Há 10 anos o Falando Nisso, da TV Band Vale, é sinônimo de sucesso, sob comando de uma das maiores jornalistas da região
Nascida em São Paulo, mas criada no litoral sul paulista, Solange Moraes se tornou repórter após ter frequentado a FACOS, Faculdade de Comunicação de Santos. O primeiro emprego foi na TV Gazeta. Em seguida, vieram cargos em duas das principais emissoras locais: TV Vale do Paraíba, afiliada Globo, e TV Band Vale.
Por Tiago Bezerra
Quem acompanha a apresentadora Solange de Cassia Moraes na televisão, talvez não imagine a trajetória dela até marcar presença na “caixinha mágica”. Nascida em São Paulo, mas criada no litoral sul paulista, Sol (como é conhecida pelo público) se tornou repórter após ter frequentado a Faculdade de Comunicação de Santos. O primeiro emprego foi na TV Gazeta. A apresentadora garante que o caminho foi complicado. “Sempre quis fazer TV e todo mundo tirava sarro da minha cara na faculdade. As pessoas acham que você não consegue”, relembra. O passo inicial foi o Trabalho de Conclusão de Curso, tratando da importância das televisões regionais. Em seguida, vieram cargos em duas das principais emissoras locais: TV Vale do Paraíba, afiliada Globo, e Band Vale.
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| Jornalista e apresentadora da TV Band Vale, Solange Moraes. Créditos: Revista Elite Vale |
Como se tornou apresentadora?
Assistia aos telejornais e pegava o nome do editor chefe. Aí eu ligava e falava “sou Solange Moraes, trabalho num jornal impresso”, que era mentirinha (risos), “e queria fazer uma matéria sobre a importância das TVs regionais”. Levei muito “não” na cara. Porque eu fazia a entrevista e mostrava meu currículo. E assim parei na Gazeta. Conversei com o, hoje, presidente geral, Silvio Alimari, que olhou pra minha cara e falou “você é muito ousada”. Eu falei “sou jornalista. Só não tenho trabalho”. Aí ele me deu uma chance. Acabei indo pro jornal da TV Gazeta.
Há quanto tempo atua no Jornalismo regional do Vale do Paraíba?
Eu ia e voltava pra São Paulo todo dia de Santos. Franco Neto, que fazia comigo, falou “acho que você deveria fazer rádio também”. Aí eu fiz Globo FM. Foi nesse meio tempo que abriram vagas pra implantação da Globo Vale do Paraíba. Como já tinha crachá, fui entrando com a cara dura. Um professor meu, Carlos Manente, era editor do Fantástico. Ele falou “faz o teste”. Aí eu passei pra vir pra São José dos Campos, em 1988.
Como começou o Falando Nisso?
O Rodrigo Neves, que era diretor geral da Band, me chamou logo que saí da Globo pra fazer o jornal Band Cidade. Mas eu não queria mais televisão. Nesse meio tempo, fui pra área de assessoria por dois, três anos. Nisso, o Claudio Giordani (atual diretor da Band Vale) me chamou. Comecei a fazer o programa Sem Limite, que era só de sábado. Aí o Giordani me pediu pra desenvolver um projeto de programa de entretenimento que tivesse jornalismo. Fiz o Falando Nisso.
Como são escolhidas as pautas do programa?
Hoje a tecnologia ajuda muito. Você consegue entrar em vários sites e “linkar” aquilo que te interessa mais. Quando vou pôr no ar qualquer assunto, me coloco do lado de lá. Não sou a Solange jornalista, sou a Solange telespectadora. O programa, hoje, é baseado 100% naquilo que as pessoas pedem pra gente.
Quantas pessoas estão envolvidas na produção?
Somos em três. Se dois não gostam, não vai pro ar.
Quais são as estratégias para conseguir audiência?
O tempo passa, mas algumas necessidades básicas das pessoas, não. Então, você pega o público mais jovem, que hoje tá falando de beleza. Daqui a pouco vai tá pensando numa carreira, daqui a pouco na aposentadoria. É cíclico, mas sempre funciona.
De que maneira o Falando Nisso precisou ser reformulado para se manter atualizado ao longo dos anos?
O Luquinha (Lucas Sanseverino, também apresentador do Falando Nisso) é muito criativo. Essa parte de criação, deixo mais com ele e com a Gabi (Gabriela Fanny, produtora do programa). Às vezes eu falo “gente, acho que tá cansando, né?” Aí eles já entram com a criação.
Qual é o perfil do público que acompanha o programa?
Todo mundo acha que é um programa muito feminino e, pelo contrário, é muito equilibrado. Porque cada dia da semana tem um tema. Direito, saúde, esoterismo. Cada dia a gente tem um público diferente.
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| Solange Moraes e Lucas Sanseverino estão no ar de segunda a sexta-feira, às 13h45, na TV Band Vale. Crédito: Cleverson Nunes |
Por que o Falando Nisso faz tanto sucesso?
Se você fechar a porta pro seu vizinho, você não sabe o que tá acontecendo na casa dele e ele não sabe na sua. Acho que o grande segredo é essa interação. É a gente ser “de casa” e não ser estrela. Quem tá lá fora é mais importante.
Como você avalia a mídia regional do Vale nos últimos dez anos?
Cresceu bastante, mas ainda acho que as pessoas se preocupam mais com a informação negativa. E a nossa região tem muitas coisas boas pra mostrar.
Quais iniciativas poderiam incentivar mais produções regionais?
Qualquer tipo de investimento, seja financeiro, parcerias, contratação. Porque as TVs regionais, hoje, têm uma equipe muito reduzida. Essa redução, muitas vezes, poda sua criatividade.
Do que o Jornalismo precisa atualmente?
Precisa de gente que goste de gente. E não gente que queira cutucar gente. Hoje todo mundo é jornalista, mas até que ponto a qualidade tá contribuindo com a pessoa que tá lendo sua notícia? Acho que nosso papel é contribuir com uma mudança e qualidade de vida das pessoas.


