Os pais podem influenciar na escolha dos filhos

                                                                                                         Por Marília Silveira 

Vestibular, carreira, profissão, sonho, vocação, metas, aptidão, futuro, realização pessoal. Na mente do jovem vestibulando, essas palavras transitam em ritmo frenético, conseqüência da infalível pergunta que todos fazem ao final do Ensino Médio: que profissão escolher? Decidir a carreira que se vai seguir já é uma tarefa difícil para os estudantes.  Por mais que alguns adolescentes já saibam o curso que prestarão, sempre encontram dúvidas e questionamentos pelo caminho. Essa escolha deve ser feita com cuidado, pois é uma escolha pra vida toda, e é nessa hora que a participação da família é necessária, se mal administrada, pode deixar de ser uma ajuda e se tornar uma confusão ao vestibulando, tornando um ato de obrigação e não de própria escolha, causando frustrações a ate mesmo rebeldia na cabeça de quem se prepara para ingressar no Ensino Superior.
Odair Santos, diretor de uma escola de ensino médio em Campos do Jordão, acha que a influencia dos pais, na maioria das vezes, é a insegurança em relação à idade que os adolescentes saem do colegial, atualmente está entre a faixa de 17 a 18 anos, uma geração que aparentemente esta muito nova para ter suas próprias escolhas e definir seu futuro profissional, diz ele. Segundo Odair, os familiares devem se preocupar com o apoio aos filhos para que eles tomem a decisão certa. “Os pais precisam respeitar a vocação dos filhos e ajudar sem pressionar, para que no futuro eles não se envolvam numa profissão que traga apenas benefícios financeiros e sim pessoais”, acrescenta ele.
O período de vestibular já é naturalmente enfrentado com muitas cobranças e ansiedades. Os alunos ficam mais tensos, preocupados com o resultado de suas escolhas, querem agradar não apenas a si mesmos, mas também as pessoas ao seu redor. “Não penso só nas minhas escolhas, mas também nas vontades dos meus pais”, confirma a estudante Maria Alice Medeiros. Ela cursa o terceiro ano do ensino médio, e já passa pela fase de escolher o curso a prestar, ela leva em conta que a profissão de seus pais pode influenciar na sua escolha e no seu futuro. “Minha mãe é arquiteta, e seguir o mesmo caminho pode me trazer benefícios, mas tenho que pensar muito bem se é esse futuro que eu quero para mim”, afirma a estudante.
Nem sempre o direcionamento da família é explicito, ele pode acontecer naturalmente, a depender da maneira como a profissão do pai é abordada dentro de casa, é um fator que pode ser natural. Para a psicóloga Maria de Lourdes Fernandes, essa atitude mostra que os pais querem que os filhos fiquem perto. Ter um diálogo formalizado, uma compreensão, um apoio, ajuda o filho a ter um projeto de vida, um compromisso pessoal. Deixar o jovem escolher, e assim, tornar um excelente profissional dando tudo de si mesmo. “O pai que estimula o filho a seguir sua profissão, nada mais é do que dar continuidade, procedimento ao trabalho dele, ter uma satisfação ao ver o filho levar o seu nome a diante”, ressalta a psicóloga.
O curso mais disputado no Estado de São Paulo é o de Medicina, Engenharia, e em seguida vem Nutrição, Arquitetura e Urbanismo, Odontologia e Direito. Isso também pode levar em conta nas escolhas dos pais e filhos. “Ao decidir o curso que iria prestar, conversei com minha família, e Engenharia foi à vontade de ambos, e também é um curso bem procurado e com grandes propostas de emprego”, confirma Paulo Adolpho Vieira. Ele cursa o primeiro ano de Engenharia Mecânica, e diz que esta gostando do curso e pretende se profissionaliza na área, e a opinião que recebeu de sua família não influenciou no seu desempenho ao decorrer na faculdade. Há alguns casos que deve se levar em conta a diferença entre profissão e vocação, é algo que todos têm a capacidade de fazer, com talento ou sem, mas a vocação é mais intima e profunda, é algo que dá prazer e, se combina com o trabalho, pode dar resultados excelentes.
De acordo com o diretor Odair, a bagagem que trás das suas antigas escolas é fundamental no desenvolvimento da escolha do curso, que conseqüentemente leva a um ótimo desenvolvimento na faculdade e um excepcional futuro profissional. O método que ele utiliza e indica aos ensinos médios, é trabalhar com os testes vocacionais, e trazer a realidade da profissão aos alunos. “Proporciono eventos que trazem a real convivência das determinadas profissões, procuro trazer ex- alunos que já construíram uma carreira profissional com a base do ensino obtido aqui na escola” explica ele. Assim trás uma questão palpável ao vestibulando que se preparam para a vida fora do ensino básico.
Os pais devem conhecer melhor a futura profissão do filho. Ler jornais, revistas ou até mesmo conversar com profissionais da área para saber melhores informações, é fundamental. Todas as profissões são maravilhosas se exercidas por profissionais que tenham vocação para desempenhá-las. O segredo está em descobrir a vocação e alcançar a satisfação pessoal, não a da sociedade.