Um lugar movido pelo amor

A reação de uma mãe ao saber que está grávida é algo que palavras não podem descrever. Imaginem só quando se recebe a notícia que seu filho é especial. Para algumas mães, muito raras por sinal, isso pode soar como algo “anormal”, que não é costumeiro. Mas algumas mães, em sua maioria, triplicam o amor logo após a noticia de que seu filho é especial.

                        Por Letícia Domingues
Assid, uma associação que quer deixar de lado ao preconceito e fazer a inclusão dos assistidos

O sentido da palavra “especial” seria referência a algo diferente, como crianças com algum tipo de deficiência, seja ela física ou psíquica. Neste sentido entro no mundo dos jovens, porém, crianças com a Síndrome de Down. A trissomia 21, denominada popularmente síndrome de Down, é uma condição cromossômica causada por um cromossomo extra no par 21. Crianças e jovens portadores da síndrome têm características físicas semelhantes uns dos outros e estão sujeitos a algumas doenças.
As crianças portadoras da síndrome apresentam deficiências intelectuais e de aprendizado, mas não deixam de ser pessoas com um personalidade única, que estabelecem boa comunicação e são sensíveis e interessantes. Alguns jovens conseguem se desenvolver normalmente, ou não, dependendo do estimulo recebido pela família e em seu ambiente de aprendizado, que seriam as escolas ou estabelecimentos que cooperam com a evolução deles em ambos os aspectos.
Em Taubaté existem escolas especializadas em educar crianças com esta síndrome e com outras deficiências. Mas nunca se ouviu falar de uma associação que fosse especificamente especializada em tratar e dar apoio somente jovens com à síndrome de down. A Assid (Associação para Síndrome de Down) fica em uma rua quieta, meio escondida, mas que tem um valor muito grande perante seus frequentadores e pais.
Já são nove horas da manhã e a associação já começa a receber seus assistidos (como os funcionários chamam as crianças). Lucy Prado, mãe de um down e atual presidente da associação, aguarda os quatorzes jovens para seções com psicólogas, psicopedagogas e fisioterapeutas, que são divididas entre o período da manhã e tarde.
Nas aulas de fisioterapia os grupos formados por três assistidos ganha vida, com movimentos, brincadeiras, e muita estimulação recebida pelo fisioterapeuta Nonato Sales. Segundo ele, ficar ao lado de crianças com down é uma experiência única, mesmo que seja voluntária, sua participação, ele não deixa de comparecer uma dia. “Me sinto revigorado ao dar aulas para eles, eles exaltam alegria mesmo com suas limitações”, ressalta.
Logo que as crianças com síndrome de down se cadastram na associação, é feito uma entrevista com a assistente social voluntária da casa. Nesta entrevista é verificado as condições médicas do jovem, avaliado o ambiente familiar que esse jovem é inserido e com que condições psicológicas e psicomotoras os voluntários podem exercer em cada caso especifico dos assistidos com a síndrome.

Para a parte de psicopedagogia, uma pessoa bem conhecida, que trabalha na associação desde a fundação, em 2005, é Ana Maria Gomes, mais conhecida como Ana Baiana. Seu trabalho é direcionado integralmente à inclusão social da criança, com fundamentos em seus realizares escolares. “Aqui na associação trabalhamos com a alfabetização primária, que seria a escrita, compreensão das letras, distinção das cores, jogos pedagógicos voltados para o desenvolvimento psicomotor dos assistidos”, relata Ana.
Como a associação não tem fins lucrativos, tudo o que se vê nela é provindo de doações. As salas de alfabetização são equipadas com mesas especiais, tudo muito colorido, didático, jogos especializados em educação, entre outros artifícios. A sala de fisioterapia, graças a um convênio firmado com a fábrica da Volkswagen de Taubaté, tem aparelhos de ginastica, esteiras, bicicletas elétricas, bolas para exercícios e muitas outras ferramentas que auxiliam no desenvolvimento dos assistidos
Para os alunos, é uma alegria conviver em um ambiente sem julgamentos, apenas com amor e carinho. Todos os anos, e em alguns meses, a associação realiza festas juninas, comemorações em geral, para agregar a inclusão social de seus assistidos e realizar essa troca de experiência com a população que não conhece o trabalho da associação dentro da cidade de Taubaté
Para a presidente da associação, Lucy Prado, a convivência com os jovens com a síndrome é diária, pois ela é mãe, então o que ela proporciona para seu filhoh ela quer proporcionar para os jovens que frequentam a Assid. Lucy, que já é fisioterapeuta, recebeu o convite para se tornar presidente no mês de junho deste ano, “Eu abdiquei minha vida pessoal para trabalhar aqui. Já trabalhei com crianças especiais, e é um serviço muito gratificante, trabalhamos por amor e nada mais”, relata.
Roselie Silva, mãe de um dos jovens assistidos, afirma que desde que seus filho entrou na associação ele deslanchou, aprendeu a escrever, está mais sociável e perdeu medo de fazer coisas rotineiras como andar pela rua ou até mesmo andar de carro. Mas Roseli conta também que não foi fácil, há 27 anos atrás, receber a notícia de que teria um filho especial. “Nenhuma mãe está preparada para receber está notícia, mas depois que ele nasceu, junto, nasceu outra Roseli, mas corajosa e feliz, por ter um filho tão especial como ele em minha vida”, chorando, a mãe olha orgulhosa para seu filho.
Nonato Sales, fisioterapeuta, comenta que algumas mães, mesmo depois de algum tempo ainda não aceitam a síndrome dos filhos, “fico até meio sem jeito, pois temos que trabalhar em conjunto com a família, e como uma criança vai ser inserida socialmente se nem dentro de casa a família os apoia?”. Nonato se questiona, e infelizmente afirma que ainda vê mães que não conseguem apoiar seus filhos a se desenvolverem.
Lucy teve seu primeiro filho, com down. Ela afirma que quanto foi noticiado da síndrome de seu filho, levou um choque. “Eu vejo que há vinte anos era um baque para as mães receberem tal noticia, mas hoje em dia muito se é falado a respeito e agora esse tabu está sendo quebrado”, e emocionada, completa, “Eles são mandados para as famílias certas para que nós possamos crescer pessoalmente junto a eles, eles são tudo que nós mães poderíamos pedir em um filho, tudo e mais um pouco. É muito amor”, encerra.