Mario Romero lidera uma ONG de ostomizados em diversas cidades do Brasil, informando e
levando esperança.
Com uma infância maravilhosa, sem maldade e com pureza de criança, com brincadeiras de pega-pega, carrinho, bolinha de gude que não se vê mais nos dias de hoje. Mario Romero nasceu em São Paulo, mas com seis meses de vida, os pais resolveram se mudar para uma cidade mais tranquila, mais conhecida como Taubaté, no coração do Vale do Paraíba.
Por Francine Eustachio
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| Mario Romero realizando uma palestra *Acervo Pessoal |
Após um tempo seguiu os caminhos do pai e
entrou na Volkswagen,
a onde teve seu primeiro desafio profissional. “No lançamento do gol bolinha
que hoje é o antigo gol, nos tínhamos um prazo para ser cumprido”, lembra. Mas o que mais o preocupava era o
lançamento da GM, “Trabalhamos praticamente 18 horas, por dia pra poder colocar
Gol no mercado, foi bem difícil”
conclui. Aos 21 anos, Mario se casou e teve seu primeiro filho, que foi a maior
emoção de sua vida, “foi um momento inesquecível” diz. E logo depois vieram mais dois para completar a família, a caçula tem 32 anos e atualmente mora ela e suas duas filhas
gêmeas com Romero.
A doença
Até seus 50 anos, Mario viveu, cresceu, adquiriu
bens, trabalhou muito e acabou se esquecendo de cuidar da saúde e quando foi
ver era tarde demais. Ao descobrir um tumor no CA (Câncer Anal) e outro no CR (Câncer no intestino Reto), seu mundo desmoronou e o de sua família também.
Não teve solução, o jeito era começar o tratamento quimio atrás
de quimio, rádio atrás de rádio. O medo da morte era real, “Tive muito medo, no
auge da minha enfermidade, eu achava que não ia conseguir chegar a onde
cheguei”. Pelos coquetéis serem bem fortes, chegou a ficar com aparência de pele
e osso. Mas a fé foi se reconstruindo, e trazendo força para recomeçar e para
vencer. Mario Romero para sobreviver optou pela vida, e acabou amputando o anus
e reto e a 15 anos convive com a ostomização (bolsa
para necessidades) pro resto da vida e acabou vencendo o câncer.
A ONG
Mesmo com todas as dificuldades que enfrentou e a readaptação que não
foi fácil, surgiram as limitações. “Sou uma pessoa
amputada, socialmente tenho algumas limitações, mais superadas, mas não consigo
praticar esporte e nem caminhadas longas” conta. Após a superação, Romero estudou sobre
a ostomização e se viu na missão de ajudar pessoas que possuem e que passam pelo
mesmo problema que ele passou. “Essa área foi um
acontecimento na minha vida, a enfermidade veio e eu vi toda essa dificuldade que a população tem em conhecer os
caminhos, para poder sobreviver”
relata. Com isso surgiu a ONG AVO (Associação Valeparaibana de Ostomizados), a onde Mario Romero é criador e presidente. A dificuldade foi
grande em manter a Associação,
por depender de ajuda voluntária do Governo. Então o trabalho é grande. “Eu
atuo 24 horas por dia, eu acompanho pessoas, oriento, apoio, ajudo,
informo, defendo, e luto pelos nossos direitos essa é a minha missão”, conta.
Ele não tira férias, por isso vê como uma missão. A bolsa para necessidade, não
existe em farmácias para compra, são somente adquiridas pela ONG totalmente gratuitas.
Muitas pessoas não sabem da existência desse câncer, sendo uns dos mais difíceis de
serem curados, pela precariedade do Estado de São Paulo, em divulgar só os
tumores de Mama e Próstata.
“Trabalho com pessoas, com ser humano, com enfermidade, com angustia, com dor, com incerteza, com tristeza, essa
é a inspiração é aliviar a angustia e as incertezas das pessoas, e dar a ela
uma esperança” conclui.
Vida Pessoal
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| Seu Mario vive a vida ajudando as pessoas *Acervo Pessoal |
A rotina de Mario é corrida, ele não vê TV,
“eu não costumo ver tv, pra ver tragédias prefiro
ler um livro”, diz. Gosta de pescar e de sentir a natureza, quando tem um
tempinho que é raro. Mario é um sobrevivente de um câncer, a cura está muito longe de chegar, mas nunca desistiu de
viver. Hoje ele não se vê fazendo outra coisa, a não ser ajudando pessoas a
acreditarem na cura e ter fé para vencer. “A vida é um presente, antigamente eu
não via assim, eu não tinha tempo de ver a vida, depois que cheguei no extremo,
no limite entre a vida e a morte”, relata. Mais hoje ele vê a vida de outro
jeito. “Vejo a vida como um grande detalhe que trás pra nos uma essência maravilhosa,
a vida é um presente que temos que guardar com carinho”, conclui.
Perceber que existem dois Marios, um que só queria bens materiais e outro hoje
que só quer eliminar todas as enfermidades, pena que isso não passa de um
sonho. A realidade é cruel,
mas a missão dele aqui na terra é linda, porque salvar vidas é amor.


