Padre deixa mensagem positiva para fieis



Por Júlia Villela

Foi o primeiro padre a assumir a Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Lorena e se despediu da comunidade depois de dez anos para assumir a Catedral da cidade, dedicada a Nossa Senhora da Piedade. Pe. Rodrigo ordenou-se em janeiro de 2017 e também é professor de ensino fundamental e médio, além de dar aulas na Faculdade Canção Nova e na Unisal. Ele garante que não é fácil partir e “deixar uma filha praticamente nascida em suas mãos” – referindo-se à paróquia da qual se desligou para se dedicar à Catedral – mas que, com muita humildade, cuidará da “Igreja Mãe da região” e honrará a confiança que lhe foi depositada. Toda profissão requer sacrifícios e renúncias. Pe. Rodrigo acredita que nasceu com a vocação, que para ele é algo com que as pessoas nascem para fazer a diferença neste mundo. A família do sacerdote é muito religiosa e contribuiu para sua inquietação, além de ir se descobrindo durante seu desenvolvimento humano.

Para ele, quando se tem dom não há exigência. Algumas pessoas pensam que por não poder casar é mais difícil, mas ele acredita que o casamento exige tanto ou mais que o sacerdócio. “Cuidar de outra pessoa com carinho, cuidar dos filhos, da casa”, exemplifica o padre. Para ele, ao assumir seu sacerdócio e sair de casa – como filho mais novo e último a deixar o lar dos pais – sentiu dificuldade em deixar sua mãe e seu pai idosos e doentes para seguir sua trajetória. Um dos momentos mais difíceis que viveu foi a perda de seus pais, com apenas dois anos de diferença entre o falecimento de um e de outro. “As pessoas têm a mania de achar que padre não sofre”, ressalta Pe. Rodrigo, que também perdeu uma sobrinha que faleceu na mesma época de câncer, com apenas 15 anos de idade. “A fé nos eleva, é o que nos mantém de pé nas adversidades”. Seu pai, com seu jeito simples e gentil de lidar com o outro, foi sua maior inspiração e uma das suas maiores perdas.



O padre conta que um dos momentos mais marcantes para ele como sacerdote foi perceber que, mesmo com as fraquezas de ser humano, ele conseguiu motivar as pessoas para darem o melhor de si em causas sociais, além de ter vindo para Lorena para ser o primeiro pároco de uma Igreja recém-criada, a fim de mobilizar as pessoas para a fluência daquela realidade e para modificar a realidade das mesmas pessoas: “Marcante é perceber que, mesmo com as nossas fraquezas, Deus nos dá oportunidades em formas de desafios que não podemos desperdiçar.” Ele também fala sobre a maior recompensa de ser padre: “A recompensa é chegar no final de um dia produtivo e perceber que fiz mais que agregar materialmente para mim mesmo; mas fiz a diferença na vida de alguém. Quem sabe poder chegar ao final da vida olhar para trás e dizer: ‘Eu não passei inutilmente por essa vida’!”

Pe. Rodrigo, que também tem formação técnica em processamento de dados, não acredita que ser padre é uma profissão e explica o que é a vocação: “Profissão podemos ter várias. Vocação é aquele específico diferenciado que não queremos que cesse. Vocação é algo que a gente não se aposenta, se realiza fazendo todo e cada dia; e chega ao último dia desta vida, se possível, fazendo”. Nas horas de lazer, o padre gosta de ver filmes, séries policiais e admirar o Djavan cantando a vida em poesias, além de ouvir Renato Teixeira, Beatles e Cold Play.

Como um bom leitor, ele recomenda as obras “Medo Líquido”, do sociólogo Zygmunt Bauman, “O nome de Deus é misericórdia”, da Editora Planeta, na qual o jornalista italiano Andrea Tornielli, entrevista o Papa Francisco, e também o programa Evangelii Gaudium, do Papado do Papa Francisco, que mostra muito do que o Papa acredita e quer fazer na Igreja. Ele se descreve como apressado e revela ter dificuldades de entender que algumas coisas levam tempo e outras levam muito tempo e cita um ditado que tenta aprender: “É com a carroça andando que as abóboras se acomodam”. Ele também brinca com o fato de ser torcedor de futebol: “As pessoas acham que é defeito: Sou corintiano! Eu, sinceramente, não acho”.

Sobre sua despedida ocorrida em janeiro de 2017, ele deixou a mensagem aos fieis: “Da Paróquia Nossa Senhora Aparecida sentirei falta de sua gente boa, humilde e de fé. Povo que acredita na força do trabalho comunitário, que não é só religioso, mas, sobretudo, em tempos líquidos, onde as pessoas se isolam e pensam muito mais em si. Sentirei falta dessa Igreja que nasceu sem vícios, sem vaidades, sem competições de ego. Mas levo tudo isso comigo na memória e no afetivo”. Pe. Rodrigo terminou sua mensagem pedindo a Deus por saúde, fé e sabedoria para, com humildade, ser instrumento nessa nova etapa à frente da Catedral de Lorena.