Mãe que na busca por seus filhos na adoção, auxiliou outras famílias que se encontravam na mesma jornada de espera
Ao vermos Sandra Cristina, conseguimos enxergar uma pessoa com multi facetas, e que exerce tudo dando seu melhor, desde suas obrigações como mãe de três filhos, dois meninos e uma menina, como esposa, comerciante, congregadora em sua igreja ou como presidente de dois grupos voltados a adoção nas cidades de São José dos Campos e Jacareí.
Por Izabela Ferreira
Nascida em Taboão da Serra em 1963, e há 40 anos vivendo em Jacareí a comerciante formada em administração, sentiu a necessidade de conhecer um pouco mais sobre o universo da adoção, ao descobrir que não poderia ter filhos da maneira comum, e junto a seu marido começou a procurar grupos que pudessem auxilia-los no processo de espera do seu primeiro filho. Ao conhecer Heloísa Bomjardim que até então era a presidente do AleGrAA – Grupo de Apoio a adoção de São José dos Campos, ela se apaixonou por essa área e fez dela uma das principais partes de sua vida e de sua família que logo cresceu com chegada de seus outros dois filhos um casal de irmãos, observando a necessidade de casais que também passam pelos mesmo dilemas no processo de adoção, surgiu o irmão do AlegrAA o AlegriAA - Grupo de Apoio à Adoção em Jacareí.
Em quem a senhora se inspira para atuar com adoção?
Eu me inspirei na Heloisa Bomjardim, que foi a fundadora do AlegrAA de São José dos Campos, minha irmã no ramo de adoção, mas depois disso eu fui conhecer muita gente, por exemplo o senhor Luiz Schettini, sua esposa Suzana Schettini, o Sávio Bittencourt e sua esposa Bárbara Toledo, mas foi com a Heloísa que eu aprendi tudo que pratico e sei hoje.
Quais são os objetivos dos grupos?
Os grupos tem o objetivo de tirar todas as crianças do abrigo, este é objetivo de todos os grupos a nível Brasil, é encontrar uma família para cada uma dessas crianças, sendo irmãos, negras, com algum tipo de deficiência ou crianças mais velhas.
O que podemos esperar no futuro para os grupos?
Mudar a consciência dos governantes e algumas cláusulas do ECA - Estatuto da Criança e Adolescente, que não favorecem as crianças, o que queremos é que os órgãos públicos e o judiciário se empenhem mais, assim gostaríamos de fazer uma conexão para trabalharmos juntos.
| Como presidente dos grupos AlegrAA e AlegriAA Sandra realiza reuniões mensais para promover a adoção Izabela Ferreira |
De que maneira o incentivo à adoção tardia é trabalhado nos grupos?
Nós chamamos casais que tenham feito adoção tardia para dar depoimento, ou casais que se encontram há muito tempo na fila aguardando um bebê, para relatar esse momento de espera e contar o que já fizeram para sair da fila, levar profissionais que possam incentivar, pois não posso induzir ninguém a fazer esse tipo de adoção.
Qual a importância das reuniões e palestras promovidas?
Trazer união, a participação, tanto como grupo como os participantes, fazer a adoção mais conhecida, é falar para os quatro cantos do mundo: o que é adoção, para o que, como é, para que realmente as pessoas tirem esse preconceito sobre o tema.
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| Sandra procura sempre envolver seus filhos na rotina e nas atividades desenvolvidas pelos grupos. |
Como a adoção pode transformar a vida destas crianças?
Totalmente, imagina uma criança que vive no abrigo e você não sabe quanto tempo elas ficarão abrigadas, tem adolescente que sai de lá com 18 anos. Essas crianças infelizmente não tem nenhum tipo de esperança, de ter uma vida melhor, se formar, porque lá dentro essa criança não tem individualidade nenhuma, elas não têm fantasia, sonhos ou realizações, elas não conhecem o mundo lá fora.
Por que ainda existe um olhar preconceituoso em relação à adoção?
As pessoas que estão de fora, geralmente falam você é louca pegar uma criança e colocar para dentro de casa, mas muitas vezes as elas não falam por mal, mas por falta de conhecimento ou noção, por isso eu deixo claro nas escolas que eles estudam ou estudaram, para os professores e diretores. E às vezes os pais são os preconceituosos por esconder o fato das crianças serem adotadas, por isso temos que agir normalmente.
O que podemos esperar da aplicação das leis sobre a adoção?
O que nos esperamos a nível grupo é que ocorram mudanças, porque existem muitas leis que nos impedem de trabalhar, isso não depende nós, e sim, do poder público, judiciário e executivo, precisamos que estes poderes se juntem a nós para atingirmos o objetivo maior.
Como o CNA (Cadastro Nacional de Adoção) tem ajudado no processo de adoção?
Tem ajudado bastante, principalmente crianças de zero a seis anos, acima disso às vezes o cadastro nacional fica um pouco fora, mas ele facilitou, porque antes eu teria que me cadastrar em várias comarcas para adotar, já com o cadastro é a nível Brasil, e você pode escolher os estados que deseja.
O que as pessoas precisam saber sobre a adoção no Brasil?
Que adotar não é um bicho de sete cabeças, que adoção é uma atitude normal, precisam ter uma consciência que essas crianças necessitam de uma família como as biológicas, que o mundo só vai melhorar se essas crianças tiverem uma oportunidade de vida melhor.

