Mulher de 36 anos admite ter vencido depressão



Por Bárbara Amaral

“Eu vi a vida passar e aquele vazio e tristeza não saía de mim”. Esse é o relato de Elaine Cristina dos Santos Ferreira Silva de 36 anos que recorda um dos piores momentos vividos em sua vida. Aquela garotinha nascida em 18 de junho de 1980 na cidade de Guarulhos, estado de São Paulo, não imaginava viver como nas histórias contadas apenas em livros. Com olhos marejados de lágrimas, Elaine descreve sua melhor lembrança de infância com a família. “Aos finais de semana, meus pais me levavam junto com meu irmão para o aeroporto da cidade e eu me encantava com os aviões”, conta. Aos 10 anos de idade, se mudou junto á família para a cidade de Guaratinguetá, onde tudo começava a mudar.

Com o pai alcoólatra e muito ciumento, sua mãe decidiu se separar. Isso só veio piorar a situação, pois, ele não aceitava mais viver longe da família e passava a perseguir dona vera, mãe de Elaine. “Nós tentamos nos mudar 3 vezes, mais ele sempre ia junto pedindo para voltar”, lembra. Por conta da separação, o pai não pagava pensão, obrigando a trabalhar mesmo sendo muito nova. Com o passar dos anos, sua mãe decide se casar novamente o que só piorou a vida de seu pai. “Ele tentou se matar envenenado, mas acabou falecendo de cirrose”, completa. Após a morte do pai, o irmão Thiago acabou se entregando a vida das drogas, por não aceitar a perda.

Últimos momentos de Elaine ao lado se sua avó falecida. Reprodução: Facebook Em meio ao cenário triste, ela conhece o primeiro homem da sua vida. Sonhava que seria seu único namorado, mas o destino logo os separou. Seu irmão passara a usar drogas mais pesadas, como o crack. Tornou-se dependente químico e por conseqüências do entorpecente, vendia tudo o que via pela frente para comprar a droga. “Era um sofrimento muito grande, minha mãe não sabia mais o que fazer. Ela apenas rezava”, lembra. Com a pensão deixada pelo pai, sua mãe queria investir em seus estudos, mas Elaine decidiu realizar seu sonho de criança e se casar. No início a cerimônia seria apenas para a família, mas acabou se tornando uma grande festa. Era o dia mais feliz de sua vida, porém no mesmo dia ela não imaginava descobrir que seu marido também era dependente químico. “Eu fui do céu ao inferno naquele dia. Nós brigamos muito e ele admitiu ser viciado em cocaína”, diz.



Diante de toda essa revira volta, eis que o primeiro sintoma da depressão aparece em sua vida. Um primo muito próximo e amigo dela havia falecido, porém um dia antes de sua morte disse que precisava falar com ela, mas que se ela demorasse poderia ser tarde. Essa foi a última conversa dos dois pelo telefone. Após algum tempo isso acabou atormentando sua mente, a culpando por não ter ido dizer o último adeus à seu primo. “Eu ouvia a voz dele sempre, por isso eu nunca deixo para amanhã o que eu posso fazer hoje”, conta. Mas, o que estava deixando doente de verdade era seu emprego novo. Ela tinha uma gerente muito nervosa, que maltratava não só ela mas todos os funcionários do local. Não contente com o trabalho, Elaine começou a sentir fortes dores de cabeça, sendo obrigada ir toda semana ao hospital. Por coincidência o médico de plantão no dia, era o mesmo que a atendia toda vez que ela comparecia no local. Ele percebeu que algo de errado estava acontecendo e pediu para que o marido marcasse uma consulta com Psiquiatra. Foi onde o sofrimento se iniciou, passando a tomar muitos remédios e fazer tratamento.

Com o pedido de afastamento do emprego pelo médico, Elaine mudou-se para a casa da mãe para não passar a maior parte do tempo sozinha. Sem comer e tomar banho, ela passava o dia todo sozinha em um quarto totalmente escuro. “Eu sentia um vazio e tristeza dentro de mim, mais nunca pensei em me matar”, descreve. Quando tudo parecia ter melhorado, foi onde teve uma “rasteira final”, como ela mesma descreveu o momento. Perdeu mais um membro da família e descobre traição do marido. Mesmo tomando remédios fortes, ela passou beber muito aos finais de semana. Por amar muito seu marido, aceitou o perdão e continuou a viver da mesma forma. Realizaram o sonho da maioria dos brasileiros do nosso país, que é a conquista da casa própria. Após a mudança do casal, a amante começou a perturbar a vida dos dois enviando cartas e ligando para a casa deles. Na final do jogo do Corinthians pela libertadores, ela bebeu muito e os dois acabaram brigando. “Ele me agrediu e foi ali que eu percebi que não o amava mais”, lembra. Após a agressão Elaine decide não denunciar seu marido, o que muitas pessoas discordaram.

Querendo viver em paz, ela decidiu ser feliz e resolveu se separar. Viveu 8 meses na mesma casa que o marido mesmo separados. Hoje se considera uma guerreira e vencedora, pois, conseguiu se curar sem a ajuda remédios, contando apenas com a fé e esperança. Separada e no melhor momento de sua vida, teve a oportunidade de emprego que sempre sonhou e ainda pensa em ser mãe. Eu e meu ex marido somos amigos hoje”. “Graças a deus eu venci na vida e nada me tira o sorriso do meu rosto”, finaliza. Elaine serve de inspiração para muitas pessoas e sua vida pode ser contada em livro, pois, toda história pode ter sim um final feliz.