Através das obras, os artesãos retratam realidade do homem do campo e tradição caipira do Vale do Paraíba
por Laurene Santos
Entre as montanhas da Serra da Mantiqueira, uma cidade paulista com costumes mineiros é berço de artistas que registram a tradição caipira da região. São Bento do Sapucaí tem quase 20 ateliês, onde são confeccionados tecidos, cerâmicas, esculturas e objetos de decoração. Dos quase 12 mil habitantes do município, mais de 55% da população mora na zona rural, fazendo do campo o tema central das obras.
Um dos projetos mais importantes de incentivo aos artesãos do município é desenvolvido há dez anos pela Associação Arte no Bairro do Quilombo. Mais de oitenta pessoas já participam da iniciativa, que reuni produtos feitos a partir das folhas e das fibras das bananeiras. "Antes o pessoal vendia as peças na rua e a dificuldade era grande. Agora eles tem o barração, onde se reúnem e trazem seu artesanato", diz Maria Helena de Oliveira, presidente da Associação.
O escultor Ditinho Joana é uma das personalidades de São Bento do Sapucaí. O artista de 69 anos transforma troncos de madeira em verdadeiras obras de arte, com a missão de registrar o cotidiano do homem do campo. Em seu atelier, cada peça conta uma história. “Eu faço as esculturas a partir do que eu vi, do que eu vivi e do que eu ouvi”, explica.
O município também se tornou opção de destino para artesãos de outras cidades, como o paulistano Roberto Rocha Pombo. O artista plástico confecciona marionetes e miniaturas como replicas de cenários reais. O fogão a lenha, inspirado no cenário tradicional caipira, é a obra que mais representa o atelier de Roberto. "Tornei o fogãozinho símbolo do atelier pela acolhida e pela arte que nos alimenta", conta.
A arte está presente na vida dos moradores do município e com ela, os artesãos mantém viva a tradição caipira. Através das obras, o cenário natural de São Bento do Sapucaí composto pela Pedra do Baú, Bauzinho e Pedra da Ana Chata ganha ainda mais importância na cultura regional.
Fotos: Laurene Santos