
Giovana Vasconcelos
Em uma quarentena ampliada e a grande estadia dentro das próprias casas, a leitura se tornou uma popular aliada para a população jovem em tempos enclausurados. Sem a possibilidade de sair de casa, os leitores encontraram um apoio nas aventuras por mundos fantásticos e distópicos, conseguindo fugir da realidade caótica do tempo pandêmico.
O Painel do Varejo de Livros no Brasil, divulgado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) a partir de pesquisa feita pela Nielsen BookScan, demonstrou que, entre janeiro e setembro de 2021 foram vendidos 36,1 milhões de exemplares de livros, aumento de 39% em comparação ao mesmo período de 2020.
A leitura demanda de grandes períodos de tempo, coisa que, durante o período não-pandêmico, a maioria das pessoas não dispõem. Vitória Santos Meneghetti, 18, afirma que possui o gosto pela leitura desde o ensino médio, mas não tinha o tempo necessário. “Com a pandemia, eu voltei a ler bem mais frequentemente. Mesmo que meu dia seja cheio eu procuro ler ao menos um capítulo de qualquer livro que eu tenha na estante”, comenta.
Por outro lado, Sara dos Anjos, 18, explica que a pandemia se mostrou um período difícil para colocar a leitura em dia, mesmo estando em casa: “Eu acabei lendo muito pouco por conta dos vestibulares e por simplesmente não conseguir levar nenhum livro adiante”.
Grande parte dos leitores realiza as compras de livros por meio de sites, de acordo com pesquisa realizada para a reportagem. Além de mais baratos, há a garantia da chegada de um livro em perfeito estado sem precisar sair de casa, o que foi muito necessário durante a pandemia.
A autora de literatura jovem, Pricilla Caixeta, comenta que decidiu lançar o seu primeiro livro no começo de 2020, pois percebeu a necessidade de uma distração para o público leitor: "Notei que houve um 'boom' de indicações de livros em redes sociais, e como todo mundo estava conectado ao mesmo tempo, a leitura através das plataformas como Amazon e até mesmo o Wattpad aumentaram. Então, decidi trabalhar na publicação dos meus livros na Amazon justamente pelo aumento do consumo".
Após as regras se abrandarem e o isolamento social acabar, a população volta à vida normal, e o ritmo de leitura diminui enquanto os compromissos sociais crescem cada vez mais. Lara Batista, 20, diz que sente muita vontade de ler, porém tem pouco tempo. “Agora com o retorno das atividades presenciais eu continuo tentando ler um pouco todos os dias. Leio antes de dormir, na van no caminho para a faculdade, até no trabalho às vezes”.
A retomada é difícil para muitos, porque agora estavam acostumados à vida caseira, mas a dona do Sebo Vagão Literário, Ana Paula Torres, agradece o fim das restrições. “Com a pandemia minha livraria teve que fechar as portas, abrimos uma vez por semana para atender os clientes do lado de fora, eles não podiam entrar, colocamos cartazes para avisar os dias e horários de atendimento, as vendas caíram bastante”, ela diz.
Ana Paula ainda explica como continuou o negócio durante a quarentena: “Aprendemos a usar as redes sociais para ajudar nas vendas, divulgando os livros e fazendo resenhas para os clientes comprarem pelo WhatsApp. Com isso as vendas pela internet aumentaram muito, posso dizer que 90% das vendas são online”.
Agora, podemos apenas torcer para que o ritmo de leitura continue aumentando, embora as demandas sociais consumam a maioria de nosso tempo, e esperar que cada vez mais a população se volte para os livros e descubra mundos e realidades fantásticas.
Público leitor cresce durante isolamento social e alavanca consumo de livros no Brasil de Giovana Vasconcelos