trazendo recordações de sua trajetória.
Ela nasceu em Tremembé no dia 15 de dezembro de 1961, mas foi registrada em Taubaté como Maria Cristina Lopes, ou simplesmente Tina Lopes ou, para os mais próximos, Tininha.
Por Gabriel Rodrigues
Ainda quando jovem, ela iniciou seus
estudos de Arte e Educação pela Faculdade de Santa Cecilia (FASC), mas seu
primeiro emprego, na realidade, foi na loja Gil Cosméticos, localizada na rua
Chiquinha de Mattos em Taubaté, onde seu patrão lhe ensinou uma importante
lição: “O público sempre tem razão”. O amor de Tina pela arte surgiu quando ela
era apenas uma criança, e foi impulsionado pelo seu padrinho chamado Alfredo
Pires, que trabalhava como diretor de teatro amador e que, sempre que podia,
levava sua afilhada para desfrutar uma boa peça de teatro. Com o passar dos
anos, Tina foi cultivando uma afinidade muito grande com crianças, o que a
incentivou a lecionar artes cênicas na famosa escola de artes de Taubaté, a
Fêgo Camargo, por mais de 15 anos. Atualmente, ela atua como coordenadora do
museu Monteiro Lobato, mas continua atuando como professora na área da arte e
educação. Em entrevista realizada para o Vale Repórter, ela comenta um pouco
sobre suas experiências de vida e suas expectativas acerca da arte no Brasil.
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| Tina Lopes foi professora de teatro por mais de 15 anos |
Quando
surgiu o seu interesse pela arte?
Sempre gostei. Desde criança eu era daquelas bem xeretas
da escola, que participava de todas as festas. E devo muito a um padrinho meu.
O nome dele era Alfredo Pires, e ele era diretor de teatro amador, e ele sempre
me levava pra assistir as peças. Então esse gosto veio daí.
Quais
dificuldades a Sra. enfrentou na área artística?
Dificuldades em ter apoio. Eu acho que deveriam ter mais
leis de incentivo. Continuo trabalhando com artes, com crianças e para
crianças. Como educadora, eu fiquei desgostosa com a questão da própria
educação, porque a educação artística não chega a ser uma disciplina, então
acabo não sendo muito valorizada dentro da sala de aula. O campo do artista é
pouco valorizado. Se você for analisar, o investimento em cultura é de
0,000001%.
Como
foi a sua experiência como professora de teatro?
Adoro, eu gosto muito. Eu dei aula na Fêgo Camargo de 15
pra 16 anos, eaí eu tenho o Tiago Amaral, que está trabalhando no sbt. Vàrios
meninos voltam, e eles falam: Ela foi a minha primeira professora. Como eu
disse, eu gosto muito de trabalhar com crianças, e hoje em dia eles estão todos
casados, mas sempre vão continuar sendo os meus meninos.
De
que maneira a obra de Monteiro Lobato causou impacto na cultura brasileira?
Eu vejo assim, primeiro que ele foi um inovador, ele
conseguiu traduzir outras obras. Ele foi o percussor da literatura infantil.
Nós conhecíamos muito Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, os três porquinhos,
todos eles importados. Mas, o Monteiro Lobato criou o Sitio do pica-pau
amarelo. Esse ano trabalhamos “Memórias da Emília” que ele escreveu há oitenta
anos, e começamos a reler para construir uma trilogia e você consegue ver como
é atual.
Com
a evolução da tecnologia, a arte pode se tornar algo banalizado?
Eu vejo como outra forma de arte. Eu não acho que acaba
com a arte. Muitas coisas são formas diferentes, são séculos diferentes. São
maneiras de arte de acordo com o tempo, hoje em dia vemos muita construção e
desconstrução no teatro, tem hora que é o ator falando, tem hora que é o
personagem falando, e tem hora que não é nada. Acho que tem que tocar, tem que
emocionar, esse é o tipo de arte que eu gosto.
Qual
a importância da literatura brasileira para a cultura do país?
Eu acho que as pessoas precisariam ler mais Lobato para
entender a nossa literatura, ler mais os nossos autores para valorizá-los. Você
lança um best-seller, e cria muito mais expectativa, mas outros lançamentos
nacionais não são valorizados, porque o outro está na mídia. Eu vejo que a
literatura nacional deveria ser mais valorizada, para as pessoas se conhecerem
melhor.
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| Tina Lopes em evento artístico em Taubaté |
Qual
é a sua postura em relação aos investimentos do governo nas produções
artísticas do Brasil?
Eu acho que é tão pouco. Por exemplo, eu vou falar sobre
a área que eu estou trabalhando agora, a de museus. Para a parte de fomento
existe um Instituto brasileiro de museus, que quando eles abrem os editais,
eles já direcionam para o nordeste. Aqui em São Paulo nós temos o Proac
(Programa de Ação Cultural), onde você inscreve alguns projetos para captar a
verba. Para bancar uma peça de teatro fica caro, então, eu acho que tem que ter
mais investimento, como essa Lei Rouanet, que eu acho muito legal, mas quem
consegue captar são os “grandes”. Acho que teriam que abrir mais editais, mais
possibilidades e também preparar as equipes e grupos, para que eles fizessem
cursos para trabalhar em projetos de arte.


