Leite e chocolate só se for de soja. Carne e ovo não são uma opção. Manteiga, iogurte, queijo e mel também não. Enfim, qualquer produto que seja de origem animal é proibido.
Por Nathália de Oliveira
Preocupados não só com os direitos dos animais, mas também com o meio ambiente, eles buscam ter uma vida saudável, moral e ecologicamente correta. Para isso, além de terem refeições diferenciadas, procuram excluir de suas vidas qualquer tipo de entretenimento, comércio, vestuário, testes e produtos que exploram os bichos. Portanto nada de camisas de seda, lã e jaquetas de couro. Sem ir a circos e rodeios, qualquer forma de diversão que seja abusiva não é divertido.
Produtos de beleza e higiene, só se não usarem animais como cobaias e que não os usem como um dos ingredientes.Procurando ter uma vida mais saudável e justa ao meio ambiente que a universitária e ativista Caroline Ferreira, 18 anos, adota essa filosofia em sua vida. “Desde que eu era muito novinha eu não gostava de comer carne vermelha, eu já via os animais como um semelhante”, explica a aspirante a vegana, que deixou de comer qualquer tipo de carne há três anos. Mas foi somente no final do ano passado quando ela conheceu os integrantes da Camaleão, grupo que procura difundir o veganismo na sociedade e do qual ela faz parte como ativista, que Caroline decidiu transitar de vegetariana para vegana. “Eu não estou nisso há muito tempo, eu ainda não atingi o veganismo, eu não me considero vegana, mas eu me sinto muito bem tentando, participando. É lutar por algo maior do que você”, frisa a recém-ativista. “Você tem a chance, mesmo que pequena, de mudar o mundo”, completou sobre a sensação de fazer parte do grupo e de poder ajudar os animais.
Veganismo e vegetarianismo são dois termos parecidos, mas que possuem particularidades que diferem um do outro. O vegetariano não come nenhum tipo de carne, mas, ao contrário do vegano, ingere derivados, vai ao circo e usa roupas de seda. “O veganismo não passa de um passo além do vegetarianismo”, explica o idealizador, fundador e ativista do Coletivo Camaleão, Douglas Geovanini, 22 anos. “Não faria sentido a gente dizer que tem uma alimentação baseada em vegetais pela questão do sofrimento animal sendo que frequenta rodeio e usa couro”, ressalta o ativista, que é vegano há mais de três anos.
Uma pessoa que não come carne, não por causa dos direitos dos animais, mas por uma questão de saúde ou pessoal não é considerada vegetariana, pois para receber esse título os bichos devem ser a principal razão para adotar este estilo de vida.
As proteínas são macronutrientes essenciais ao organismo e são encontrados nos alimentos de origem animal em maior abundância do que nos de origem vegetal. A carne, além de ser uma boa fonte protéica, contém vitaminas A, D, as do complexo B (B1, B2, B6 e B12) e quase nada de carboidratos. “É possível ter uma dieta equilibrada sem a ingestão de alimentos de origem animal na vida adulta, pois o organismo já passou por todas as etapas de desenvolvimento estatural, hormonal e sexual”, explica Mariana Gonçalves, nutricionista clínica especialista em nutrição ortomolecular e esportiva sobre a dieta vegana para adultos, pois nessa fase da vida a subtração dos nutrientes podem ser supridas pela suplementação de vitaminas e minerais. “Porém, contra-indico completamente uma dieta vegana para crianças e adolescentes, pois a carência desses nutrientes pode acarretar prejuízo ao desenvolvimento do organismo como um todo”, salienta Mariana. De acordo com a nutricionista, um dos benefícios da redução de ingestão de proteínas de origem animal na vida adulta é a melhora na digestibilidade da dieta, já que o tempo de digestão da carne bovina e suína é de 4 dias e as aves em tornou de 3 dias. Portanto, para ter uma vida saudável sem a ingestão de alimentos de origem animal é necessário consultar um Nutricionista para auxiliar a adequar a dieta quanto aos nutrientes necessários.
Alguém que queira se tornar vegano a principal dica é que se informe muito bem antes. “O que tem que fazer é ter força de vontade e correr atrás de informação. Sobre o veganismo e sua relação com o meio ambiente, os benefícios a saúde, a questão social e, logicamente, os direitos dos animais”, sugere Douglas Geovanini. “Tem que se informar, por que tem gente que decidi, mas não conhece as implicações. Tem algumas coisas para se estar atento. A pessoa para de comer, fica doente e depois fala que não é saudável esse tipo de alimentação”, destaca a ativista Caroline, sobre a importância de conhecer o veganismo antes de começar com as mudanças na alimentação. Outra dica para quem quiser fazer parte desse estilo de vida é que comece retirando os derivados e depois a carne. “Nas carnes, muitos animais são criados para depois serem mortos. No caso dos derivados eles tem uma vida inteira de miseria para terem o mesmo destino do outro que foi criado apenas para virar carne”, explica Douglas, sobre o porquê de começar pelos ovos e laticínios.
Para largar uma dieta de uma vida baseada em alimentos de origem animal para adotar uma alimentação de origem vegetal pode ser complicado. Existem muitas implicações e restrições a se seguir que transformam a transição de dieta um caminho árduo. “A dificuldade mesmo está para os animais, pelo sofrimento que sofrem, pelo fato daqueles que não são veganos. Para gente que é vegano é facil, o complicado mesmo é estar na pele deles”, afirma o idealizador da Camaleão, Douglas Geovanini. “Basta imaginar que desde cedo eles já sofrem. Geralmente o nascimento da vida humana é comemorado como uma celebração, no caso deles é torturante desde cedo”, finaliza o ativista. “Para mim o mais difícil foi largar o chocolate ao leite pelo feito de soja”, confessa a universitária Caroline Ferreira.
