necessidades da Prefeitura e da população de Taubaté. A nova gestão da OS vai retomar 100% o funcionamento do HMUT, o que é essencial para a cidade”, ressalta o prefeito.
Se reeleito, Saud propõe a ampliação da UTI (Unidade de Terapia Intensiva), Pré-Natal a médio prazo, reformas nas estruturas do hospital e a transferência integral da gestão do HMUT para o Estado, novamente. Segundo o prefeito, essa medida liberaria R$ 40 milhões para a Prefeitura aplicar no atendimento à saúde de Taubaté.
Oferecido pela Prefeitura, concedendo bolsas de estudo para alunos da Unitau (Universidade de Taubaté) e de outros cursos de graduação e técnico profissionalizantes, o Simube (Sistema Municipal de Bolsas de Estudo) também é destacado pelo prefeito, que afirma valorizar as parcerias entre a esfera pública e as instituições de ensino taubateanas.
“Além de ser motivo de muito orgulho para todos nós, a Unitau é uma grande parceira no trabalho em benefício da cidade. Ela está conosco quando falamos das bolsas do Simube, oferecendo monitores para o Ensino Integral e para as creches”, completa o político.
Parcerias políticas
Eleito prefeito em 2020 após vencer a hoje novamente adversária Loreny (Solidariedade, Saud também já havia tentado a prefeitura em 2016, quando a vitória ficou com o também hoje adversário Ortiz Júnior (Republicanos). O prefeito afirmou que, depois de ser eleito pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro) como um político conservador de centro-direita, não se sentiu mais alinhado com as novas diretrizes do partido. Ao se filiar ao Progressistas, diz ter encontrado uma linha de ação mais compatível com seus valores e com a forma como entende a política.
Além de buscar a renovação partidária, José Saud traz Hannah Kosloski, atleta, estudante e bolsista do Simube como candidata à vice-prefeitura. De acordo com o prefeito, a escolha de Hannah foi uma decisão estratégica, baseada em seu dinamismo, energia e firmes convicções. “Sua energia ao lado da nossa experiência é a soma ideal para Taubaté, tenha certeza! Ela terá grande atuação no nosso governo, lado a lado comigo”, enfatiza o atual prefeito da cidade.
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Saud em seu gabinete no Palácio do Bom Conselho (Foto: Divulgação) |
Confira a entrevista completa e exclusiva com José Saud:
- Quais são suas prioridades no plano de governo?
“A prioridade número 1 do meu Plano de Governo, para um segundo mandato, é a mesma que norteou meu mandato até aqui: cuidar das pessoas. Foi isso o que fizemos desde o início, em plena pandemia, investindo na saúde, entregando uniforme escolar completo para todos os nossos alunos, distribuindo alimentos, gerando mais de 12 mil empregos em três anos e meio.
No segundo mandato, esse investimento em pessoas vai continuar, seja por meio da ‘Cidade da Criança’, um amplo complexo voltado à Educação em todas as idades, que já está sendo iniciado; seja por meio do programa ‘Você Decide’, pelo qual a população vai decidir onde serão investidos os recursos do Orçamento do Município.
Hoje, com as contas equilibradas, isso é possível. Assim como é possível ampliar o investimento na área da Saúde, construindo novas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), tornando mais fácil o acesso aos medicamentos, tornando a vida do taubateano cada vez melhor. Você já leu nosso Plano de Governo? Vale a pena.”
- Qual é a sua avaliação sobre sua atual gestão e o atual cenário da cidade?
“Esta pergunta merece uma resposta detalhada. Eu assumi a Prefeitura com R$ 2,5 milhões em caixa e uma dívida de curto prazo de mais de R$ 230 milhões. Além disso, havia outras dívidas de médio e longo prazo. No total dava, mais ou menos, R$ 650 milhões. Ah, e tinha o CAF [Banco de Desenvolvimento da América Latina], você já ouviu falar dele, com certeza: um empréstimo em dólar, feito no governo anterior, para pagar a curto prazo. Somando tudo dava mais de R$ 1 bilhão. Imagine, valor igual ao Orçamento de um ano inteiro. Em outras palavras, a Prefeitura estava falida. Isso impactou, e muito, nosso governo. Veja bem, não recebi um cobertor curto. Recebi um fio.
A solução foi renegociar dívidas, uma a uma, e colocar dinheiro para circular na cidade. Como? É simples: aumentei o salário dos servidores; criei o ‘Cartão Mesa Taubaté’, no lugar da cesta básica, trazendo dignidade para quem compra e injetando dinheiro no comércio; trabalhei para manter as nossas empresas abertas e atrair muitas outras, como a CSN/Prada e a EVE, subsidiária da Embraer, que fabrica o chamado ‘carro voador’. Foi duro, mas deu certo.
Dos R$ 650 milhões em dívidas que herdamos, já pagamos 95%, sem gerar novas dívidas, e batemos recorde em cima de recorde em geração de emprego. Em resumo, nosso governo foi de reconstrução. Hoje, com a casa em ordem, podemos fazer e vamos fazer muito mais.”
- Como foi o processo de escolha da vice?
“Havia diversas pessoas qualificadas em nosso grupo que poderiam estar como vice em nossa chapa e a escolha recaiu sobre Hannah Kosloski, em razão do seu dinamismo, sua energia, suas convicções bastante firmes para uma jovem de 24 anos. Não se fala tanto em renovação política? Hannah é isso: renovação. Uma jovem com convicções, que deseja fazer da política um instrumento para mudar, melhorar a vida das pessoas, e que conhece bem a cidade.
É atleta, estudante, bolsista do Simube, uma batalhadora, que representa muito bem os nossos jovens. Sua energia ao lado da nossa experiência é a soma ideal para Taubaté, tenha certeza. Ela terá grande atuação no nosso governo, lado a lado comigo.”
- A saúde é uma das maiores necessidades da população e em Taubaté há questões a serem resolvidas também no HMUT, por exemplo. Quais são as prioridades do seu plano de governo para essa área?
“A Saúde é uma área fundamental, uma prioridade. Nosso governo investiu 62% a mais na área de Saúde Pública do que a gestão anterior. Para nós, saúde é e sempre foi prioridade. E vai continuar a ser.
Em nosso segundo governo vamos trabalhar na reestruturação da rede de Atenção Primária, na reforma dos Prontos-Socorros, na construção do Hospital Amigo da Mulher e do Bebê, na ampliação da rede ESF (Estratégia Saúde da Família); na unificação de informações e dados da rede básica de urgência e emergência, para agilizar e torna mais eficaz o atendimento. Sem esquecer, é claro, da ampliação da rede de especialistas.
Agora, o HMUT, que você citou, é uma história à parte. É uma crise que foi, em parte, resolvida. A curto prazo, substituímos a OS (Organização Social) que administrava o Hospital, e que não atendia às exigências e às necessidades da Prefeitura e da população de Taubaté. A gestão da nova OS vai retomar 100% o funcionamento do HMUT, o que é essencial para a cidade.
Também a curto prazo, temos praticamente pronta a U-5, que significa a ampliação da UTI Pré-Natal. A médio prazo estão previstas reformas nas estruturas do Hospital, muito antigas, como todos sabem. Eu, por exemplo, nasci lá, quando ainda era hospital Santa Isabel. Imagine, isso foi há 60 anos.
Agora, a longo prazo, o meu desejo é que o Estado assuma integralmente a gestão do HMUT, decisão de liberar R$ 40 milhões para a Prefeitura aplicar exclusivamente no atendimento à saúde de Taubaté. A municipalização foi um erro.
Em todo caso, é importante o HMUT continuar atendendo a população da nossa cidade e continuar a ser um Hospital-Escola, um espaço de aprendizado e de especialização para os estudantes de Medicina.”
- Como avalia a importância da Universidade de Taubaté para o desenvolvimento do município e qual o papel pretende que ela tenha em sua eventual gestão?
“A Unitau é um patrimônio do povo taubateano, que foi responsável direto por sua criação. Por isso, além de ser motivo de muito orgulho para todos nós, a Universidade é uma grande parceira no trabalho em benefício da cidade. E vai continuar sendo em nosso segundo mandato.
A Unitau já está conosco quando falamos das bolsas do Simube, que beneficiam tanta gente; a UNITAU está conosco oferecendo monitores para o Ensino Integral e para as creches; e está conosco em projetos exemplares, modelos, como a EMCA ( Escola Municipal de Ciências Aeronáuticas) , e com o HITT (Hub de Inovação Tecnológica de Taubaté), nosso ‘hub’ de inovação. São diversos exemplos, é até difícil citá-los.
E, olha, muitas coisas ainda estão vindo por aí, em curto espaço de tempo, projetos que vão deixar animados principalmente quem é da área de tecnologia e inovação. Logo, logo, muito em breve vamos ter novidades por aí.”
- Essa será sua terceira eleição, após disputa em 2016 (quando Ortiz foi eleito), e vitória em 2020 (quando enfrentou Loreny no segundo turno). Como o senhor avalia o fato de que estar atualmente no cargo, em busca da reeleição, pode influenciar na decisão do candidato?
“Ajuda no conhecimento que eu tenho hoje de como funciona a Prefeitura, onde ela se faz presente na vida da comunidade e onde ela é mais necessária. Hoje eu sou muito mais experiente do que era em 2016 e 2020. Isso é importante.
Sei também que seria avaliado por tudo que fiz nesses três anos e meio de mandato. Um mandato que teve pandemia e uma crise generalizada, herdada do governo anterior. Mas, olhando em perspectiva, nós conseguimos cumprir, apesar de tudo, cerca de 93% do nosso Plano de Governo, registrado em 2020 junto à Justiça Eleitoral. E olha que, além do Plano de Governo, atuamos em diversas frentes e projetos que não estavam nele e surgiram pela dinâmica da própria cidade. Mas, veja bem, 93% das metas cumpridas é um número expressivo. Lembro que o governo anterior, em uma publicação do jornal ‘OVALE', batizada de ‘Promessômetro’, cumpriu, em igual período, 25% do que havia se proposto fazer. Acho que avançamos muito. Mas, exigente que sou, sei que podemos e vamos avançar muito mais.”
- O senhor anteriormente fez uma avaliação da sua gestão atual. Quais acredita que tenham sido seus principais erros e acertos nesses quatro anos?
“Meu maior erro foi não ter sido claro, tão logo assumi o governo, sobre a situação caótica em que encontrei a Prefeitura. Havia uma expectativa da população por mudanças, após anos e anos de uma gestão avessa à transparência e ao diálogo, e eu não consegui, de imediato, entregar tudo o que essa população almejava. Não porque eu não quis, mas porque não havia como.
Apesar de tudo, é nisso que acredito estar o maior acerto do governo, nunca perdi de foco a missão principal de uma administração pública, que é governar para ajudar as pessoas. E isso nós fizemos desde o início, com as porções de sopa entregues às famílias mais necessitadas; com o nosso esforço para gerar empregos após termos perdido, em oito anos, de 2012 a 2020, quase 18 mil vagas de trabalho; com a entrega de mais de 3.000 escrituras para famílias que esperavam há 30, 40 anos pelo seu título de propriedade. Ajudar as pessoas, esse foi o nosso maior acerto.”
- Taubaté é uma cidade tradicionalmente conservadora e temos, contando com o senhor, quatro candidatos mais alinhados à direita. Que estratégias o senhor planeja usar para se destacar entre eles e conquistar os eleitores?
“Eu me considero uma pessoa de centro-direita, tenho valores como cidadão, como pai, como empresário, que se encaixam melhor nesse espectro político. As pessoas me conhecem e conhecem o governo. Não vou mudar o que sou e o que exerço, como prefeito, para ganhar um voto aqui, outro ali.
Por exemplo, acredito no modelo das escolas cívico-militares, que é um modelo considerado de ‘direita', e acredito na transparência administrativa e na participação ativa da comunidade na elaboração do Orçamento, modelos considerados de ‘esquerda’. Na verdade, a gente governa para as pessoas, para todas as pessoas, e isso é o mais importante.”
- O senhor assumiu a prefeitura em 2021, período da Covid-19. Como foi lidar com essa situação estando no cargo e trabalhando com o orçamento do município para enfrentar esse período?
“Esse desafio foi imenso, gigantesco. E não só para mim, como prefeito, e para o governo, mas para toda a população, de todas as classes sociais. Assumi em 2021, ano considerado como o pior da pandemia, com pessoas morrendo, muita gente internada, unidades de Saúde lotadas, empresas fechadas.
Nosso foco foi a Saúde, mas fomos além. É nessa época que nasceu o projeto ‘Mesa Taubaté’, que levava porções de sopa para as famílias mais necessitadas, algumas sem poder sair de casa. Mantivemos também a merenda escolar, já que ela era, muitas vezes, a principal refeição da criança ao longo do dia. Liberamos a abertura de lojas no sistema meia-porta, para ‘delivery’ e pagamento de carnês, os boletos, sempre respeitando as regras de saúde e de distanciamento social. Afinal, as pessoas precisavam trabalhar, se manter. Enfim, cuidamos das pessoas.
Eu tenho muita fé. Estávamos trabalhando, trabalhando muito e fomos surpreendidos por uma reportagem da revista ‘Exame’, que colocava Taubaté como a segunda cidade que mais salvou vidas no país naquele período. Levei um susto. Alguma coisa a gente estava fazendo certo, mas pensei: ‘será verdade?’. No mês seguinte, Taubaté apareceu como a cidade que mais salvou vidas no país. Isso me emociona até hoje. Sofremos todos, uns mais, outros menos, mas vencemos a pandemia.
Lamento só que do enfrentamento da pandemia vem um episódio que me persegue até hoje, apesar da Justiça já ter descartado crime ou dolo em qualquer um dos meus atos. Vou resumir. Em plena pandemia, a Prefeitura não tinha mecanismos para orientar a população sobre vacinação e cuidados básicos com a saúde, coisas essenciais, em razão da falta de uma agência que cuidasse da publicidade oficial. Havia um contrato, mas ele foi cancelado pelo meu antecessor, dias antes da transição de governo, apesar de um pedido meu.
O que fazer? Orientado pelo jurídico da Prefeitura, fiz uma contratação emergencial de uma agência para ter como orientar a população. O Ministério Público não gostou, moveu uma ação e me dá dor de cabeça até hoje, apesar, repito, da Justiça já ter derrubado a ação. Mas, sinceramente, fiz e faria de novo, se preciso. Agi para salvar vidas e é isso que importa.”
- O senhor foi eleito em 2020 pelo MDB, e, no ano passado, filiou-se ao Progressistas. Quais foram os principais motivos para a mudança do partido? De alguma forma o senhor se surpreendeu com seu antigo partido apoiando outro candidato neste ano?
“A política muda e muda muito. Militei durante muitos anos no MDB, fui eleito pelo MDB. Mas, o partido sofreu uma guinada mais à esquerda e eu, conservador, de centro-direita, não me senti mais à vontade no MDB. Encontrei no Progressistas uma linha de ação mais alinhada comigo, com meus valores e com a forma como eu entendo a política. O MDB buscou o seu caminho, tudo dentro da normalidade e da democracia.”
- Uma pesquisa publicada pelo jornal ‘OVALE’ no ano passado destacou que 51,25% dos entrevistados em Taubaté reprovavam a atual gestão, enquanto 37,75% aprovavam. Como o senhor reagiu a esses números? E como avalia sua relação com a população hoje, entrando no período eleitoral?
“Eu respeito a opinião das pessoas, embora veja outra realidade. Nós assumimos numa crise imensa, com pandemia, fábricas fechando, desemprego, a Prefeitura praticamente falida em razão de todas as dívidas deixadas pelo meu antecessor. Trabalhamos muito para colocar a casa em ordem. Infelizmente, falhamos em comunicar às pessoas tudo o que estávamos fazendo. Isso se reflete nos números.
Agora, vamos contar a verdade sobre tudo isso. Pesquisas são fotografias de um momento. Nosso esforço é para mudar essa percepção. Afinal, a pesquisa que importa é a de 6 de outubro, a das urnas. Bora lá para chegar bem na reta final!”.
[Nota da redação: as perguntas foram respondidas pelo prefeito antes da divulgação da pesquisa encomendada pela TV Vanguarda, em setembro deste ano]