Estudioso fala sobre conceitos básicos da religião codificada, em 1857, pelo professor e filósofo francês, Allan KardecNascido em 25 de março de 1961, em Ribeirão Preto (SP), Nilton Cesar Ferreira mudou-se para São José dos Campos (SP) para fazer faculdade de engenharia. Foi quando conheceu sua futura esposa, a qual, em meados de 1990, o incentivou a conhecer mais sobre a Doutrina Espírita.
Por Andressa Ferreira
Como e quando surgiu o espiritismo?
Kardec é convidado a visitar as casas onde ocorriam os fenômenos das mesas girantes, por volta de 1955, que é quando ele começa o estudo desses fenômenos. Em 1857, ele publica o primeiro livro, o Livro dos Espíritos. Assim, ele inaugura a Doutrina Espírita. Ele continua a abordagem nas obras seguintes: o Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.
O que significa o termo “Kardecismo”?
Kardecismo vem do nome do codificador da Doutrina, Allan Kardec. Há uma associação como se a Doutrina fosse dele, o que ele refuta, dizendo que não é dele, mas dos espíritos que a revelaram. Espiritismo é um só, é da plêiade de espíritos.
O que significa “mesa branca”?
É outra terminologia empregada por aqueles que tentam facilitar uma explicação, mas, aí, criam misticismos e enganos ao quererem afirmar que são espíritas de mesa branca. O Espiritismo não tem preconceito contra as cores, você pode colocar uma mesa colorida e continuará sendo espírita. Não existe o Espiritismo de mesa branca.
O que é “O Evangelho Segundo o Espiritismo”?
O Evangelho nos traz os ensinamentos de Cristo, abordando, com prioridade, os valores morais. Ele não se prende ou dá exclusividade a fatos históricos. No Evangelho, nós buscamos o estudo e, acima de tudo, é uma ferramenta útil para vivenciarmos aquilo que Cristo veio nos apresentar como uma proposta para o nosso crescimento.
O que são médiuns e com quais propósitos?
O médium é um intermediário que consegue, com mais frequência e com uma percepção mais apurada, enxergar o mundo espiritual. Essa sensibilidade é um paralelo aos cinco sentidos que temos na vida material. Nossa missão como médiuns é nos aproximarmos dos espíritos superiores, a fim de recebermos orientações e, a partir daí, realizarmos o trabalho da nossa transformação e, ainda, auxiliarmos o nosso próximo.
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| Nilton Ferreira participa do programa Vivência Espírita, na rádio Piratininga, em São José dos Campos Foto: Acervo Pessoal |
Para o espiritismo, qual o conceito de céu e inferno?
O céu é aquele que conseguiu entender a mensagem de Cristo e realiza o bem a todo aquele que está ao alcance. Ele compreende a verdadeira felicidade e recebe a benção divina da paz interna. Ele encontra o céu em si mesmo. O inferno é aquela condição em que nos colocamos diante das conquistas pueris, que achamos que são os verdadeiros valores. É o inferno que nós criamos de uma ignorância.
Afinal de contas, espiritismo é religião, filosofia ou ciência? Por que?
A Doutrina é filosofia, é ciência e é religião.
É filosofia, porque vem nos responder “quem sou eu? ”, “de onde eu vim?”, “como poderei me transformar em um espírito de luz, de paz e de amor?”.
Ela é ciência, porque nos revela como existe a relação do mundo material com o mundo espiritual. Nos mostra as diferenças evolutivas entre cada homem e que temos que realizar esse caminho de conquistas.
É religião, porque vem nos mostrar a religação com o nosso Criador e o desejo do nosso Pai de que, como seus filhos, nos tratemos com amor e compaixão.
Qual a relação da doutrina com a ciência?
Kardec vai inteirar-se a respeito das mesas girantes, e a busca inicial dele é investigativa. Dentro do seu caráter de pesquisador, ele começa a criar hipóteses e buscar comprovações. Com isso, ele cria uma metodologia científica, a ponto de o próprio Kardec recomendar que se a ciência vier mostrar alguma coisa contrária ao que está publicado em alguma das obras do pentateuco espírita, que é para permanecermos com a ciência.
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| Nilton com sua esposa, Leda, em confraternização do final de ano da 19ª turma do Curso de Médiuns Foto: Acervo Pessoal |
Como o espiritismo explica o que as outras religiões chamam de “Demônio”?
Demônio, para a Doutrina Espírita, somos nós mesmos, quando, ainda na nossa ignorância, deixamos prevalecer em nossos sentimentos os nossos pensamentos e atitudes de orgulho, de egoísmo. Nós atraímos, por essa afinidade vibratória, outros espíritos que vêm ao ouvirem o nosso chamado, através desse sentimento, para criar uma aliança contra aquele que nós supomos ser o nosso inimigo.
Falando de reencarnação, por que as pessoas esquecem suas vidas passadas?
Esse véu que nós possuímos em relação às nossas vidas passadas nos favorece de não reconhecermos aqueles a quem prejudicamos que surgirão em nossos caminhos, mesmo dentro dos nossos laços familiares, e isso venha a limitar a possibilidade de nos reconciliarmos com essas pessoas na busca de uma paz. E também em reconhecermos aqueles agressores do passado, uma vez que teríamos dificuldade em ouvir-lhes o pedido de desculpas e reconsiderarmos essa aliança.
Qual a relação da doutrina com o misticismo?
Ela não possui relação em termos doutrinários. Nós criamos misticismos que alguns passam a crer pela falta do verdadeiro conhecimento. A Doutrina vem clarear a relação do mundo material com o espiritual e, a partir daí, nós encontramos as causas e as razões, e nossas atitudes passam a ser comandadas de forma muito mais natural, de uma racionalidade mais sensível.