Para doceira de Taubaté, cozinhar é sinônimo de energia

Ela deixou de atuar no ramo administrativo para se dedicar à produção e à venda de doces muito procurados na cidade

“Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto”. Ao som de Chico Buarque, a doceira Karina Lobato, de 35 anos, produz suas delicias sempre com muita dedicação e carinho. Ela gosta de cozinhar desde pequena, mas foi apenas há dois anos que resolveu investir na venda de doces. Autodidata, começou a produzir brigadeiros, que são, até hoje, seu grande carro-chefe.

Por Nathalia Oliveira 

O sucesso que fez vendendo seus doces em seu antigo emprego – como escriturária de um hospital da região – foi tanto, que Karina decidiu abandoná-lo para se dedicar unicamente aos seus doces, o que se provou a melhor escolha. A doceira garante que o mercado de doces na região é amplo e tem opções para todos os gostos e bolsos. A criatividade e a beleza da gastronomia a fascinaram e, mesmo com algumas dificuldades, Karina segue com sonhos de abrir seu bistrô de confeitaria e conquistar cada vez mais clientes. Em entrevista, Karina Lobato conta um pouco sobre a produção de doces, suas dificuldades com o empreendedorismo e suas vantagens.

Por que optou pelo ramo de doces?
Mais pelas oportunidades e pela beleza que a confeitaria tem. 

Quais cursos você fez para se especializar no ramo de doces?
Nunca fiz curso algum. Em nossa cidade [Taubaté] é muito difícil ter bons cursos, e fora nem sempre temos disponibilidade de tempo. 

Por que você resolveu investir em outra fonte de renda e empreender na área de gastronomia?
Além da parte financeira, sempre gostei de cozinhar, e aí descobri que as pessoas gostavam do que eu produzia.

Quais as maiores dificuldades que você enfrentou ao se dedicar à produção de doces?
Por não ter feito curso algum, minha maior dificuldade foi aprender tudo sozinha, claro que a internet ajuda sempre, mas sempre faço adaptações nas receitas, para terem a cara da minha marca. Outra dificuldade foi aprender a colocar valores nos produtos. 

Qual é a infraestrutura necessária para a produção de doces para a venda?
São muitos, começando com um bom espaço, refrigerado, e fornos, se possível industriais. E o mais importante: um local sempre limpo, higienizado e com todo material de proteção, toucas, luvas e máscaras.

Qual era seu volume de produção inicial e qual é o atual?
Fazia 20 brigadeiros no dia e vendia tudo, hoje se fizer 100 vendemos também.

O que mais mudou na produção de doces desde que você começou?
O que mais mudou foi o conhecimento profissional que adquirido nestes dois anos de dedicação à produção de doces.

Karina Lobato (à direita) durante gravação de entrevista
 para a Rede Vida Cristã / Acervo
Como foi o processo de idealização da sua marca?
Foi difícil, não sabia qual nome colocar, pois é uma publicidade que ficará com seu nome enquanto estiver trabalhando com isso, e como faço tudo com extrema dedicação e carinho, e sou fã do cantor Chico Buarque, escolhi o nome de uma de suas canções, “Com açúcar Com afeto”. Na página do Facebook, é possível encontrar uma grande variedade de doces e bolos, basta entrar e fazer a escolha. Há também a possibilidade de entrega dos produtos feitos sob encomenda.

Qual tipo de doce você mais gosta de produzir e qual menos gosta de fazer? Por quê?
Gosto de fazer todos, mas os dois que dão mais trabalho de fazer são: o camafeu, que é feito com leite condensado, manteiga e nozes, e o bem-casado, um bolo recheado com doce de leite, que acabou se tornando tradicional nas festas de casamento.

Quais dicas você daria para quem está interessado em começar o seu negócio no ramo de gastronomia?
Se organizar financeiramente, e sempre trabalhar com produtos de qualidade.

Karina também faz ovos de Páscoa, na foto,
um ovo gourmet de colher de
 ganache com morango / Acervo
Como é encarar o empreendedorismo em tempos de crise?
Não é fácil, pois todos querem sempre o melhor, o mais gostoso, o mais bonito, mas nem sempre querem pagar por isso. Uma coisa que sempre digo é: bolo barato não é bom, e bolo bom não é barato (risos).

Qual é sua opinião sobre as pessoas que têm interesse em investir em uma segunda fonte de renda e qual você diria que é o momento certo para investir?
Nesse tempo de crise e desemprego que vivemos, só não tem trabalho quem não quer. Quanto ao momento, tudo pode ser uma questão de necessidade ou instinto mesmo, é só acreditar que você pode e ter pensamento positivo.

Qual é a sua expectativa para o mercado de doces futuramente?
O mercado de doces é muito bom, amplo, tudo bem que agora temos uma onda de comida fit – alimentação saudável com baixas calorias – mas nenhuma receita substitui um bom doce. Sempre será um bom mercado, com todos os tipos de público.