Senso de humor com um só ponto de vista

Batendo a marca de um milhão de visualizações, taubateano apresenta ao Vale do Paraíba uma nova visão (literalmente) de humor

Está cada vez mais comum abrir o Facebook e encontrar vídeos de um cara excêntrico, com um olho coberto, com o colarinho da camisa estampada impecavelmente abotoado, uma tatuagem aqui, outra ali, a barba por fazer e dezenas de compartilhamentos. Pois saiba, então, que ele tem nome, sobrenome e, acima de tudo, reconhecimento. Gilberto Jorge Guimarães Júnior. Júnior Guimarães. Tapa Olho Experimental.


Por: Nataly Oliveira


Com um milhão de visualizações, centenas de likes, milhares de comentários e um só ponto de vista, o comediante ganha cada vez mais os corações e as timelines dos valeparaibanos.

Nascido no município de Taubaté, filho de mãe costureira e pai pintor, Júnior considera o choro do seu nascimento sua primeira atividade na atuação e tem o humor como sua casa. Na infância, os estudos nunca foram o forte do menino que já buscava, por meio das piadas, a amizade dos colegas. Durante a pré-adolescência, o gosto pela música nasceu na vida do taubateano. Inspirado a tocar as canções que não eram tocadas nas rodas de amigos, Júnior aprendeu violão e hoje se considera músico e vagabundo, caso Marco Feliciano esteja lendo isso.
As artes plásticas, a poesia, o ballet, o circo, a prefeitura de Taubaté e até o mundo dos super-heróis foram carreiras almejadas pelo rapaz, mas foi realmente no humor que a estrela de Júnior Guimarães brilhou fazendo nascer, pouco a pouco, um filho chamado Tapa Olho Experimental.
Júnior Guimarães é famoso por fazer vídeos com sátiras do Vale do Paraíba
O humor "internético" de Júnior teve início de forma despretenciosa, no ano de 2010, através de um podcast chamado O Senhor Trompeteiro. Dois anos mais tarde, o artista sentiu-se abraçado pela web, tornando as pérolas do Vale do Paraíba protagonistas de um blog. Recebendo poucos acessos e decidido a divulgar seu trabalho, Júnior fez seu primeiro vídeo: uma apresentação de si e da plataforma. Inesperadamente, o vídeo atingiu repercussão suficiente para gerar a certeza de que esta era a estrada certa a seguir.
Transitando do blog para o YouTube de forma natural, o caminho audiovisual abriu portas e janelas para que o humorista fizesse dali o seu lar: O Tapa Olho Experimental ganha, então, o seu lugar.
Intrigante, o nome de seu canal na rede é constantemente questionado e vem de uma história não tão engraçada assim, mas, como humorista nato que é, as dificuldades da vida do artista não foram capazes de abalar as piadas. Aos dezoito anos, Júnior Guimarães foi vítima de toxoplasmose, perdendo completamente a visão do seu olho direito. O que poderia ser um trauma, foi um limão para uma limonada, caracterizando de forma singular e se tornando a marca registrada de seu trabalho.
No ano de 2014, o canal teve seu "bum" de reconhecimento e, hoje, Júnior conta com João Justi -quem considera ser seu olho direito-, para todo o trabalho, desde o roteiro até a postagem final. Juntos, eles produzem semanalmente novos conteúdos para o quadro "Reações Valeparaibanas", criando personagens inspirados por amigos e pessoas que conheceu durante suas andanças como músico pelo Vale. Repletos de um humor espontâneo, leve e inteligente, retratando as peculiaridades que o valeparaibano de cada cidade da região traz consigo, os personagens são cativantes e já muito queridos pelos telespectadores do canal.
Atualmente, o canal conta com 3.660 inscritos
Com a popularidade que o Tapa Olho Experimental alcançou, patrocínios estão surgindo cada vez mais na vida dos sócios, que fazem questão de manter o estilo dos vídeos mesmo após negociarem com algumas marcas. Frequentador de reuniões de negócios, atualmente Júnior vê no seu hobby um trabalho sério com o qual pretende continuar até receber um pedido de Jim Carrey para encenar um dos personagens.
Mas não acaba por aí! Na intenção de propagar as reações valeparaibanas e dominar o mundo, Júnior deu mais um passo ao levar sua arte aos palcos de stand up. No contato cara a cara com o púlico, ele descobriu uma nova paixão e está satisfeito com o resultado que está tendo.
Investindo no humor sem desistir da música, Júnior continua pelos bares da região sendo cada vez mais reconhecido por fãs que admiram ambas as artes que ele produz. Sendo um misto de dor e delícia, o reconhecimento é uma novidade para o artista que ainda está aprendendo a lidar com as críticas e abordagens, mas que se diverte e valoriza a importância desse retorno.
Considerando a música e o humor profissões parecidas desde a marginalização até a satisfação pessoal que oferecem, Júnior coloca em seu trabalho todas as suas emoções e sensações, demonstrando seu amor pelo Vale do Paraíba, gerando risos que não medem idade, raça ou religião e fazem o público questionar cada vez mais: a vida imita a arte ou é a arte que imita a vida?