Brasil tem mais representantes mulheres pela primeira vez em delegações olímpicas, e principais medalhas também vieram delas
Por Giovanna Monteiro (*)
| Duda e Ana Patrícia garantiram medalha de ouro para o Brasil em Paris (Foto: Luiza Moraes / COB) |
Tão abordado em Paris, o protagonismo feminino não está somente nos pódios, mas, também, nas 5.250 mil mulheres que participaram das Olimpíadas de 2024. Dessas, 153 foram brasileiras, pela primeira vez maioria em nossa delegação, com a conquista de 12 medalhas, sendo que cinco delas vieram em modalidades que já foram proibidas às mulheres.
A representatividade vai além da conquista: ela está na superação no decorrer do tempo. Os Jogos Olímpicos da era moderna começaram em 1896, e nenhuma mulher participou. Quatro anos depois, o número aumentou timidamente: para apenas uma, Hélène de Pourtalès, suíça que conquistou medalhas na Vela. Porém, somente em 1932, ou seja, 32 anos depois da participação de Hélene, surgiu a primeira atleta brasileira. Maria Lenk foi a primeira atleta sul-americana a participar da maior competição esportiva do mundo. A nadadora paulista fez o seu melhor e introduziu o nado borboleta para que outras atletas pudessem voar, seja na água ou em todas as demais modalidades.
Em 2024, a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos apresentou dez estátuas emergindo da água, e todas elas de personalidades femininas. Uma delas estátuas foi de Simone de Beauvoir, grande filósofa, ativista e escritora francesa. “É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta”, afirmava Simone. E é pelo trabalho de milhares de mulheres, daquelas que lutam diariamente para que a desigualdade venha diminuindo cada vez mais no esporte e na vida.
Dessa vez, os Jogos Olímpicos pela primeira vez tiveram a maior participação feminina da história. E a fala de Simone de Beauvoir nos leva a refletir, também, sobre a participação das brasileiras: das 20 medalhas do Brasil, cinco delas foram em modalidades que eram proibidas para as mulheres.
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| Bia Ferreira é duas vezes medalhista olímpica no boxe, modalidade que já foi proibida para mulheres (Foto: COB) |
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Essa proibição só caiu em 1979, e, de lá para cá, muita coisa mudou. Bia Souza, ouro no Judô; Larissa Pimenta, bronze também no Judô; Bia Ferreira, bronze no Boxe (e que já havia conquistado a prata em 2020), foram apenas algumas das mulheres que ganharam medalhas nos jogos de 2024. E todas elas em modalidades proibidas em 1965.
Na atual edição, também, o Brasil viu a seleção de futebol ficar com a prata na despedida de Marta; conquistou um histórico bronze na ginástica feminina; e viu Rebeca Andrade subir ao lugar mais alto do pódio no solo, se tornando a maior medalhista olímpica da história do país, entre homens e mulheres.
Todas trabalharam para que a indevida distância entre o homem e a mulher diminuísse, trazendo cada vez mais forte o papel importante da mulher para o mundo dos esportes..
(*) Sob supervisão e edição do prof. es. Caíque Toledo
