O retorno do Sertanejo

Por Joana Peceguini


“O sertanejo nunca saiu de evidência no interior, mas o público dos grandes centros andava alheio ao gênero”, diz Luiz Gustavo Alves Pereira, diretor de operações da produtora Mondo Entretenimento. “Aos poucos, foi voltando à moda e acabou ocupando a lacuna da axé music. É o som da balada com beijo na boca.” 
Dupla Jorge & Mateus
Segundo a revista VEJA, neto das modas de viola de tema caipira, cuja época dourada ocorreu entre os anos 1930 e 1950, o sertanejo universitário tem arrastado jovens a shows e casas noturnas. A gravadora Som Livre tem quinze artistas desse gênero em seu portfólio e vendeu meio milhão de discos nos últimos doze meses. O ritmo atual quase não traz mais no DNA a herança caipira dos antecessores, como Leandro & Leonardo, Zezé Di Camargo & Luciano e Chitãozinho & Xororó. Tem um andamento mais acelerado, percussão incrementada e guitarras bem mais barulhentas. Ou seja: trilha sonora para pular e paquerar. Jovens da classe média alta, que chegam de carrão importado à noitada e gastam centenas de reais entre o ingresso e as bebidas, aprovaram.

                                          A seguir assista um dos shows do cantor Luan Santa: 


A nova cara da música sertaneja tem em sua composição temas como festas e mulheres, e Victor & Leo, Fernando & Sorocaba e Jorge & Mateus, Luan Santana e Gustavo Lima, dão voz a esse estilo. “O sertanejo teve fases: esta é mais urbana, jovem, traz mais gíria. E não deixa de ser uma porta de entrada para conhecer os antigos”, afirma Fernando Fakri de Assis, o Sorocaba, da dupla Fernando & Sorocaba.
Dupla Fernando & Sorocaba
No entanto existem pessoas que não aceitam esse tipo de gênero, “esse tipo de música é muito brega”, considera João César Peceguini, apaixonado pelas modas de viola, o engenheiro e musico não consegue ver neste estilo carasceteristicas do sertanejo. O crítico e repórter especializado em música brasileira do jornal ‘O Estado de S. Paulo’, Lauro Lisboa Garcia diz que não vê diferença entre o ‘breganejo’ de Leonardo, Daniel e Zezé Di Camargo & Luciano e esses novos. “É o mesmo padrão de letras pobres, arranjos repetitivos, vozes estridentes e gemidos que doem no ouvido”, afirma.

Dupla Vitor & Léo
O sertanejo universitário tem se mostrado um ótimo negócio para as casas de shows, com uma grande demanda de publico, cresceram o numero de casas noturnas especializadas. No Vale do Paraíba algumas cidades como Lorena, Aparecida, São José dos Campos e Taubaté possuem casas voltadas somente para esse ritmo, além de bares e outras casas noturnas que possuem um dia da semana reservado para o gênero.

“Na região, o sertanejo univesitário é muito influente e faz grande sucesso, é comum ouvir carros nas ruas na batida do sertanejo, as baladas estão sempre lotadas, as músicas de fácil decoração não saem da cabeça”, diz a estudante de jornalismo Gabriela Leite.


A nova geração de duplas sertanejas extinguiu as restrições de idade ou classe social do público nas casas noturnas. O mesmo público que se amontoa em grandes shows também lota baladas do gênero. Alguns bares improvisam um palco para que duplas recriem sucessos sertanejos tocados no rádio. O estudante de direito Rodrigo Lencioni é adepto do estilo caipira, ele diz que 90% das musicas em seu computador são do gênero sertanejo. “Vou ao sertanejo pelo menos uma vez por semana”, conta. Os jovens que marcam presença nos bares e casas de show cantam as letras sem errar uma palavra.
Gustavo Lima