Do quartel ao pódio: a parceria brasileira que impulsiona o esporte de alto rendimento

Programa das forças militares tem papel importante por trás de diversas histórias de medalhas do Brasil

Por Gabrieli Naiara (*)

Primeira medalhista de ouro do Brasil em Paris, Beatriz Souza é sargento do Exército Brasileiro (Foto: Alexandre Loureiro / COB)

A hora do almoço foi mais feliz para os brasileiros no último 2 de agosto. Do outro lado do oceano, já quase noite em Paris, Beatriz Souza foi ao tatame para conquistar a primeira medalha de ouro do Brasil nas Olimpíadas 2024, consolidando a hegemonia do judô brasileiro. Por trás do sorriso largo e do sentimento de orgulho de subir no lugar mais alto do pódio, talvez uma informação passasse despercebida por grande parte do público: Bia é sargento do exército. 

A lista de atletas olímpicos brasileiros em Paris que também são militares não é pequena. As campeãs do Vôlei de Praia, Duda e Ana Patrícia; o medalhista de prata na Marcha Atlética, Caio Bonfim; e até as ginastas Flávia Saraiva, Jade Barbosa e Lorrane dos Santos, bronze por equipes, também são vinculadas ao Exército Brasileiro. 

Disputar uma Olimpíada é o sonho de todo atleta de alto rendimento, mas a falta de investimento financeiro se apresenta como um dos  maiores obstáculos para a realização desse objetivo. No Brasil, essa dificuldade é ainda mais acentuada devido à escassez de apoio e políticas públicas voltadas para o esporte. Nesse cenário, o  PAAR (Programa Atletas de Alto Rendimento) das Forças Armadas surge como uma solução viável para muitos. 

O programa oferece a possibilidade de participar de competições esportivas de alto nível, tornando-se, para muitos, o caminho mais acessível para disputar uma Olimpíada – ou, pelo menos, para a prática do esporte profissional.


Lorrane Oliveira, Flávia Saraiva e Jade Barbosa foram medalhistas de bronze na ginástica por equipes, e são profissionais do exército (Foto: Reprodução)

Com 98 representantes, correspondendo a 35% da equipe da delegação do Brasil, os militares conquistaram 11 das 20 medalhas brasileiras  nas Olimpíadas de Paris: Willian Lima, medalhista de prata no Judô; Larisa Pimenta, medalhista de bronze também no judô; Edival Pontes, bronze no taekwondo; e Bia Ferreira, bronze no boxe; também são exemplos de militares medalhistas. 

Nas últimas três edições dos Jogos, os atletas ligados às Forças Armadas garantiram 26 das 57 medalhas do Brasil. Em Tóquio 2020, por exemplo, dos 92 militares que integraram a equipe brasileira, oito subiram ao pódio. 

"Foi uma honra não só representar o nosso país nas Olimpíadas, ganhar essa medalha pra gente, mas hoje tá sendo um dia muito glorioso, incrível. Me sinto muito honrada de receber essa homenagem do Exército", afirmou Beatriz, homenageada ao voltar para o Brasil com a medalha no peito. 

Cena comum não só em Paris mas em outras edições dos jogos, a prática de prestar continência no pódio foi adotada pelos atletas militares como um gesto de respeito e agradecimento ao apoio das Forças Armadas, simbolizando o compromisso e o orgulho desses atletas com suas instituições e com o Brasil. 

Benefícios do alistamento para atletas de alto rendimento: 
Salário: Garantia de remuneração mensal. 
Assistência médica e odontológica: acesso a serviços de saúde completos. 
Infraestrutura de treinamento: utilização das instalações esportivas das Forças Armadas. 
Apoio multidisciplinar: suporte de fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos. 
Alojamento: disponibilidade de acomodações durante treinamentos e competições. 
Formação militar básica: conhecimento sobre legislação e conduta militar. 
Reciclagem anual: atualização e reforço de conhecimentos militares. 
Possibilidade de permanência por até oito anos: estabilidade na carreira esportiva. 
Participação em acampamentos de sobrevivência: treinamento em técnicas de sobrevivência na natureza. 
Premiações: bonificações por conquistas esportivas. 
Equipamentos e instalações de ponta: acesso à tecnologia de ponta para treinamento. 
Integração com equipes técnicas: colaboração com técnicos e especialistas das Forças Armadas.

(*) Sob supervisão e edição do prof. es. Caíque Toledo