Por Natália Machado
O que passa nas telas de cinema, apesar de muitas vezes baseado
em fatos reais, não retrata fielmente a realidade, afinal de contas os filmes
são fantasias, onde se é possível ir muito além do mundo “palpável”. É
plausível afirmar que o cinema não é a verdade em rolos, mas é fato também que o
que se passa nas telas influencia toda uma sociedade.
Qual adolescente nunca sonhou em ter um armário com fotos
no colégio onde estudava? Ou pensou no cigarro como um artifício de sensualidade? As respostas para estas perguntas são as
provas para ilustrar que a sétima arte transforma o cotidiano de todos os meros
mortais. (E talvez imortais). Desde pequenas, as meninas sonham em ter um príncipe encantado que vai despertá-las com um beijo, e os meninos se imaginam como super-heróis lutando contra tudo e contra todos. As pessoas crescem, mas as ilusões cinematográficas continuam. Os romances ainda despertam a vontade de encontrar o homem ideal, mesmo não sendo mais aquele que venha em um cavalo branco. E os super heróis agora são os homens poderosos, que mandam em tudo e em todos.
A estudante Juliana Freitas diz que inúmeros filmes
interferiram em sua visão de mundo. “Diamante de Sangue me fez perceber uma
realidade até então desconhecida para mim”, explicou Juliana. E até mesmo as
comédias românticas mais “água-com-açúcar” mudaram, de alguma forma, os
pensamentos da estudante.
Então, pode-se dizer que o cinema molda a sociedade. Os
americanos perceberam esta idéia quando, ao buscarem propagar suas ideologias,
utilizaram-se deste meio de comunicação como maneira de atingir, de forma
abrangente, os cidadãos.
Hoje, o cinema
americano é, sem sombra de dúvidas, o mais popular e influenciador dentre todos
os outros, tanto para o lado positivo, quanto para o negativo. Mas não se pode
culpá-lo por todas as más conseqüências causadas, uma vez que os
telespectadores interpretam o que assistem da forma como julgarem mais
propício, um grande exemplo deste fato é Matrix, obra de grande autenticidade e
criatividade, mas que causou males quando alguns
adolescentes nos EUA se vestiram como os personagens do filme e invadiram uma
escola, baleando os colegas.
No Brasil, o cinema “produziu” um herói para todos os
cidadãos. No filme Tropa de Elite 1 e 2, Padilha exibiu a realidade nua e crua
do país, buscando abrir os olhos de toda uma sociedade que se aquietava, ou até
mesmo não sabe dos verdadeiros fatos. E após os filmes, muitos brasileiros
passaram a apoiar a entrada de militares nas favelas, fato que antes não era
tão aplaudido.
A psicóloga Maria Aparecida de Oliveira conta que as pessoas são facilmente influenciadas pelo cinema, porque ao pensarem ser apenas um meio de entretenimento, estão, na realidade, alterando comportamentos. "Todos acolheram o protagonista de Tropa de Elite como herói, porque os brasileiros precisavam de alguém que os confortasse e proporcionasse esperança", explica a psicóloga.
Seja qual for o país, o enredo, ou gênero, o cinema é
o grande influenciador da sociedade.
