Jefferson Moura: sua vida e trajetória profissional



Por Isabella Otero

Sua trajetória docente começou em 1984, quando substituiu um professor na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP). Seu primeiro emprego na área de comunicação foi como produtor e apresentador de um programa de rádio na Bandeirantes FM, em São Paulo. Em 2007, foi diagnosticado com câncer na laringe, momento que ele considera o mais difícil de sua vida e carreira, quando pensou em desistir por conta da perda quase que total da voz, um de seus principais instrumentos de trabalho. Atualmente, concilia atividades na Universidade de Taubaté e como Coordenador no UNIFATEA, desenvolvendo trabalhos acadêmicos, cada um com horário e atividades específicas, além de atuar como voluntário na Rádio Comunitária Liberdade FM, em Taubaté.



Qual o momento mais marcante da sua carreira? Por quê?
Foi colocar no ar o primeiro programa de rádio na Bandeirantes FM São Paulo. Foi ao vivo. Era o meu programa e do meu parceiro Adib Filho, e, depois de muita luta, conseguimos entrar no mercado de trabalho, extremamente difícil naquela época.

Quais foram os principais desafios que você já enfrentou ao longo da sua carreira?
Encontrar espaço na área de Rádio e TV na década de 1980, e assumir uma sala de aula como professor.

O que mais te motiva a continuar trabalhando neste meio?
Passar minha experiência e ver os alunos se tornarem profissionais. Não consigo me ver sem estar em uma sala de aula.

Como foi seu envolvimento na criação da TV Setorial na década de 1990?
Fui convidado pelo então presidente da TV para organizar a programação da emissora que funcionava de modo precário.

Quando começou a produzir a revista ECCOM? Fale um pouco sobre ela.
Em 2010. A revista ECCOM (Educação, Cultura e Comunicação) é uma publicação semestral, editada pelo Curso de Pós-Graduação de Docência no Ensino Superior: Educomunicação; pelos cursos de Comunicação Social: Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Rádio, TV e Internet; pelo Curso de Letras e pelo Núcleo de Publicações do Centro Universitário Teresa D'Ávila (UNIFATEA), localizadas em Lorena, estado de São Paulo. Não há custos ou encargos para submissão ou publicação de artigos. Destina-se à publicação de trabalhos de pesquisa inéditos relacionados com as áreas de Comunicação Social, Educação e Cultura, reunidos nos grandes temas: Educomunicação, Crítica de Mídia, Educação e Cidadania, Novas Tecnologias, Sociedade e Cultura, Linguagem Midiática, Responsabilidade Social e História.

Nos dias atuais as pessoas estão cada vez mais “unidas” e “separadas” devido ao grande fluxo de informação e a interatividade constante com a tecnologia, em sua opinião, a televisão também contribui nesta mudança das relações sociais?
Não acredito que o meio seja responsável. Mas o modo que fazemos uso dele. A TV pode informar, entreter e educar. Mas pode propor conteúdos que estimulem uma sociedade cada vez mais individualista, ou até servir como meio de fuga do convívio. Já uma TV preocupada em oferecer conteúdo que alargue a visão social do telespectador e provoque uma reflexão sobre as relações desta mesma sociedade, pode contribuir no sentido de unir pessoas em torno de ideias e propostas tanto na relação micro quanto na macro.

Quais atividades você realiza com alunos no Laboratório e Estúdio de Rádio da Unitau? O que essa experiência proporciona aos futuros profissionais?
Faço operação de áudio, edição, apoiando as aulas que utilizam o estúdio. Também oriento alunos no sentido de realização de projetos de áudio. Eventualmente também faço orientação de TG. Este ano, por exemplo, estou orientando uma monografia sobre a evolução da animação no cinema. Creio, que em uma sociedade cada vez mais audiovisual, chamar atenção para as possibilidades que o áudio oferece, tanto no sentido de produção de conteúdo quanto no sentido profissional é muito importante.

Como coordenador de curso na UNIFATEA, quais mudanças você vivenciou na formação dos profissionais da área de comunicação nos últimos anos? Quais desafios surgiram de uns tempos para cá nessa formação?
Cada vez mais a tecnologia vai se tornando parte integrante da vida e do mercado de trabalho. E isso numa velocidade incrível. Preparar o aluno para este mercado, sem cair no tecnicismo, sem abandonar os conceitos básicos, a ética e os valores sociais tem sido um desafio constante na formação de profissionais e pesquisadores na área de Comunicação Social. O novo profissional tem que dominar muito bem as novas tecnologias da informação e da comunicação, mas sem abandonar a relação humana, o viés social que é imprescindível de quem vai atuar na área de Comunicação Social.

Como o mercado da região está absorvendo os profissionais formados nas áreas de Rádio e Televisão?
Muito bem. Principalmente as emissoras regionais de TV tem aberto suas portas para estagiários que em grande parte são contratados após terminarem a faculdade. Já a área de rádio é um pouco mais difícil.

De que maneira você participa de congressos e seminários de pesquisa na área de comunicação? Quais pesquisas você costuma apresentar nesses eventos?
Procuro participar dos Congressos que ocorrem na região, como CICTED, Mostra de Pós Graduação do UNIFATEA, Mostra de Projetos do UNISAL, além do INTERCOM Regional. Atualmente tenho realizado pesquisas na área da Educomunicação, especificamente na utilização dos veículos rádio e TV além da internet na educação não formal no sentido de a sociedade seja capaz de produzir conteúdo para estes meios.

Sobre essas pesquisas, de que maneira a tecnologia pode promover a inclusão social?
Por meio da participação efetiva da comunidade como produtores de conteúdo, assumindo o protagonismo nos espaços públicos abertos nos meios de comunicação comunitária.

O que falta para que a Rádio Comunitária Liberdade FM de Taubaté tenha mais alcance junto à população da cidade? Quais projetos podem ser feitos nesse sentido?
Como Rádio Comunitária, a proposta da emissora não é atingir a população da Cidade de Taubaté, e sim a comunidade do Alto São Pedro. A emissora tem, nos últimos cinco anos, desenvolvido projetos e estratégias para uma maior participação da comunidade na programação da emissora, não só como ouvintes mas também como produtores de conteúdo. Há um projeto de participação da comunidade na construção de programas ao vivo por meio de aplicativos e outro de trazer alunos da Escola Antônio Magalhães Barros, situada próximo à emissora para capacitação e posterior produção de programas educativos. Além disso, projetos realizados em parceria com o Departamento de Comunicação Social da UNITAU tem permitido a exibição de programas que ao mesmo tempo que oferecem uma experiência prática aos alunos da Universidade tornam a programação da emissora mais atrativa.