Iniciativas públicas e sociais oferecem acolhimento, alimentação, higiene e reintegração a moradores de rua, enfrentando desafios estruturais e sociais
Por Lidiane Costa (*)
Pessoas em situação de rua enfrentam diariamente a exclusão social, a precariedade e a invisibilidade. Em Taubaté, diversas instituições públicas e sociais atuam para oferecer acolhimento, assistência e oportunidades de reinserção a essa população.
Entre os principais equipamentos públicos voltados para essa finalidade está o Centro POP (Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua). O espaço oferece serviços essenciais como higiene pessoal, alimentação, doação de roupas, emissão de tickets para o restaurante popular Bom Prato e acesso ao abrigo institucional.
Marita Katleen, que vive em situação de rua há mais de 20 anos, é uma das frequentadoras do Centro POP. Ela conta que, ao chegar em Taubaté, inicialmente não pôde ser atendida por não ser munícipe. No entanto, com a chegada da pandemia, o atendimento passou a ser ampliado, inclusive para quem não possuía vínculo formal com o município.
Daniele Calcanhoto, assistente social e coordenadora técnica do Centro POP, explica como é realizada a abordagem:
“Temos dois eixos principais de atendimento: o próprio Centro POP, que é esse espaço físico, e o SEAS, Serviço Especializado em Abordagem Social. O SEAS atua diretamente nas ruas, abordando pessoas que ainda não conhecem o serviço. Caso a pessoa aceite, é conduzida ao Centro POP, onde recebe atendimento, alimentação, higiene e é encaminhada a outros serviços conforme sua necessidade, como saúde, CAPS ou Samu.”
Leia mais: Vidas Invisíveis: perfil e desafios da população em situação de rua
Leia mais: A realidade das ruas e a indiferença que marginaliza
Leia mais: Do lar à rua, as múltiplas faces da vulnerabilidade social
O Centro POP também realiza encaminhamentos para obtenção de documentos (via Poupatempo, Cartório de Registro Civil e Cartório Eleitoral), atendimentos médicos, tratamento de dependência química no CAPS AD, avaliação de conduta no CAPS II, orientação jurídica e outros serviços essenciais.
Outro equipamento importante é o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), que acolhe famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade. Através de escuta qualificada e acompanhamento técnico, o CRAS busca compreender a realidade de cada caso, oferecer acesso a programas sociais e realizar visitas domiciliares, especialmente quando há mobilidade reduzida.
Além desses serviços, a Prefeitura de Taubaté criou um grupo de trabalho específico para atender pessoas em situação de rua. O objetivo é mapear as necessidades individuais — como moradia ou tratamento de saúde — e buscar soluções personalizadas. O grupo realiza diagnóstico da rede de atenção, analisa o fluxo de acesso aos serviços e propõe melhorias no atendimento.
Conheça outras iniciativas
Programa Mesa Taubaté: promove a distribuição de refeições a partir de doações de entidades como o Fundo Social de Solidariedade de Taubaté. O programa também oferece capacitação profissional e oportunidades de geração de renda, com apoio de voluntários.
Restaurante Bom Prato: oferece refeições a preços acessíveis com segurança alimentar. Pessoas em situação de rua podem acessar o serviço gratuitamente após cadastro na Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado ou pela prefeitura, recebendo um cartão de identificação.
Programa Taubaté Sem Fome: realiza a entrega de alimentos gratuitamente a pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Apesar do impacto positivo dessas ações, os desafios enfrentados pelas instituições são significativos. Entre eles, estão a dependência química, a ocupação de espaços públicos de forma improvisada, a escassez de abrigos, a dificuldade de acesso à saúde e ao mercado de trabalho, além da discriminação e da burocracia que impedem o pleno acesso aos serviços.
Mesmo diante desses obstáculos, as iniciativas desenvolvidas pelas instituições em Taubaté representam um importante avanço na tentativa de reintegrar socialmente pessoas em situação de rua. Com acolhimento, cuidado e oportunidade, essas ações podem representar o início de uma nova trajetória para quem vive à margem da sociedade.
(*) Sob supervisão e edição do Prof. Me. Caíque Toledo