Aos 61 anos de idade, a vida proativa de Braga Barros é rodeada de criações, amor à família, à arte e à cidade natal
Por Gioconda Barros
![]() |
| Foto: Daltro Rotta |
ar folhas de bananeiras nas carteiras. Irritavam o diretor, mas ainda argumentavam – “Nada, diretor! É só pra modificar a paisagem, todo dia a mesma coisa”. Outra malandragem enquanto estudante foi de presenciar inúmeras vezes colegas desligando as chaves de luz que se assemelhavam a alavancas. Tudo isso para acabarem com a energia elétrica do prédio, serem dispensados das aulas e irem assistir filme. Antigamente Paraisópolis contava com o “Cine Vitória”. Uma grande atração cultural da cidade que fazia os alunos matarem aula para assistir os lançamentos dos anos de 1960, 70. Apesar dos arteiros, Braga afirma que isso os proporcionou uma grande formação de cinema.
E já chegando perto de uma escolha de curso para ensino superior, Braga Barros passou pela experiência de morar em Itajubá (MG) em uma república com apenas estudantes de engenharia. E reparando nos estudos dos companheiros com enormes pranchetas, repletas de traços, desenhos, inúmeros cálculos se assustou. Voltou para casa dizendo aos pais que não queria aquilo para ele. Queria era conversar com gente! E logo foi convidado para ser professor voluntário e resolver prestar vestibular para História. Então foi se tornando professor, foi aprendendo e gostando. Hoje, acha que ajudou muita gente durante a caminhada nessa profissão e se sente realizado com ela.
![]() |
| Foto: Aliomar Rangel Gomes dos Santos |
Atualmente Braga é aposentado, mas tem sede de novas ideias. Há quase 2 anos foi convidado para integrar o jornal “O Vento” que circula pela cidade mineira e trabalha voluntariamente nele com mais dois amigos, também aposentados. E ainda, em 2016 o projeto “Caminhada Poética: Tinha um Drummond no meio do caminho” completa sua 6ª edição. Essa inspiração veio da cidade de Guimarães Rosa, Cordisburgo (MG), que também realiza essa caminhada anualmente. Mas, Braga colocou mais dele nessa iniciativa, optando por publicações de Carlos Drummond de Andrade, de quem é admirador. Essa caminhada é para um número limitado de pessoas que adquirirem os convites, e é iniciada com um café da manhã e segue um percurso com 10 paradas para atores recitarem as poesias. Na volta ainda há um segundo cafezinho para encerrar. Tudo isso é realizado em uma das lindas montanhas integrante da Serra da Mantiqueira.
Assim, podemos entender superficialmente a vida proativa de professor, que sonhou e se realizou. Agora continua fazendo pelos outros. Ele admira nas pessoas a disponibilidade, gente que está sempre disposta a ajudar o outro, seja ele quem for. Ele também se vê assim, e observa que a disponibilidade é uma virtude muito grande. E se orgulha ao falar dos filhos que sempre desfrutaram da educação pública, desde o primário até a faculdade. E defende a educação pública, principalmente por possibilitar a convivência com a diversidade de pessoas.
Apesar da atual situação do país não ser a melhor, em diversos aspectos, na política, na educação, na saúde e em outros pontos, o paraisopolense lembra que toda essa situação foi uma construção de muitos anos por algumas pessoas. Então, se ela foi construída pelos homens, ela também pode ser destruída, reconstruída, refeita, reformulada pelos homens. Isso o deixa feliz. E também porque o Brasil tem bons exemplos, inclusive na política. Só basta acreditar nas pessoas diferentes da gente. Para Braga, ser brasileiro é assumir essa condição de diversidade, é respeitar as pessoas. E respeitar é admirar. E o brasileiro tem muita qualidade.


