Vida de circo

“Eu nasci dentro do circo”, essa é a resposta da maior parte dos cerca de 150 funcionários do circo Stankowich. 

por Luiz Malheiros
A lona da família, que carrega sete gerações de artistas circenses, já passou por várias cidades do país.  Eles mal sabem onde nasceram, mas conhecem seu legado: são filhos de circo.

Nos pequenos trailers, os bastidores de uma vida que pouco conhecemos: um espetáculo dentro e fora do picadeiro. Na língua do circo, nós somos da cidade, enquanto eles experimentam a liberdade de serem itinerantes.

Nathália Sepuveda tem 14 anos, nasceu no circo e não pretende sair. Diferente da maioria das meninas da idade dela, seu sonho é se formar na arte do trapézio, uma tradição em sua família. “Se perguntar para mim o que é a vida fora do circo, eu não sei. Essa é a minha casa, desconheço outra forma de vida. Seria o mesmo que perguntar para um de vocês como seria a vida no circo”.

A vida cigana influencia também os mais velhos, como o palhaço Chumbrega, de 71 anos, todos eles dedicados aos sorrisos no picadeiro. Ele criou cinco filhos circenses. Athos, como é registrado em cartório, argumenta que, ao contrário dos olhares preconceituosos, o picadeiro é um bom lugar para educar crianças. “Aqui não tem droga, aqui não tem contato com a violência. Eles são artistas desde pequenos, uma arte que se torna profissão”.

Sala, cozinha, banheiro e quartos. Os pequenos trailers acomodam as grandes almas de artista. No quintal, as lembranças das inúmeras cidades por onde passaram: cachorros de rua são acolhidos com carinho como todos que chegam por lá. Em volta da lona, uma vila de lares sobre rodas. Após a temporada, o Stankowich irá juntar as estacas que os prendem e seguir com seu espetáculo, levando suas histórias para outras terras.