A experiência em usar a empatia como tratamento

Farmacêutico por vocação, Zé João ganhou o prestígio dos habitantes jordanenses pela competência e carisma


Na ponta dos pés, os olhos curiosos tentavam ver o que acontecia em cima do balcão, olhos estes que eram de um garoto de 11 anos que começava a aprender os ofícios farmacêuticos observando a manipulação dos remédios. A estatura era pequena mas o interesse era enorme. Um caixote foi a principal ferramenta utilizada como apoio para que pudesse alcançar sem tanto esforço a pia onde descobria aos poucos a profissão que nasceu para seguir.  
                                                                                       Por Rafaela Pereira                                                                               

Carisma e bom atendimento está no sangue
da família
Crédito: Arquivo Pessoal
Um dos dezessete filhos de João Honório e Maria Lucia, José João de Andrade nasceu em Estiva, sul de Minas Gerais em 1946. Seu pai era aplicador de injeções e benzedor, de onde mais tarde iria despertar uma inspiração nas próximas gerações para a área da saúde. A mudança para Campos do Jordão aconteceu quatro anos mais tarde quando Dona Maria Lucia é diagnosticada com tuberculose e a família procura a cidade por ser conhecida como um dos principais centros de tratamento para a doença.

Com a dificuldade de manter uma casa com esse número de pessoas, Sr. João encaminhou dois filhos para um trabalho que ajudaria nas despesas. O contato que tinha com tratamentos médicos fez com que conhecesse algumas pessoas desta área, com isso surgiu uma oportunidade para Zé e seu irmão, Joaquim, trabalharem para Castorino. O farmacêutico veio para Campos do Jordão pelo mesmo motivo que a família Andrade, assim que se recuperou, Castorino se associou a uma farmácia, onde futuramente se tornou único dono e a nomeou de Farmácia Santo Antônio, nome que permanece até hoje. O serviço prestado era de excelência, com total atenção aos cidadãos e buscando a melhor forma de ajudá-los. E foi assim que os irmãos aprenderam a profissão, adquiriram experiência e descobrindo no que eram bons trabalharam também em outras farmácias, sempre com esse carinho e empatia. Quando Castorino decide se aposentar, tem o desejo de passar adiante aquilo que foi seu meio de trabalho por muitos anos, para quem tivesse o mesmo zelo pelos clientes, executasse o trabalho com serenidade e honestidade. Recebeu propostas tentadoras de pessoas interessadas mas optou por vender por um valor inferior e em parcelas a um longo prazo aos irmãos, em quem confiava que faria um excelente trabalho e daria continuidade a tudo aquilo que havia feito pela cidade.
Em 1979 a Farmácia Santo Antônio passa a ser assumida por Zé João e Joaquim que levam para auxiliá-los quatro de seus irmãos para garantir ainda mais competência nos serviços prestados. “Nós nunca sentamos e fizemos uma reunião, cada um se identificou com uma área e a coisa foi fluindo”, relembra Sérgio Honório da Silva, um dos irmão que administra a farmácia. A popularidade do estabelecimento cresceu e a família ainda batalha junta para manter a qualidade do serviço e a simpatia no atendimento. “O Zé e o Joaquim são o cartão de visita, mas nós ficamos na retaguarda para tudo funcionar”, completa. Hoje a farmácia mais popular de Campos do Jordão costuma parecer um consultório médico, onde as pessoas procuram muito mais do que remédios, procuram alguém de confiança que compreenda e aconselhe o melhor tratamento a ser feito. Assim, Zé João se tornou uma personalidade na cidade, sendo respeitado por diversas pessoas e considerado um médico pessoal, é procurado em diversas ocasiões, tanto para prescrição de medicamentos como também para uma breve consulta.
Há 59 anos se dedicando a saúde jordanense
Crédito: Arquivo Pessoal
Há quem diga que a habilidade de aplicar injeções é uma especialidade de Zé João, com mais de meio século de profissão aplica diariamente cerca de 70 injeções. Considerando todos os anos dedicados ao tratamento de saúde dos jordanenses são praticamente 1 milhão e meio de injeções aplicadas sem causar nenhuma complicação aos pacientes. “É excelente a forma com que ele faz, parece ter mãos de fada. Fico triste quando vou e ele não está”, afirma Grasiele Pereira, cliente assídua da Farmácia.
Durante os vários anos de trabalho, o luxo do descanso foi pouquíssimas vezes concedido a ele. Jamais tirou férias e se ausenta somente quando o estabelecimento fecha as portas por algum motivo ou a escala de plantão é revezada. Em todos os outros dias, de manhã até a noite, salvo os horários de refeição, quem passar na Avenida Doutor Januário Miraglia, 998, Vila Abernéssia encontrará a simpatia, humildade e o carinho de um ambiente familiar onde o compromisso com a saúde dos clientes é a principal missão da Drogaria.
 “Sinto que as pessoas precisam de mim, me preocupo com a saúde delas”, confessa Zé João.

 Com tamanha dedicação o mineiro que foi abraçado pela Suíça Brasileira recebe a homenagem de Cidadão Jordanense como retribuição ao esforço e dedicação que desprendeu a favor da saúde de mais de cinquenta mil habitantes. O grande sucesso e popularidade são explicados por um simples motivo: o amor pelo que faz. A segurança que transmite e a tradição tornam Zé João e a Drogaria Santo Antônio partes da história e evolução de Campos do Jordão.