Engenheiro revela que suas pesquisas vão além do campo de exatas e a paixão pelo saber não tem restrição
Engenheiro, corintiano e curioso. Francisco Anselmo, ou Gordo como é mais conhecido, tem uma curiosidade nata, algo difícil de encontrar atualmente. Ele destrincha todo assunto que acha interessante. E faz mais: divide seu conhecimento com quem estiver disposto a ouvir.
Por Thaís Gregório
Na história, os primeiros maçons eram os construtores dos antigos castelos e igrejas. Aliás é daí que surgiu o nome – maçom, em francês, significa construtor. O também construtor e maçom Francisco Américo Lopes Anselmo, ou Gordo, como gosta de ser chamado, é um engenheiro civil de 62 anos, natural da cidade de São Paulo, fez a vida no interior do estado, em Jacareí, onde vive desde 1973. Sócio proprietário de uma construtora de renome, Gordo vem de uma família que é tradicionalmente de engenheiros e maçons, e conta que sempre se interessou pelo espiritualismo, história e filosofia.
Na cidade em que vive atualmente, se envolveu com grupos espíritas no qual até hoje faz parte, nos grupos ele também participa de cursos e ministra palestras (nada relacionado a mediunidade, mas sim a filosofia). E assim como o avô, o pai e os irmãos, Gordo também ingressou na maçonaria, onde foi iniciado em 1985. Com 31 anos de experiência na organização, participa ativamente das sessões e graças a ela pode desenvolver seus conhecimentos filosóficos e históricos, seguindo os passos que deu no espiritismo, ministra diversas palestras e exposições. Ele considera os estudos da maçonaria e do espiritismo como seus hobbies.
Do estudo, surgiu uma palestra que ganhou destaque em sua trajetória na maçonaria. Como a organização comemora a independência do Brasil (pois teve participação no evento), todos os anos são realizados trabalhos sobre o assunto, que segundo Gordo com o passar do tempo acabou caindo na mesmice. Ele então e outro integrante da loja, Celso Abrahão, decidiram tentar algo diferente: Francisco estudou profundamente a vida de Gonçalves Ledo e Celso a de José Bonifácio. Sem conversar sobre o assunto e com a ajuda de um mediador, os dois, caracterizados como os personagens históricos, fizeram um debate muito interessante sobre o tema. A experiência foi repetida mais duas vezes, mas Gordo acabou optando por não fazê-la mais para que não caísse no desgaste.
Ele conta ainda que essa passagem da história sempre chamou sua atenção e em uma viagem à Portugal descobriu mais curiosidades sobre Dom Pedro I e a coroa portuguesa, o que causou em Gordo um genuíno interesse. Quanto mais pesquisava, mais coisas descobria sobre a figura do Imperador e outros personagens que fizeram parte de sua histórica. Decidiu então compartilhar seus conhecimentos, através de novas palestras. Ele sempre quer mais informação, mas não se prende somente a esse período histórico, sua pesquisa vai além. Inclusive, foi colaborador na elaboração do livro “A ditadura vista pela Maçonaria” de Tatiana Martins Almeri.
Antes de viajar, Gordo sempre separa um tempo para estudar a história do local, seus costumes e gastronomia. Acaba transformando sua viagem, numa viagem de conhecimento e de cultura. Sua esposa, que sempre viaja com ele, acaba se tornando uma ouvinte.
Gordo planeja agora estudar mais sobre a Princesa Isabel e o contexto da escravidão no país. Mas não quer se abster a isso, no campo do espiritualismo ele também tem estudado sobre as teorias cientificas, como o Big Bang. Em sua mesa de cabeceira, não tem apenas um livro, mas vários. Sua casa é repleta de livro e sempre procura espaço para mais um. Ele lê de tudo e acredita que isso é essencial.
Ele conta que o gosto pela leitura é de família. O costume veio do pai, e Gordo passou para seus dois filhos que aos finais de semana, quando eles vêm visita-lo sempre tem conversas deliciosas. Para ele é um prazer que sua família compartilhe esses momentos.
Quando pergunto se ele se considera mais pesquisador do que engenheiro, Gordo não sabe responder, mas acredita que é as duas coisas são afetas. E como engenheiro também pesquisa inovações na área. Em nosso tempo de entrevista, no seu escritório, Francisco me deu uma aula grande aula de história. Ele encerra a entrevista dizendo “Devemos fazer o maior esforço o possível para viver de acordo com nossas convicções”.

