A batalha de uma artesã

A rotina dos profissionais que trabalham com artesanato não é fácil, alem de enfrentar a concorrência, ainda lidam com a falta de reconhecimento de sua mão de obra na região.


Por Maristela Oliveira


Maria Letícia de Oliveira Silva, tem 55 anos e é artesã oficialmente desde os 40. Com 35 largou o emprego numa fábrica, onde trabalhava de operária, para se dedicar a criação de seus filhos e, desde então, não conseguiu voltar para o mercado de trabalho com carteira assinada devido à escassez de emprego e a sua idade, então decidiu dedicar seu tempo apenas a sua arte e aos seus filhos. Nesse momento o artesanato se tornou sua única renda e passou a trabalhar em casa.

Ao longo de sua carreira como artesã trabalhou com arte em jornal, patchwork, biscuit, crochê e decupagem, mas atualmente não consegue manter todos devido a quantidade de encomendas e aos gastos com material, por isso dedica-se apenas ao crochê. Conforme os anos se passaram, ela adquiriu pela prefeitura de São José dos Campos a carteirinha de artesã do Sutaco (Superintendência do trabalho artesanal nas comunidades) que proporciona maiores possibilidades ao profissional, por exemplo, a participação em feiras de diversos locais da região que têm como objetivo apresentar ao público o artesanato regional.

As mais conhecidas e apreciadas pelo publico são a “Feira do mineiro” e o “Revelando São Paulo”. Mesmo com tais oportunidades, ela ainda afirma ser complicado viver apenas do artesanato, pois tal trabalho não é tão reconhecido pelo público e a renda não é estável, portanto corre o risco de não conseguir pagar suas contas. Maria Letícia batalha diariamente expondo seu artesanato na varanda de sua casa em cima de mesas que ela improvisa, fazendo as encomendas, vendendo barbante para crochê e dando aula de artesanato para a vizinhança no período da tarde duas vezes por semana, aulas que acontecem na sala de sua residência. Apesar das dificuldades, ela diz que aprecia muito o que faz e não pretende parar, pois além de ser seu ganha pão, é também um momento em que se concentra e desliga das outras coisas do mundo.

A profissional ainda dá sugestões de melhorias para a carreira do artesão no Vale do Paraíba. Ela sugere que as feiras aconteçam com mais freqüência e, se possível, se tornem fixas, além disso, ela propõe que o número de profissionais recrutados seja maior para que assim todos possam ter a oportunidade de participar em muitas feiras e aumentar sua renda. Maria Letícia não ganha muito, não tem muitos bens materiais e batalhou por tudo o que alcançou desde cedo, mas tem algo que ela considera mais valioso que qualquer posse: o talento para encantar a vida das pessoas com sua arte.

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