Estudante de Letras lança livro com projeção internacional

O Baú do Rei, publicado pela Chiado Editora, é a estréia de João Pedro Venâncio como escritor e ilustrador. A obra foi lançada com projeção internacional em 2014, antes mesmo de ele completar dezoito anos de idade.

Por Matheus Felizari


Em entrevista, o jovem autor conta como foi o processo de criação, publicação e divulgação do livro. Aluno da Universidade de Taubaté e natural de São Bento do Sapucaí, João cursa o terceiro semestre de Letras e inspirou-se em quatro amigas próximas a ele para criar O Baú do Rei. O livro começou a ser escrito em abril de 2012 e apresenta ao leitor criaturas fantásticas que vivem dentro de um baú mágico. Ao final de 2013, a obra foi descoberta pela Chiado Editora, uma empresa européia. Com o sonho de ser reconhecido pela qualidade do seu trabalho tornando-se realidade, João conta um pouco mais sobre O Baú do Rei e sobre a sua vida.

João, como surgiu o sonho de se tornar escritor?

J. P.Venâncio: Na verdade, sequer consigo me lembrar, de tão enraizado que está em minha infância. E o sonho não começou como sonho, começou como vocação. Eu nem mesmo tinha consciência de que ser escritor ou ilustrador poderiam ser profissões; eu simplesmente amava exercitar a criatividade.

Qual foi a sua inspiração para criar O Baú do Rei?

JP: A inspiração surgiu pela minha afinidade com todo o universo fantástico. Sou apaixonado por ficção, pela realidade inventada, por tudo o quê não é possível no mundo frustrante no qual vivemos. Então, elaborar uma história, onde a magia e a fantasia possuíssem um papel tão importante, seria o “playground” perfeito para mim. Foi assim que me inspirei para conceber O Baú do Rei.

Por que as quatro meninas às quais o livro é dedicado são tão importantes para você?

JP: Digo que elas são, em partes, responsáveis pela personalidade que tenho e pelo caráter que construí. Além de que a minha amizade por elas é, de forma imediata, a fundação do enredo de O Baú do Rei. Quando meus leitores estiverem a ler sobre Dragões ou Esfinges, castelos ou magia, por mais que não saibam, estarão lendo sobre essas quatro meninas; estarão penetrando no mais profundo de nossa amizade. A realidade estará apenas mascarada de fantasia. Não ouso nem mesmo dizer que tive de acrescer magia às quatro meninas para o livro, elas por si mesmas, são mágicas!

Há planos para uma continuação de O Baú do Rei? Quais são os seus projetos futuros?

JP: Uma continuação de O Baú do Rei talvez não fosse interessante para a minha carreira como iniciante. Preciso escrever histórias novas, diferentes, preciso mostrar o mais extremo da minha versatilidade como profissional. Mas se há outros planos para o futuro? Não restam dúvidas. Sim, muitos! Se hoje mesmo a minha “fonte” secasse, se não mais inventasse novas histórias, ainda assim eu já teria outras prontas em mente, de uma quantidade suficiente para escrever até os meus trinta anos de idade.

Quais dificuldades você enfrentou durante o processo de concepção do livro?

JP: Especialmente a compreensão dos meus pais. Venho de uma família tradicional, do interior, e a idealização de trabalho que eles tinham não comportava, de forma alguma, os meus planos e a minha paixão. Demorou para que eles aprendessem a tolerar o tempo que eu “perdia” me isolando para criar histórias.

E para conseguir publicar o mesmo?

JP: Aí entrou de fato o grande desafio! Primeiro porque eu era menor de idade; em seguida porque eu não estava inserido socialmente no meio literário; e por fim, porque eu vivia perdido numa cidadezinha da Serra da Mantiqueira. Assim, ninguém gostaria de investir em um “pivete”, sem experiência com literatura e que vivia em uma cidadezinha fora dos pólos comerciais do país. Mas, então, apareceu a Chiado Editora: empresa para a qual eu não revelei logo de cara que era menor de idade; empresa que tinha uma equipe preparada o suficiente para garantir o profissionalismo; e que sendo de outro país, pouco se importava com a localização geográfica da minha cidade.

Como é o trabalho de divulgação do livro?

JP: Acredito que seja esta a próxima etapa. E como tal, também espero pela chegada do grande clímax. O trabalho não pode ficar exclusivo à editora, sem dúvidas, devo colocar as mãos na massa para divulgá-lo. Mas este também é outro processo extenso, é com um esforço incansável em que, gradualmente, trazemos o livro ao conhecimento do público.

Como é a sensação de finalmente ter uma obra publicada com projeção internacional?

JP: Sinto como se colhesse os frutos uma verdadeira batalha. Sempre imaginei essa empreitada como uma grande aventura, então, é como viver agora o grande clímax da primeira etapa da minha carreira. E certamente é um clímax inimaginável, uma grande reviravolta. Para mim já bastaria se fosse uma simples editora brasileira! Então, sorvo dessa experiência como muita gratidão.

João, você pode fazer algumas considerações finais para quem pretende seguir o seu exemplo e quer se tornar um escritor ou escritora?

JP: Uma citação clara e extremamente expressiva de Walt Disney: “If you can dream it, you can do it” (se você pode sonhar algo, você pode fazê-lo). A frase pode parecer demasiadamente simplista, mas é capaz de decifrar o grande gatilho de qualquer realização.