Mais de 200 cidades do país terão apenas uma pessoa disputando o cargo de chefe do Executivo municipal
Por Ana Oliveira (*)
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| Foto: Divulgação / TSE |
Um estudo realizado pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios) mostrou que 214 cidades brasileiras têm apenas um candidato a prefeito para as eleições de 2024. O número representa 4% das cidades do país e dobrou desde as eleições de 2020, quando foram registrados 107 municípios com candidaturas únicas – é o maior já registrado desde 2000, quando começaram as pesquisas.
As eleições municipais de 2024 também são marcadas como o segundo menor número de candidatos desde 2000, quando 15.155 pessoas se lançaram na disputa eleitoral: esse ano, temos um total de 15.441. “É uma queda significativa. Quando avaliamos todos esses dados juntos, pensamos na hipótese mais provável de que os desafios crescentes desestimulam as pessoas a entrarem na disputa eleitoral, especialmente para a vaga de prefeito”, afirmou Paulo Ziulkoski, presidente da CNM.
O estado do Rio Grande do Sul foi o que registrou o maior número de candidaturas únicas, totalizando 43 municípios, seguido por Minas Gerais, com 41; e São Paulo, com 26.
Rio Grande do Sul: 43
Minas Gerais: 41
São Paulo: 26
Goiás: 20
Paraná: 18
Piauí: 11
Mato Grosso e Rio Grande do Norte: 9
Tocantins: 7
Paraíba: 6
Santa Catarina: 5
Alagoas: 4
Mato Grosso do Sul e Pará: 3
Ceará, Pernambuco e Maranhão: 2
Rondônia, Sergipe e Rio de Janeiro: 1
A maioria dos municípios com um único candidato à prefeitura em outubro têm uma média de 6,7 mil habitantes. O mais populoso é Batatais, interior de São Paulo, com 58.402 moradores. Já a cidade menos populosa é Borá, também em São Paulo, com somente 907 habitantes.
Em cidades com mais de 200 mil habitantes o candidato precisa de mais de 50% dos votos para ser eleito. Nos municípios com menos de 200 mil habitantes, vence aquele obter a maioria simples dos votos. Ou seja: basta um voto para a vitória, podendo esse voto inclusive ser do próprio candidato.
A cidade de Mato Queimado, no Rio Grande do Sul, detém o recorde de maior frequência de candidaturas únicas, segundo um levantamento do IPRI (Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem) da FSB Holding. Foram cinco eleições com apenas um candidato (2000 a 2020), mas, nesse ano, a cidade terá uma disputa entre 2 candidatos.
Quais são as causas deste fenômeno e quais os impactos na sociedade?
Segundo o professor Dr. Silvio Luiz Da Costa, especialista em globalização e cultura sociológica, existe uma condição principal que favorece esse crescimento. “A candidatura única muitas vezes acontece em razão de um projeto, grupo ou nome consolidado, e pode ser resultante porque é uma reeleição ou até mesmo por já ter sido prefeito e estar retornando e daí nenhum outro grupo quis lançar candidatura”.
Para o especialista, esse fator não é necessariamente um prejuízo para a democracia, e sim algo comum vendo o padrão desses municípios. “O Rio Grande do Sul tem um total de 43 municípios nessa situação, quase 10%. Isso chama a atenção e reforça a minha tese, que municípios pequenos, com projetos bem consolidados e não necessitam de uma disputa política.”, finaliza.
Perfil histórico dos candidatos
Em relação às candidaturas únicas, prevalece o perfil do candidato homem (88%), de cor branca (74%) e de partidos ligados à direita (57%). A maioria dos candidatos únicos está em busca da reeleição em 2024, sendo 7 a cada 10. Ou seja, do universo de 214 candidaturas únicas, são 154 gestores que tentam ser reeleitos e 60 cidades que necessariamente terão novos prefeitos ou prefeitas.
(*) Sob supervisão e edição do prof. es. Caíque Toledo
