A presença de professores pretos nas instituições

 


Quantos professores negros você já teve?

Essa é a pergunta com mais de uma resposta. Porque antes das pessoas perceberem que podem contar nos dedos – se se esforçarem muito – elas franzem as sobrancelhas e buscam lá atrás os rostos familiares, num silêncio que por si só já desvenda muitas questões.

Mas onde é que estão estes rostos e por quê tão difícil cruzar o caminho deles em ambientes de educação, num país onde 54% da população é negra? Nada disso é acidente, a desigualdade social e racial são mecanismos importantes na manutenção dos poderes que sustentam a estrutura do Brasil e os “excetos” que conseguem burlar esse mecanismo têm muito pra contar sobre como é ser um professor preto nas instituições em que trabalham.

O primeiro rosto é de uma professora de ensino básico chamada Vanda Batista (nunca teve professores negros)  que dá aulas para crianças de 1º à 3º ano numa escola de 22 funcionários, onde ela é a única negra neste cargo. A professora explica que suas crianças ainda não distinguem cor da pele, mas que ela, sendo negra à 58 anos, percebe a dificuldade que outras mulheres pretas têm de terem a mesma oportunidade que ela teve: A entrada no ensino superior.

Mas antes de ser minoria no ensino superior, Vanda conta que foi minoria no magistério. “Éramos em três negras numa sala com vinte meninas.” O que, nota-se, responde por que é tão difícil cruzar com professores negros na nossa vida escolar, mas dá margem para outro questionamento: Já que não estão em salas de aula, estarão onde no futuro?

“Existem outros negros em minha escola, uma secretária e duas que fazem serviços gerais. Mas eu sou a única professora entre minhas colegas.” Nesta outra passagem, a professora Vanda evidencia mais uma realidade brasileira, em que pessoas pretas são maioria em cargos que não exigem ensino superior, o que influencia completamente na maneira como os alunos enxergam o mundo e uns aos outros devido à representatividade. 


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