Mestre em composição e doutor recém-formado pela Unicamp - Universidade Estadual de Campinas, o joseense de 33 anos com alma de artista e com muito embasamento filosófico, não tem medo e muito menos vergonha de expressar o que pensa e deseja, o músico tem uma habilidade natural em ensinar e debater a cerca de temas polêmicos.
Primeiro filho de uma família de classe média, com pai advogado e mãe formada como assistente social, mas que preferiu cuidar dos filhos, além de Marco ou Boi como prefere ser chamado há também Guilherme com uma diferença de dois anos e onze meses do irmão mais velho, o artista teve uma infância comum no bairro Vista Verde na Zona Leste da cidade, e como quase todo menino tinha o sonho de se tornar jogador de futebol, estudou em algumas das escolas mais tradicionais de São José dos Campos, contudo nunca foi considerado bom aluno, por ter entrado um ano aditando em razão de fazer aniversário em dezembro, sempre foi o menor da turma, mas sempre adorou o fato de aprender e ensinar, talvez não seja a toa que hoje exerça a profissão de professor na Faculdade Villa-Lobos do Cone-Leste Paulista há três anos.
Seu encanto pela música se iniciou com o canto sem compromisso ou habilidade ou alguma, ouvindo Raça Negra e Legião Urbana o então garoto de dez onze anos começou a decorar as canções, mas ao perceber que não tinha talento e nem se imaginava cantando por conta de um problema de queimação que fazia com ele tivesse soluços; porém notou que tinha uma facilidade com instrumentos de percussão e junto a seu primo começaram a tocar, já um pouco mais velho, começou enfim a tocar guitarra seu primeiro instrumento e violão em alguns eventos no ensino médio e até a cantar; se tornando uma forma de criar laços com a música e com as pessoas.
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| Como compositor, Marco possui uma delicadeza, mas ao mesmo tempo uma força, e isto se reflete, em sua arte. (Foto: Letícia Kamada) |
Além de ter sido um período a qual se firmou uma de suas amizades mais fortes, com o também músico Dino Beghetto, responsável por ensina-lo a tocar violão amizade que perdura até os dias de hoje. Marco se vê como uma pessoa que é um misto entre extrovertido e introvertido, porém por ser alguém comunicativo ele parece ser mais extrovertido e na questão de amigos ele se apresenta alguém muito aberto a conhecer pessoas para ouvi-las e aprender com elas, em todo seu caminho profissional e pessoal ele não deixa de mencionar os amigos que tenha feito ao longo de sua história, e como o mesmo relata são muitos.
Em sua trajetória houve momentos em que pensou em seguir outra carreira, um destes foi quando estava recém-casado e já possui uma responsabilidade maior, tinha o desejo de iniciar um mestrado, de mostrar seu trabalho, mas em meio aos obstáculos como: a falta de oportunidade para compositores jovens, de reconhecimento e retorno financeiro, prestou alguns concursos como uma maneira de tentar outros campos, esta foi uma fase de transição muito complicada para vida adulta.
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| O pensamento é um dos grandes motivadores para o artista em suas composições (Foto: Letícia Kamada) |
Uma época que o marcou como compositor foi à estreia de uma peça de sopros tocada pela orquestra da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, mesma Universidade onde cursou seu mestrado, Boi descreve a sensação como o nascimento de um filho um momento de muita emoção e nervosismo, por se tratar de uma peça difícil de ser feita e tocada e pelo exagero no número de instrumentos utilizados.
Além de professor, compositor, cantor suas habilidades também vão para a área das publicações, junto a alguns colegas possui uma revista chamada ABATE que está em sua segunda tiragem, nesta edição, fez uma das entrevistas com um dos músicos a qual ele admira Rogério Skylab. Em relação a suas inspirações ele procura se inspirar por tudo e o tempo todo, pois o artista acredita que somos compostos pelos atravessamentos da vida, tudo que de alguma forma nos toca sejam pessoas ou acontecimentos, mas os pensadores que o motivam e o fazem pensar e enfim compor são: Espinoza, Deleuze, Georges Bataille, Nietzsche e Walter Benjamin.
Para que a música instrumental brasileira seja valorizada, o músico reconhece que é necessária uma renovação nos concertos como: um maior número de estreias, um repertório com composições atuais e 80% nacional, mesmo sabendo que essas mudanças em primeiro momento não seriam aceitas com facilidade pelo público mais tradicional.
Seus planos futuros são fazer o projeto Tempo-Câmera coletivo musical que já vem fazendo apresentações durante o ano de 2016, ganhar um alcance nacional e de fazer uma regência em música no futuro e quem sabe cantar já que ele finalmente percebeu o seu talento para a arte, e já não tem mais aquele problema de soluço.


