Fazendo o bem, para quem fez muito

Como um Professor de Educação Física dedicou sua vida profissional para melhorar a qualidade de vida dos idosos.

Em um país onde a educação sempre está em segundo plano, há quem diga que só se torna Professor quem realmente ama o que faz. Renato Mazzetelli de 39 anos se enquadra nisso.
Por: Túlio Correa


Nascido em Pindamonhangaba, interior de São Paulo, ele se formou em 1999, em Educação Física, pela Universidade de Taubaté e iniciou a carreira no trabalho com idosos de onde nunca mais saiu.

Professor Renato Mazzetelli e a turma de alunos
do projeto LX+
Renato se apaixonou por esporte ainda adolescente, quando entrou para a equipe de natação da cidade, aos poucos foi conquistando títulos e gosto pela pratica esportiva e mesmo sabendo das dificuldades que enfrentaria, escolheu ser Professor.

No convívio com sua avó Aparecida Mazzetelli, a quem cuidou por muitos anos, Renato aprendeu o quanto os idosos são frágeis e que precisam de uma atenção especial. E foi sua avó o motivo que o fez ingressar no trabalho com a terceira idade, onde ele acredita que está retribuindo de alguma maneira, todo carinho e amor que recebeu de dona Aparecida.

Apesar de sofrer com a resistência dos pais na escolha da profissão, ele seguiu seus sonhos, “Minha mãe, sempre foi enfática de que gostaria que eu fizesse vestibular para Engenharia e meu pai gostaria que fizesse SENAI, mas não teve jeito, o que queria mesmo era ser Professor.” Conta Renato. Apesar da desconfiança no inicio, os pais foram fundamentais para a conclusão de sua formação, e seu pai, Alberto, ex-jogador de futebol, foi sua principal inspiração.

Mas a vida profissional não começou as mil maravilhas, Renato já foi Cobrador de ônibus, Office boy e Auxiliar Administrativo e mesmo depois de se formar em Educação Física, ainda passou por dificuldades, ele acredita que a maior delas foi quando por uma doença, teve que deixar o emprego em São Paulo e regressar ao Vale do Paraíba. “Tive muita sorte na Cidade de São Paulo, porém fui obrigado a voltar e ai, me deparei com a realidade interiorana e me decepcionei com o que se pagava na época, e foi um momento onde quase desisti da Profissão.” Conta o Professor, que não desistiu da carreira e hoje esta muito contente com o rumo que ela tomou. “O mundo está envelhecendo, tem muito trabalho pela frente”. Brinca ele.

Com um perfil bem brincalhão, e muito carinhoso, ele atualmente está à frente do projeto LX+, voltado para a terceira idade, que é organizado pelo clube TCC em Taubaté. Renato coordena atividades de aeróbica, natação e musculação para melhorar o equilíbrio e condicionamento físico dos alunos, e está sempre preocupado com a alimentação e vida que os idosos levam fora do projeto, e apesar de todo o clima descontraído das aulas, ele também é bem rígido na pratica correta dos exercícios, sabe que nessa idade, as pessoas tendem a terem menos motivação, por isso sempre elogia seus alunos, fala no que melhoraram e onde ainda podem melhorar e trata todos como se fosse um neto preocupado, cuidando dos avós.

Quando fala em futuro, ele pensa em criar o próprio projeto social para idosos, esse de graça, para atender todos que precisam e ele sabe o quanto é necessário. Renato se mostra indignado quando cita a maneira como os idosos são tratados no país, para ele faltam projetos e principalmente incentivo a praticas esportivas e boa alimentação, segundo ele é um problema de cultura, “No Brasil, uma cama e uma TV é o que basta” exclama o Professor.

Equipe LX+ após aula no projeto
O que torna o Professor tão especial em sua profissão, não é só o trabalho que realiza, mas sim como o realiza, é visível que não faz pelo dinheiro, e sim por amor, talvez seja esse o segredo do sucesso em sua carreira. Idosos são um publico a parte, não estão aprendendo como é o caso das crianças, estão muitas vezes com costumes enraizados em suas cabeças, talvez ele tenha descoberto a maneira de mudar isso e faz tudo bem feitinho. Corrige as posições, faz piadas, pergunta da família e alimentação fora do projeto se mostra realmente interessado em ouvi-los e é por tudo isso admirado por seus experientes alunos, além do trabalho físico, o professor ainda realiza um trabalho mental, através de jogos de memória, interação entre os alunos e eventos especiais, como confraternizações temáticas por exemplo.

Renato Mazzetelli é apenas uma pessoa que representa vários brasileiros que resolveram simplesmente ajudar a melhorar a qualidade de vida de nossos idosos, que tanto sofrem com maus tratos, negligencia por falta da administração pública e muitas vezes por abandono da família. Justo eles que fizeram tanto pelo país. Renato merece aplausos pela consciência que possui e sabe que um simples ato pode fazer a diferença na vida destas pessoas, por isso o faz, e pretende continuar fazendo até onde aguentar, porque lembra com carinho de todo amor que recebeu de sua avó, e continua recebendo todos os dias em seu trabalho. Quando perguntado se pretende mudar de área, trabalhar com outras pessoas, ele é enfático. “Não, amo o que faço.” Fala com orgulho o Professor.