Processos seletivos virtuais: Adaptação momentânea ou evolução sem volta?

A rede social LinkedIn vem transformando e modernizando um processo considerado por muitos como ultrapassado.

Entrevista on-line em processo seletivo virtual
Pexels/divulgação

Em tempos de pandemia e crise econômica, as entrevistas de emprego podem ser decisivas e têm levado pessoas a mostrar a sua melhor versão para uma chance de um emprego ou estágio que pode mudar completamente suas vidas. Se antes a preocupação de quem procura uma vaga no mercado de trabalho era apenas não demonstrar nervosismo e não falar algo que pudesse ser mal interpretado, atualmente, ela se transformou em torcida para a internet não cair, ou em medo de estar falando com o microfone mutado, sem falar da procura interminável por um cenário interessante dentro de casa para estar durante a entrevista. Antes mesmo da pandemia, diversos processos seletivos já apresentavam uma etapa on-line. Mas será que foi apenas isso que mudou na hora de buscar um talento ou garantir o emprego tão sonhado durante este "novo normal"?

Para o estudante de Jornalismo e atual estagiário de comunicação da Concessionária Tamoios, Pedro Leone, que realizou o processo seletivo de maneira virtual, a dificuldade não se alterou “O processo foi feito 100% on-line, desde a inscrição pela plataforma do CIEE até as entrevistas. O nervosismo continua e a dificuldade também, ainda somado com isso, tem sempre o medo da internet cair e isso afetar o desempenho e a escolha final” finaliza.

Outra ferramenta que vem sendo fundamental na hora de divulgar uma oportunidade é a rede social LinkedIn, uma plataforma focada na divulgação dos perfis profissionais e de vagas para aprendizes até empregos. Para o especialista Seleção e Recrutamento, João Gomes, “O LinkedIn é o espaço que modificou totalmente o modo de inscrição e da busca por talentos, podemos identificar pessoas promissoras, apenas pelo perfil e sem precisar que passem por todo o processo seletivo antes”

Uma das provas da eficácia do LinkedIn é o estudante Matheus Pinheiro, que recentemente foi aceito em um estágio na área de direito, o qual descobriu as inscrições para o processo seletivo por meio da rede social “Eu sempre olho bastante meu LinkedIn e sempre tento me manter atualizado e atento para todas as vagas que possam aparecer, um mês atrás vi que compartilharam esse estágio na minha área (direito) e me inscrevi na mesma hora. Hoje me sinto agradecido por vez essa oportunidade que não teria, se não fosse pelo LinkedIn” conta o aluno.

Por um lado, as redes sociais ajudaram bastante na questão da maior facilidade na divulgação de vagas, ainda mais em tempos de pandemia em que muitas pessoas não podem sair de casa, divulgar seu currículo de maneira virtual e passar por um processo seletivo on-line é uma melhora muito importante e a tendência é de que isso continue evoluindo, ou seja, cada dia mais distante da famosa entrega de currículos presenciais embaixo de sol e chuva.

Já por outro lado, realizar o processo seletivo de maneira virtual pode tirar a oportunidade de várias pessoas promissoras, mas que não têm acesso a internet ou as redes sociais, como explica o profissional de Recursos Humanos com mais de 30 anos de experiência na área, José Carlos “Obviamente que toda essa evolução é muito benéfica, principalmente se pensarmos na questão estratégica, tecnológica e prática, mas todas essas novidades foram inseridas de maneira muito rápida, por conta da pandemia. Isso faz com que erros aconteçam e tirem a oportunidade de pessoas que não estão adaptadas com a tecnologia. Como iremos exigir que uma pessoa participe de um processo no LinkedIn, se ela não possui nem internet em sua casa?”

É notável entender a mudança nos processos seletivos, imposta não só pela pandemia, mas pelas novas tecnologias e ao contrário do que muitas pessoas dizem, as ferramentas como o LinkedIn ou entrevistas on-line não vieram para tornar o processo mais fácil para passar, muito pelo contrário, vieram para dar mais oportunidades para as pessoas que antes não tinham as mesmas chances ou possibilidades sem é claro, diminuir a qualificação dos profissionais escolhidos, mas ainda existe uma grande barreira, pois tornar virtual nem sempre significa democratizar o processo seletivo, muitas vezes pode torná-los elitizados e retirar as oportunidades de pessoas que não estão adaptadas ou que não conseguem acessar as redes sociais, ainda mais em um país como o Brasil em que, segundo a pesquisa do IBGE no ano de 2020 , pelo menos  25% da população não tem nem acesso à internet.