Por Mário Pereira
Quando o assunto é música, o Brasil é conhecido por ser um país de diferentes gostos e estilos musicais, como o samba, o axé, o MPB, a bossa nova e muitos outros gêneros. Mas o que anda predominando na cena musical entre os jovens do país é a música eletrônica, tão contestada por pessoas mais velhas.
As festas de música eletrônica mais conhecidas no Brasil, são as chamadas raves, como as conhecidas XXXperience, o festival Universo Paralelo e muitas outras por todo o país. O começo desse tipo de festa aconteceu por aqui no ano de 1995, sendo introduzida por André Meyer, hoje conhecido e respeitado na área.
Aos poucos, esses eventos foram se transformando, como seus diferentes estilos e vertentes musicais, até chegarmos a festas com milhares de pessoas, muitas delas jovens, nascidos nas décadas de 80 e 90, que guardam dinheiro para viajar milhares de quilômetros, para passar 5 dias dançando e se divertindo. Para os pais desses “ravers” é como se o filho fosse para uma batalha campal: “Eu me desespero, porque minha filha viaja com um povo estranho, pra uma festa totalmente estranha, em que o normal é ficar acordado por dias e volta com a roupa toda suja de barro, com poeira do cabelo até as unhas dos pés”, desabafa Eliana Torres, aposentada e mãe de Elisa Torres, sua única filha.
O problema é que poucos sabem o que realmente é uma festa de música eletrônica, ou sua finalidade. Nem mesmo alguns participantes dessas festas conhecem a idéia em torno dela. “Essas festas são criadas com o intuído de o jovem se libertar através da música, as sensações que a música eletrônica te passa são inúmeras, entre as mais conhecidas está a sensação de sair do seu corpo, como um estado de relaxamento, é como se fosse uma massagem terapêutica, só que em vez de ficar deitado você fica lá dançando ao som de uma música bem alta”, brinca o DJ e produtor Fábio Diniz.
Os preconceitos que se têm com a música são pelo fato do que normalmente é passado pela mídia ou pelas redes sociais. As notícias mais comuns são sobre posse de drogas e acidentes causados pelo excesso das mesmas. Dizer que não têm seria uma grande mentira, como seria mentira dizer que não têm em festas de funk, pagode ou de música sertaneja. A diferença é que os freqüentadores de música eletrônica optam por usar drogas com efeitos alucinantes, como ecstasy e LSD, que segundo alguns servem para “viajar”. “Para agüentar mais de um dia em uma festa de música eletrônica é fato que se precisa de algum ‘veneninho’ para agüentar mais, para poder dar uma ‘viajada’, mas não é sempre também”, conta uma fonte que pediu para não ser revelada e que participa de algumas festas de música eletrônica.
O certo é que drogas existem nesses ambientes, assim como em outros também freqüentados por jovens. A diferença é que se trata de uma festa de longa duração, com uma música repetitiva, como a de um bumbo marcador, e onde homens e mulheres normalmente na casa dos 20 anos, procuram para certo relaxamento. Dúvidas devem continuar existindo em torno das raves, porém alguns preconceitos devem ser repensados, já que se não se diferem de outros ambientes freqüentados por boa parte da juventude.
