“O jornalismo é uma das profissões mais importantes para a sociedade, é fascinante, pena que está desvalorizado”
A paixão que o jornalista Bruno Pellegrine Monteiro tem pela comunicação teve início aos 17 anos, quando trabalhou na Rádio Mantiqueira em Cruzeiro (SP), sua cidade natal, fazendo entretenimento. Ele também produzia crônicas para o jornal Valeparaibano, e, após dois anos, decidiu seguir a profissão pela filosofia de vida, pela função social.
Rafaéla Ribeiro
Formado em Jornalismo pelo Centro Universitário Teresa D’ Ávila (Unifatea), em 2004, o primeiro desafio de sua carreira foi ingressar no mercado de trabalho. “E, quando consegui, não tinha experiência prática e tive que lidar com uma avalanche de informação”, conta o jornalista.
Aos 35 anos, Bruno atua como repórter na Rede Vanguarda, afiliada da Rede Globo no Vale do Paraíba, há sete anos. Seu primeiro emprego foi na Band Campinas, e Bruno lembra que no primeiro dia de trabalho teve que editar três matérias e isso para ele era um “bicho de sete cabeças”. Para ele,o jornalismo uniu o “útil ao agradável”, pois proporciona ajudar a melhorar a sociedade e ser remunerado por isso.
A rotina do jornalista na TV começa com uma reunião de pauta para ver o que será produzido para o outro dia.Ele entra às 6h da manhã com o link ao vivo, depois grava uma matéria ou VT, como é chamado, e parte para edição. O texto é escrito em cima da imagem que o cinegrafista fez, tudo é feito em harmonia e o texto é só um complemento para a informação audiovisual. Depois dessas etapas, o texto vai para um editor conferir se está tudo certo e o mesmo acontece com as imagens.
Nesse tempo na Vanguarda, Bruno recorda que a matéria que mais o emocionou foi ocaso que aconteceu em Cunha (SP), no qual o vizinho assassinou duas irmãs que tinham 15 e 16 anos. De acordo com a polícia, o suspeito teria se apaixonado pela caçula e, possivelmente para não criar problemas com a namorada, suspeita de ser cúmplice do crime, matou as adolescentes. “Eu fui o primeiro a chegar ao local para fazer o factual, era para ficar um dia e eu acabei ficando a semana toda”, conta Bruno. Ele lembra que essa reportagem o envolveu emocionante, até mesmo pela fala do pai que dizia que perdoava quem tinha feito isso com as filhas. “Uma cena que me marcou foi ver um policial chorando igual criança”. Para o jornalista, é difícil a neutralidade total na prática, a matéria exige um envolvimento, uma percepção de todos os lados, para que seja feita uma boa matéria.
Bruno destaca que, no jornalismo, as coisas são empolgantes e rápidas. O maior desafio, literalmente, foi correr 300 km, passando por várias modalidades esportivas – entre elas corrida e canoagem – para o Programa Especial Desafio Vanguarda, que ganhou o prêmio Globo de Programação como melhor especial regional do país. “Isso foi o resultado de um grande trabalho, que exigiu uma preparação física e psicológica para completar”.
Além do trabalho da TV, Bruno possui uma página no Facebook chamada “Falando em Off” na qual ele posta crônicas que são inspiradas em histórias, conhecimentos, percepção do mundo em forma poética, mais literário. Ele também tem um canal do Youtube direcionado para o audiovisual, utilizando crônicas. “É onde eu coloco meu lado criança para fora”, afirma Bruno. A Rede Vanguarda possui um contrato com seus empregados sobre o uso de imagem, por isso, ele usa imagens da internet com trilha sonora para ilustrar. “Se eu pudesse, viveria disso, infelizmente dão dá”.
O jornalista pretende, futuramente, contar histórias de pessoas em um canal no Youtube,fazer uma coisa diferente do jornalismo que trabalha com a informação. “Já comprei uma câmera, eu mesmo edito, é uma coisa que me dá prazer em fazer”. Com um currículo extenso, Bruno lembra de um caso engraçado que aconteceu em um link ao vivo, como por exemplo, quando ele estava entrevistando uma mulher e o sutiã dela arrebentou fazendo com que a alça caísse sobre o microfone. Foi imprevisto e, nesse caso, manter a calma é muito importante. “Há casos que acontecem sempre, como pássaro defecar em cima da gente na hora do ao vivo”. Ele relatou também que já teve dias em que o entrevistado desistiu na hora e ele tinha que entrar, e a dica é, nesse caso, falar a verdade, o que aconteceu, tem que pensar rápido.
Na opinião dele, antes de ser jornalista, tem que ser humano, O jornalismo é ideologia com função de “jogar uma luz no escuro”, de tentar mostrar uma realidade que muitas vezes está reprimida.Para ele, a profissão está desvalorizada, mas é recompensante, apaixonante. “Você ajuda o próximo, a sociedade”, diz Bruno.
“Meninão” é como o jornalista Bruno Pellegrine é apelidado entre seus colegas, Ele se descreve como um cara muito alegre, feliz com a vida, uma pessoa simples. “O jornalismo me ajuda a enriquecer o lado humano. O que eu mais gosto é de escutar história de pessoas”, garante. Para ele, sua essência é tranquila, um menino brincalhão, sorridente de bem com a vida. ”Me definir em uma palavra, eu diria sorridente, ninguém é feliz o tempo todo”.