
O que poucas pessoas sabem sobre as lojas
e o café Sabor Chocolate.
Por Raíssa Santos
Há um pouco mais de 26 anos, as lojas
Sabor Chocolate ganhavam vida na cidade. Tudo começou com José Carlos Rabelo de
Carvalho, conhecido como Zé Carlos, de 54 anos, que sempre trabalhou com doces
para ajudar na renda em épocas festivas como a Páscoa: “Eu fazia faculdade de
agronomia de dia e publicidade à noite e fazia ovo de páscoa pra ganhar um
dinheirinho”, ou um extra na época em que estudava na Universidade de Taubaté e
fazia estágio no Banco do Brasil: “Depois eu comecei fazer barrinhas e
entregava nas cantinas das faculdades em Taubaté e pegava uns bombons em São
Paulo e vendia no banco,” e hoje é muito conhecido por tudo o que conquistou e
com o empenho para tudo dar certo.
Em seu último ano de faculdade, conseguiu
seu cargo efetivo no banco e acabou saindo do curso de Agronomia, o que
facilitou para seguir sua carreira de negócios: “No último ano de faculdade, eu
montei em julho, um quiosque em frente à estação do Bondinho, um pequenininho.
Eu não fazia chocolate, eu comprava e vendia. Ficou só pra julho e depois
continuei vendendo de casa em casa.” Mesmo assim, as coisas não deixavam de ter
um rumo positivo em sua vida e no ano seguinte apareceu uma porta no Boulevard
Geneve, um dos shoppings mais frequentados da cidade e abriu uma loja onde conseguiu
fazer 700kg de chocolate: “E eu fiquei direto lá, comecei a manter a loja,
montei uma loja embaixo, também montei um quiosque, depois montei uma outra
loja de chocolate, fui montando e assim foi.” José Carlos, conta que seu
primeiro negócio não era pra ter sido aberto em Campos do Jordão, mas em
Guaratinguetá: “Muito engraçado, porque o primeiro negócio ia ser num shopping
em Guara, isso quando eu estava me formando ainda. Comprei um quiosque lá, só
que não deu certo, e eu vim pra Campos. Se eu tivesse montado no shopping de
Guara, eu já tinha falido e já estava em outro ramo.”
Mas nem sempre foi fácil, Zé Carlos
chegou a morar no Rio de Janeiro e quando não deu certo sua vida lá, voltou
para Campos e começou novamente seu negócio de doces, mas de uma forma
diferente: “Quando larguei o Rio, fui fazer mousse de chocolate. Eu peguei uma
receita da minha cunhada e com a minha esposa, chegamos a vender 3mil mousses
em duas semanas. Batia de porta em porta nos restaurantes.” Outra dificuldade
hoje em dia no mercado de trabalho da cidade, é a quantidade de lojas concorrentes
que começaram a existir no decorrer do tempo, porque com a crise em que o país
se encontra, o comércio começou a “disputar” preço dos chocolates para chamar
freguesia, e em sua opinião: “denigre a imagem do chocolate de Campos, que
começa a brigar pelo preço e não pela qualidade. Se o povo nivelasse lá por
cima, seria melhor.”
Nos dias de hoje, o mundo como tudo está,
é difícil ver pessoas que tem “sucesso” e continuam com a humildade e sem ele
imaginar, é o que uma de suas funcionárias, Vanessa Rafaeli, de 25 anos,
comentou: “Patrão? Ele é tudo menos isso. Vejo ele como um amigo, uma pessoa
boa. Ele chega lá, abraça, beija, pergunta se está tudo bem. Isso não é normal
nos dias de hoje”, e também diz que ele dá oportunidades de crescer dentro da
empresa e que isso a motiva: “Tenho ele como um exemplo pra crescer na vida.”
José Carlos, pai de duas filhas, também
contou que quem toma conta de suas lojas, são 5 lojas de chocolate e 1 Café,
são elas, que estão seguindo o exemplo do pai, e estão abrindo uma loja em São
Paulo. Mesmo estando mais “afastado” dos negócios das lojas Sabor Chocolate,
ele não deixa de pensar em outras coisas, e agora que tem oportunidade de
viajar e conhecer novos lugares, abriu uma imobiliária em Lisboa, e ainda
pretende ampliar o seu negócio de doces: “Eu pensei em fazer uma pousada Sabor
Chocolate, uma pousada temática de chocolate. Penso em trazer pessoas para dar
curso de chocolate dentro dela.”
Zé Carlos sempre sonhou em ter uma loja
de doces e leva isso como uma realização sua: “Meu sonho era ter uma fábrica de
doce, desde pequeno, eu falava que “se eu não vendesse, eu comia o estoque”, eu
adorava doce, e eu falo que é uma realização minha, porque é um produto que
começou muito pequeno e hoje, graças à Deus, o produto conseguiu criar uma
identidade.” Ele menciona que, para quem quer ter um comércio hoje em dia tem
que pensar diferente de tudo o que já existe, para não desistir e correr atrás;
porque se ele tivesse desistido na primeira loja fechada, não chegaria onde ele
está hoje em dia!