84 anos: uma vida inteira baseada na religiosidade

Helena diz que sempre freqüentou igrejas católicas da região e que desde criança se envolve com as atividades da igreja

Ela sempre teve como crença religiosa o catolicismo e desde criança já se envolvia com as atividades da igreja. Fosse em Lagoinha, São Luiz do Paraitinga ou Taubaté, Helena Gouveia dos Santos, de 84 anos, sempre creu em Deus e acredita que uma vida de comunhão religiosa ajuda no cotidiano de cada pessoa.

Por Lucas Tavares

Foto: Arquivo Pessoal
Nasceu na cidade de São Luiz do Paraitinga, no dia 24 de agosto de 1931. Filha do ex-comerciante José Severiano de Gouveia e da costureira Ostelina Rodrigues de Toledo, ela teve uma infância e juventude cheias de mudanças – de casas e cidades. Entre as cidades do Vale do Paraíba e região, viveu boa parte em Lagoinha, onde estudou somente até a metade do ensino fundamental, pois na cidade não havia escola que tivesse aulas para alunos do “ginásio”. De lá, foi para Guaratinguetá, onde conseguiu o primeiro emprego, trabalhando na copa do Hospital Frei Galvão. A ligação com o nome do hospital, que homenageia o Frei da cidade, tem, ainda que inconscientemente, uma ligação com ela, que sempre foi muito religiosa.

Helena voltou para Lagoinha e aprendeu a costurar, mas não era o seu desejo. A vontade dela, na verdade, era ser cabeleireira. O pai, entretanto, dizia que ser costureira daria mais futuro do que mexer com o cabelo dos outros. E isso mexeu com a cabeça dela. Tempos depois e com influência do pai, que tinha uma esposa costureira, Dona Helena começou a costurar e fazer bordados, mas não fez disso uma profissão para a vida toda. O tempo passou e no ano de 1953, aos 21 anos de idade, ela chegou à Taubaté, onde vive até hoje. Na cidade, conheceu João Evangelista dos Santos, conhecido pelo apelido de João “Vermeio”, um ex-policial rodoviário. Tempos depois, casaram-se no dia 16 de julho daquele mesmo ano. Helena conviveu com João por mais de 50 anos e, juntos, tiveram seis filhos, sendo quatro homens e duas mulheres. Naquela altura, Helena já dominava a costura, porém, abriu mão de costurar, temporariamente, para cuidar dos filhos e voltou a trabalhar como costureira quando sua primeira filha tinha 15 anos. Na antiga Rua do Café, em Taubaté, lá estava ela. Trabalhou durante dois anos na loja de confecções do Sr. Adalto, a Confecções Joá. Depois disso, “aposentou-se” definitivamente do mundo da costura.

Costurando ou não, o fato é que a “Vó” Helena, desde criança, sempre foi uma pessoa religiosa e que sempre gostou de se envolver nos eventos das igrejas católicas que freqüentava. Começou a participar de grupos de irmandades dessas igrejas e, com quase 40 anos, ela ingressou na Irmandade do Santíssimo, onde participa até hoje no Santuário da Santa Terezinha, lugar onde ela freqüenta as missas todas as quintas-feiras de manhã. Além disso, no tempo livre, Dona Helena gosta de fazer bordados – desta vez como um hobbie – e escrever, sejam receitas de salgados que adora fazer ou outros quitutes, mas principalmente de escrever o “santo do dia” que assiste pela TV. Seja qual for a atividade, ela não gosta de ficar parada.

E isso surgiu desde muito cedo. Dona Helena sempre gostou de passear e costumava viajar com a família para a sua terra natal, São Luiz do Paraitinga, e principalmente para as cidades litorâneas da região, como Caraguatatuba e Ubatuba; essa última, segundo ela, ia quase todo final de semana. Além das cidades da região do Vale do Paraíba, ela também já visitou outras cidades como Poços de Caldas, Caxambu, São Lourenço e conta que cada visita à essas cidades foi uma experiência diferente. Entretanto, a mais longa viagem da sua vida foi para a cidade de Miami, nos Estados Unidos, onde visitou, por três vezes, o filho que vive lá. Para ela, foi uma sensação muito boa poder conhecer outro país e ela garante que não sentiu medo em nenhum momento ao andar de avião.

Dona Helena e os netos (Foto: Arquivo Pessoal)
A religiosidade de Dona Helena está estampada até quando falamos de suas viagens. Entre as viagens que fez, ela conta que recentemente pretendia viajar com a igreja para uma cidade do interior de Goiás, porém desistiu, após saber que teria que enfrentar 12 horas de viagem dentro de um ônibus. Ao perguntar sobre qual cidade gostaria de visitar, ela responde diretamente: “Rio de Janeiro. Para conhecer o Cristo, o Corcovado. Mas isso antigamente, agora, pela violência, não tenho mais vontade”.


Seja como esposa, mãe ou avó, Dona Helena sempre trouxe parte de sua educação religiosa para o lar e para as pessoas com as quais conviveu e convive até os dias atuais. Segundo ela, a coisa mais importante da sua vida é a família. A gentileza, alegria e amor com que trata os filhos e os netos (6 ao todo), demonstram o amor fraternal aprendido durante a sua longa jornada de mais de 80 anos, sendo uma pessoa religiosa e amável.